Atualizado às 17h15
Na mesma semana do naufrágio na Copa do Mundo, a política econômica amargou uma goleada tão vergonhosa quanto à imposta pela Alemanha ao futebol brasileiro: a inflação anual vai chegando a 7% e o crescimento do PIB previsto para 2014 caiu para 1%.
Outro desmoralizante sete a um. A reprise do placar do Mineirão — apesar da maquiagem da contabilidade oficial e do congelamento eleitoreiro de tarifas — chancelou a comparação recitada por Dilma Rousseff em 1° de julho de 2013: “Meu governo é padrão Felipão”.
Tal padrão também orientou a forma e o conteúdo das entrevistas em que a presidente da República e o ainda treinador da Seleção tentaram provar que o desastre foi menos feio do que parece. Empenhados em manter o emprego, incapazes de montar um esquema tático eficaz, ambos recorreram a vigorosos pontapés na verdade . “O trabalho não foi de todo ruim, foi só uma derrota ruim”, delirou Felipão na entrevista coletiva em que o vexame inesquecível foi um mero acidente de percurso.
Em vez de pedir desculpas pelo fiasco, o chefe da família Scolari ironizou potências futebolísticas eliminadas antes do Brasil, esgotou o estoque de grosserias e louvou -se por ter ido tão longe na Copa. “Conseguimos chegar à semifinal com toda essa incapacidade, os capazes foram embora”, disse mais de uma vez. No sábado, depois de perder o terceiro lugar para a Holanda, tornou a cumprimentar-se pelo malogro derradeiro: “Nós, no final da competição, não fomos bem, mas conseguimos uma classificação entre os quatro melhores”.
Dilma obedeceu ao padrão Felipão na entrevista a Renata Lo Prete, exibida na sexta-feira pela Globonews. A jornalista perguntou-lhe, por exemplo, se não considera preocupantes a inflação em alta e o PIB em baixa. A presidente driblou o tema com um palavrório tão surreal quanto o do professor de futebol. Começou por garantir que “a taxa de juros nunca esteve tão baixa”. Em seguida, jurou que “em torno de 75% da nossa população está entre as classes C, B e A”.
Como Felipão, repetiu que o que não falta é gringo com inveja do colosso tropical. Nos Estados Unidos, descobriu, o crescimento é menor do que no Brasil. “Não precisamos demitir milhões e milhões de pessoas, como ocorreu em outros países”, foi em frente. Como Felipão, ensinou que o importante é manter o otimismo: “O que eu acho mais grave no pessimismo é ele diminuir a capacidade das pessoas de entender a realidade, e superar os desafios, resolver os problemas encaminhando soluções”.
O que parece conversa de quem vive no mundo da Lua é vigarice de quem vive no mundo de Lula. Sempre que se mete em enrascadas de bom tamanho, o chefe-supremo persegue a sobrevivência política percorrendo o caminho da mentira. Acuados por vaias, desprovidos de álibis convincentes, sitiados por fatos, Felipão e Dilma se homiziaram em universos paralelos para livrar-se do merecidíssimo despejo.O professor de futebol não escapou da demissão. A supergerente de araque ainda sonha com um segundo mandato.
Os brasileiros mostraram durante a Copa que sabem receber forasteiros. Precisam agora mostrar que aprenderam a livrar-se de embusteiros. É hora de transformar vaia em voto.
Na mesma semana do naufrágio na Copa do Mundo, a política econômica amargou uma goleada tão vergonhosa quanto à imposta pela Alemanha ao futebol brasileiro: a inflação anual vai chegando a 7% e o crescimento do PIB previsto para 2014 caiu para 1%.
Outro desmoralizante sete a um. A reprise do placar do Mineirão — apesar da maquiagem da contabilidade oficial e do congelamento eleitoreiro de tarifas — chancelou a comparação recitada por Dilma Rousseff em 1° de julho de 2013: “Meu governo é padrão Felipão”.
Tal padrão também orientou a forma e o conteúdo das entrevistas em que a presidente da República e o ainda treinador da Seleção tentaram provar que o desastre foi menos feio do que parece. Empenhados em manter o emprego, incapazes de montar um esquema tático eficaz, ambos recorreram a vigorosos pontapés na verdade . “O trabalho não foi de todo ruim, foi só uma derrota ruim”, delirou Felipão na entrevista coletiva em que o vexame inesquecível foi um mero acidente de percurso.
Em vez de pedir desculpas pelo fiasco, o chefe da família Scolari ironizou potências futebolísticas eliminadas antes do Brasil, esgotou o estoque de grosserias e louvou -se por ter ido tão longe na Copa. “Conseguimos chegar à semifinal com toda essa incapacidade, os capazes foram embora”, disse mais de uma vez. No sábado, depois de perder o terceiro lugar para a Holanda, tornou a cumprimentar-se pelo malogro derradeiro: “Nós, no final da competição, não fomos bem, mas conseguimos uma classificação entre os quatro melhores”.
Dilma obedeceu ao padrão Felipão na entrevista a Renata Lo Prete, exibida na sexta-feira pela Globonews. A jornalista perguntou-lhe, por exemplo, se não considera preocupantes a inflação em alta e o PIB em baixa. A presidente driblou o tema com um palavrório tão surreal quanto o do professor de futebol. Começou por garantir que “a taxa de juros nunca esteve tão baixa”. Em seguida, jurou que “em torno de 75% da nossa população está entre as classes C, B e A”.
Como Felipão, repetiu que o que não falta é gringo com inveja do colosso tropical. Nos Estados Unidos, descobriu, o crescimento é menor do que no Brasil. “Não precisamos demitir milhões e milhões de pessoas, como ocorreu em outros países”, foi em frente. Como Felipão, ensinou que o importante é manter o otimismo: “O que eu acho mais grave no pessimismo é ele diminuir a capacidade das pessoas de entender a realidade, e superar os desafios, resolver os problemas encaminhando soluções”.
O que parece conversa de quem vive no mundo da Lua é vigarice de quem vive no mundo de Lula. Sempre que se mete em enrascadas de bom tamanho, o chefe-supremo persegue a sobrevivência política percorrendo o caminho da mentira. Acuados por vaias, desprovidos de álibis convincentes, sitiados por fatos, Felipão e Dilma se homiziaram em universos paralelos para livrar-se do merecidíssimo despejo.O professor de futebol não escapou da demissão. A supergerente de araque ainda sonha com um segundo mandato.
Os brasileiros mostraram durante a Copa que sabem receber forasteiros. Precisam agora mostrar que aprenderam a livrar-se de embusteiros. É hora de transformar vaia em voto.
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