sexta-feira, 18 de julho de 2014

Grilagem. Empresa de ônibus invade área pública que equivale a seis campos de futebol


Dono de companhia especializada em transporte escolar no DF paga R$ 400 mil a agricultor e ergue um muro em área pública no Riacho Fundo 2. Agefis demolirá a construção nos próximos dias

Publicação: 18/07/2014 06:01 Correio Braziliense


Além de muros altos de concreto, a garagem da Expresso Vila Rica conta com cobertura: área destinada à agricultura familiar (Carlos Moura/CB/D.A Press)
Além de muros altos de concreto, a garagem da Expresso Vila Rica conta com cobertura: área destinada à agricultura familiar


Um extenso e alto muro erguido na área rural do Riacho Fundo 2 é a confirmação de que a grilagem de terra no Distrito Federal continua a desafiar o poder público. Por trás da estrutura, homens trabalham na construção de uma garagem para abrigar ônibus de transporte escolar. Mas o terreno localizado no Caub 2, equivalente a seis campos de futebol e avaliado em cerca de R$ 3 milhões, pertence ao governo, fica numa área destinada a agricultura familiar e não é passível de receber obras dessa natureza.

Há cerca de seis meses, o espaço cercado pelo dono da Expresso Vila Rica — uma empresa de transporte de estudantes — era uma ampla área de cerrado. Situada a poucos quilômetros do centro da cidade, passou a ser cobiçada por grileiros. O primeiro a invadir as chácaras 98 e 115 pertencentes à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) foi um agricultor identificado como João Pereira. Morador de uma chácara nas proximidades, decidiu cercar parte do terreno. Mesmo sem autorização, ele se apresentava como dono das glebas e começou, discretamente, a anunciar a área pública.

No início de 2014, em um acordo informal, João Pereira vendeu as chácaras por R$ 400 mil ao dono da Vila Rica, Adelmar dos Santos Cordeiro. O empresário presta serviços ao Governo do Distrito Federal (GDF) e, nos últimos quatro anos, recebeu R$ 12 milhões da Secretaria de Educação para fazer o transporte de estudantes da rede pública, como consta no Sistema Integrado de Gestão Governamental (SIGGO) do DF. A primeira medida adotada por Adelmar foi levantar o muro. Dessa forma, as terras onde deveriam ser cultivadas plantações de verduras, frutas e hortaliças ganharam uma imponente cobertura para proteger os veículos do sol e da chuva.

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