sexta-feira, 18 de julho de 2014

Economia não aceita photoshop, Dilma.


A única esperança do PT é que o ministro da Marquetagem Eleitoral, João Santana (ao fundo) consiga pintar um quadro de fantasia e ilusão no horário eleitoral, recuperando a imagem da Presidente da Maquiagem.

A safra de dados econômicos negativos divulgados no dia de ontem, unida com os números da pesquisa Datafolha, mostra que a até então inesgotável capacidade de tentar resolver a crise com factóides, demonstrada por Dilma Rousseff nos últimos três anos, acabou.  O governo esperava rolar a crise econômica com a barriga até setembro, quando a reeleição, teoricamente, estaria encaminhada.

Ontem foram divulgados três indicadores preocupantes, reforçando previsões de que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2014 crescerá apenas um pouco acima de 1%, ante os 2,5% do ano passado. A renomada consultoria Tendências já prevê um pibinho de 0,6%!

Primeiro, o indicador de atividade econômica calculado pelo Banco Central (IBC-Br) registrou em maio o pior desempenho dos cinco primeiros meses do ano, uma retração de 0,18% na comparação com abril. A queda foi puxada pelo fraco desempenho da indústria e do comércio.

Em segundo, o Ministério do Trabalho informou que a criação de empregos formais foi a menor para um mês de junho desde 1998 --foram geradas 25.363 vagas. No primeiro semestre, foram 588.671 novos postos com carteira assinada, menor saldo para esse período do ano desde 2008 (397.936 vagas). Em relação a junho do ano passado, a queda passa de 100.000 empregos.

Por fim, o setor de serviços, segundo dados do IBGE, registrou em maio a segunda menor taxa de crescimento na série do instituto. Sem descontar a inflação, o faturamento cresceu 6,6% na comparação com maio de 2013, maior apenas do que os 6,2% de abril. Considerando a inflação em 12 meses, o avanço foi quase nulo. A expectativa é que a Copa tenha impulsionado o setor em junho e julho. O problema é que a indústria tende a piorar no período exatamente por causa do torneio.

Analistas avaliam que a economia possa esfriar ainda mais em junho. Então ainda não chegamos ao fundo do poço? A consultoria LCA espera queda de 1,5% em relação a maio no indicador do BC. A consultoria Rosenberg também afirma ser provável recuo próximo de 1%.

O pânico toma conta da campanha de Dilma Rousseff, porque não há mais mágica a fazer na economia. O estrago foi produzido durante um governo inteiro que preferiu maquiar, manipular e usar a contabilidade criativa para enganar o eleitor, esquecendo que a vida no supermercado é real. Não tem photoshop que resolva.

Os dados da inflação oficial ainda tentam mascarar o aumento do preço dos alimentos para além de dois dígitos, tentando convencer a dona de casa que houve um recuo dos preços de alimentos. Não há mais confiança em recuperação econômica e as expectativas da população quanto ao futuro caem a cada dia. 

Ao  governo resta torcer que a piora no mercado de trabalho não seja tão forte antes de setembro, reduzindo impactos negativos para a reeleição da atual presidente. Mas uma outra grande dúvida é sobre a extensão da conta negativa do pós-Copa. A indústria seguirá demitindo, ainda não sendo possível avaliar como serão as demissões de trabalhadores temporários contratados para o torneio.

O ritmo fraco da economia foi determinante para que  o BC mantivesse inalterada a taxa de juros, em 11% ao ano. No mercado, já há especulações de que o BC poderia reduzir os juros nas próximos reuniões. Corremos o risco de ainda ver um governo agindo no limite da responsabilidade para tentar reeleger Dilma. Se eles já fazem o diabo na internet, também podem querer fazer o diabo na economia. 
 

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