A campanha de Dilma Rousseff à
reeleição vive uma disputa interna entre dois grupos. Um ligado à presidente e
outro mais próximo de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.Embora o coro
de "volta, Lula" tenha sido abafado na convenção que oficializou a
candidatura de Dilma, em 21 de junho, a queda de braço entre as duas alas
continua nos bastidores.
Em conversas reservadas,
dirigentes do PT dizem que amigos de Lula são alvo de "armação" dos
"dilmistas". A rede de intrigas aborrece Lula, que tem uma sala
montada para ele no comitê da reeleição, em Brasília, mas nenhum compromisso
previsto para ocupá-la.
O ministro-chefe da Secretaria Geral
da Presidência, Gilberto Carvalho, esteve na quarta-feira no comitê. Conversou
com o presidente do PT, Rui Falcão, e apresentou a ele um plano de trabalho
para a corrida presidencial, na tentativa de aproximar Dilma da Igreja e dos
movimentos sociais.
Isolamento. Ex-chefe de gabinete
de Lula, de 2003 a 2010, Carvalho está isolado no governo Dilma. No comitê,
petistas dizem que ele recusou convite para integrar a coordenação da campanha.
O ministro, porém, jura que nunca foi convidado, embora prefira continuar suas
funções no Palácio do Planalto até dezembro.
Três funcionários da
Secretaria-Geral da Presidência foram indicados por Carvalho para a campanha de
Dilma, mas ele próprio não tem intenção de entrar nesse núcleo. Cândido Hilário
Garcia de Araújo, Geraldo Magela e José Claudenor Vermohlen despacham na
Secretaria Nacional de Relações Político-Sociais, subordinada ao ministério
comandado por Carvalho, e deixarão o governo na segunda-feira para trabalhar no
comitê.
Mata-mata. No Instituto Lula,
sede da organização não governamental dirigida pelo ex-presidente, a avaliação
é que a campanha do PT está em ponto morto, o que atiça o jogo de
"mata-mata" entre o grupo mais próximo de Dilma e seguidores fiéis ao
ex-presidente. No Planalto, o Instituto Lula foi batizado de "Serpentário
do Ipiranga", numa referência ao bairro que abriga a sede da ONG, em São
Paulo.
A briga por mais poder e
influência na campanha de Dilma começou no quartel general da comunicação,
atingindo justamente Franklin Martins - homem de Lula no comitê. Ex-ministro do
governo Lula, Martins está sendo acusado pelos dilmistas de querer "mandar
demais", provocando tensão desnecessária ao publicar posts agressivos,
como o que alvejou o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF),
José Maria Marin, no site "Muda Mais". Criado há cerca de três meses
na conta do PT, o site dá suporte à campanha de Dilma.
Lulistas afirmam que um dos focos
da "queimação" é o quarto andar do Planalto, onde fica a Casa Civil
da Presidência, ocupada por Aloizio Mercadante. (Estadão)
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