Quem esquece os atentados de 2006, em plena campanha eleitoral em São Paulo, promovidos pelo PCC? Tudo começa a fazer sentido.
O secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar
Tatto, bancou quase um terço da campanha a deputado estadual de Luiz
Moura (PT)
em 2010. O parlamentar, que explora o serviço de transporte na
capital, foi flagrado pela polícia num encontro com integrantes da
facção
criminosa PCC na sede da cooperativa da qual faz parte, a Transcooper.
Sozinho, o secretário de Fernando Haddad (PT) fez 23 doações
à campanha de Moura, totalizando R$ 201 mil --ou 29% de tudo o que a
candidatura arrecadou. O petista elegeu-se com 104.705 votos.
Procurado ontem, Tatto se limitou a dizer que sua resposta
era a mesma enviada na quinta-feira (22) pela Secretaria de Transportes. "A relação política que o secretário Jilmar Tatto tem
com o deputado Luiz Moura ocorre no âmbito institucional e democrático, da
mesma forma que com os demais parlamentares do PT e de outras legendas",
diz a nota.
O deputado participou de uma reunião, em março, em que
estavam presentes ao menos 13 membros da facção criminosa PCC, segundo
investigações da Polícia Civil. Moura negou à TV Band que soubesse da presença de
criminosos. "Graças a Deus, eu nunca tive ligação com nenhuma facção
criminosa. Isso eu posso falar com a maior tranquilidade do mundo." A polícia investigava a série de atentados a ônibus
ocorridos na cidade. O petista disse que o encontro tinha o objetivo de impedir
uma greve. "Estava prestando um serviço à população [...] O que
estão tentando atribuir à mim é perseguição política."
A operação policial foi revelada pelo subsecretário estadual
de Comunicação, Márcio Aith, durante o programa de José Luiz Datena, na TV
Band, na quarta-feira (21). Entre os suspeitos do PCC no encontro, estava um dos ladrões
do Banco Central no Ceará, em 2005 --solto por ordem da Justiça. Desses 13
integrantes da facção, 11 não tinham ônibus ou ligação formal com a cooperativa
e, assim, para a polícia, não tinham razões para estarem em reunião que, em
tese, discutiria interesses da categoria.
O deputado faz parte do conselho administrativo da
cooperativa, segundo dados da Junta Comercial de São Paulo, embora sua
assessoria diga que ele está afastado. A entidade tem três permissões de
transporte na capital.
PASSADO
Na década de 1990, Moura foi preso por assalto a mão armada
no Paraná. Após um ano e meio, ele escapou da prisão e ficou foragido por cerca
de dez anos. Em 2006, conseguiu na Justiça sua reabilitação (ou seja, teve suas
dívidas com a lei consideradas quitadas), e se filiou ao PT. Na gestão Marta Suplicy (2001-2004), atuou na organização do
transporte coletivo, quando havia uma série de conflitos da prefeitura com
perueiros clandestinos. Em 2012, Marta, então candidata ao Senado, fez uma doação de
R$ 35 mil a Moura. (Folha de São Paulo)
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