Artigo no Alerta
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Por João Vinhosa
Em uma época remota, anterior ao nascimento
de Cristo, o poderoso império romano vivia em contínua guerra com uma pequena
cidade chamada Cartago. Situada no norte da África, onde hoje se localiza
Túnis, a capital da Tunísia, Cartago tinha uma posição geográfica privilegiada,
e dominava a mais avançada tecnologia de construção de navios existente
naqueles tempos. Contando com essas vantagens e um comércio muito desenvolvido,
Cartago chegou a impor grandes derrotas militares à potência que então dominava
o mundo.
A necessidade de Roma destruir Cartago era
tida como prioritária pelo império. No final de todos os seus discursos no
senado romano, Catão batia sempre na mesma tecla, ao salientar esse objetivo.
Para tanto, em todas as oportunidades, usava a mesma frase, que se transformou
em um instigante bordão. Resumida, tal frase entrou para a história como
“Deletem Cartago!”.
Insuflada pelo bordão de Catão, Roma
invadiu Cartago, degolou seus habitantes, arrasou a cidade, incendiou-a e, para
que nada mais pudesse ser nela cultivado, espalhou sal em sua terra.
É certo que os adversários de Dilma não
pretendem que ela tenha um destino tão trágico como o de Cartago.
Contudo, é certo também que não existe
alternativa para aqueles que preferem o Brasil livre de Dilma: eles terão que
ser tão implacáveis para derrotá-la como Roma foi com Cartago. Afinal, o fato
de Dilma estar no comando de um Estado aparelhado, por si só, a torna uma
adversária dificílima de ser batida.
Em outras palavras, para aspirar a vitória, a oposição terá que fazer uma campanha implacável, nos moldes de “Deletem Dilma!”.
E, incontestavelmente, a mais perfeita
maneira de abalar a candidatura de Dilma é obrigá-la a se manifestar
publicamente sobre graves acusações contra as quais ela já deixou claro que não
tem a menor chance de defesa.
Essa situação nos remete a duas óbvias questões. A primeira delas é: como obrigá-la a se manifestar? A segunda questão é: quais são as graves acusações contra as quais a atual presidente da República não tem chance de defesa?
Como obrigar Dilma a falar
Sem a menor dúvida, as melhores
oportunidades para obrigar Dilma a falar ocorrerão nos debates a serem
transmitidos pela televisão. Nessa ocasião, ela terá que responder a perguntas
feitas por outros candidatos. E, o que é melhor, o candidato que lhe dirigir a
pergunta terá direito a treplicar.
Um aspecto não deve ser desprezado: a
conveniência de alertar Dilma sobre quais delicados assuntos ela será
questionada. Considerando que Dilma não tenha explicação para determinada
acusação, informar-lhe que deverá ser questionada sobre tal assunto a colocará
em uma incômoda expectativa, o que prejudicará seu desempenho no debate de um
modo geral.
Para que se avalie o efeito provocado no
desempenho de um debatedor por essas circunstâncias, basta que seja lembrado o
ocorrido no debate Collor-Lula na campanha presidencial por eles disputada.
Naquela ocasião, deixaram vazar para a
assessoria de Lula que Collor compareceria ao debate com uma pasta de
documentos que aniquilariam a figura de Lula. O experiente sindicalista ficou
completamente desarticulado, e foi arrasado por Collor. Lula mostrou-se
apavorado durante todo o debate; principalmente, quando Collor fingia que ia
abrir a pasta que, supostamente, continha os comprometedores documentos. Se
existiam de fato tais documentos, ninguém pode até hoje afirmar.
Perguntas fatais para Dilma
Uma gravíssima acusação contra a qual já
está provado que Dilma não tem a mínima chance de defesa diz respeito à Gemini
– espúria sociedade da Petrobras com uma transnacional para produzir e
comercializar Gás Natural Liquefeito.
Tal sociedade foi arquitetada em 2003, época
em que Dilma acumulava os cargos de Ministra de Minas e Energia e presidente do
Conselho de Administração da Petrobras. Pior: com Dilma ainda acumulando tais
cargos, foi firmado, em 29 de janeiro de 2004, um fraudulento Acordo de
Quotistas que possibilita incomensuráveis superfaturamentos em detrimento da
Petrobras. Pior ainda: durante anos, diversas denúncias sobre o assunto foram
protocoladas para Dilma, que nunca se dignou a respondê-las.
Não se alegue que os prejuízos causados à
Petrobras pela Gemini são insignificantes comparados com os causados pela
refinaria de Pasadena e pela refinaria de Abreu e Lima. Em outras palavras, não
se alegue que o caso Gemini é um crime menor. O exemplo de Al Capone – o
lendário gangster norte-americano cuja prisão só foi possível pelo fato de ter
sido provado que o mesmo havia lesado o imposto de renda – demonstra que, às
vezes, é mais fácil pegar um transgressor da lei em crimes menores que em
maiores.
Para que sejam preparadas perguntas para
Dilma sobre a Gemini, recomenda-se serem usadas as cartas para ela
protocoladas, a denúncia feita à Procuradoria Geral da República e o depoimento
dado à Polícia Federal, disponíveis no site “Maracutaias na Petrobras”. Outras
fontes de consulta encontram-se na série de vídeos “Saia do Armário, Dilma!” e
nos arquivos do blog Alerta Total. Os links para tais fontes encontram-se ao
final.
Dilma e a propaganda enganosa
Ao questionar Dilma sobre os comprovados
atos lesivos ao interesse nacional envolvendo a Gemini, a oposição não deverá
ignorar a propaganda enganosa que ela faz sobre temas como “gerente eficiente”,
“administradora transparente” e “combate à corrupção”.
A propósito, em entrevista concedida à rede
americana CNN em 10 de julho de 2014, Dilma afirmou que seu governo fortaleceu
as instituições de combate à corrupção e ampliou a transparência. Foram as
seguintes as suas palavras: “Eu defendo, e a minha vida toda demonstra isso, eu
defendo tolerância zero com a corrupção (...) nós criamos um Portal da
Transparência (...) demos à Controladoria-Geral da União poder de investigar e
de criar todos os mecanismos de imposição de melhores práticas dentro da
Administração.”
Para ser coerente, a mesma Dilma, que diz
defender tolerância zero com a corrupção, e que ampliou a transparência em seu
governo, poderia se dignar a falar pelo menos sobre as providências que foram
tomadas diante dos dois seguintes casos:
1 – As sugestivas charges publicadas no
jornal do Sindipetro que denunciou o caso Gemini. (uma das charges, publicada
em matéria datada de 23/03/06, mostra um corruptor carregando uma mala recheada
de dinheiro contendo o nome da sócia da Petrobras; outra charge, que emoldura a
matéria “Petrobrás entrega mercado de GNL aos EUA”, publicada em 03/08/07,
mostra a mão do Tio Sam acionando um cilindro de gás de onde jorra dinheiro.)
2 – As acusações por mim feitas segundo as
quais o fraudulento Acordo de Quotistas da Gemini deixou, para sempre, a
Petrobras refém da sócia majoritária da Gemini, que poderá, inclusive,
superfaturar contra a empresa a seu bel-prazer, amparada pelas cláusulas 3.2 e
3.3 do Acordo. É de se destacar que referido Acordo foi firmado em janeiro de 2004,
apenas um ano após o início do primeiro governo Lula, e mais de nove meses
antes da aprovação da participação da Petrobras na sociedade.
Conclusão
Diante de tudo que foi apresentado, Dilma
fica eticamente proibida de se apresentar como uma gerente eficiente, uma
administradora transparente e, principalmente, afirmar que “defendo tolerância
zero com a corrupção”.
A seguir, a relação de links:
https://www.youtube.com/watch?v=Mch9yUu6aGs (“SAIA
DO ARMÁRIO, DILMA!” – PARTE 1)
https://www.youtube.com/watch?v=5H6MIj-ytAg (“SAIA
DO ARMÁRIO, DILMA!” – PARTE 2)
https://www.youtube.com/watch?v=302F6USwq7s (“SAIA
DO ARMÁRIO, DILMA!” – PARTE 3)
João Vinhosa é Engenheiro.
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