quinta-feira, 9 de outubro de 2014
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa,
afirmou à Justiça Federal que o PT ficava com 3% sobre o valor dos
contratos da estatal. “Todos sabiam que tinha um porcentual dos
contratos da área de abastecimento. Dos 3%, 2% eram para atender ao PT
através da diretoria de Serviços.”
“Outras diretorias como gás e energia e produção também eram PT”,
declarou o ex-diretor da Petrobrás. “Então, tinha PT na diretoria de
produção, gás e energia e na área de serviços. O comentário que pautava a
companhia nesses casos era que 3% iam diretamente para o PT.”
“O que rezava dentro da companhia era que esse valor integral (3%) ia
para o PT”, afirmou Costa. Ele acusou diretamente o tesoureiro do PT,
João Vaccari, ao ser questionado sobre quem fazia a entrega ou a
distribuição da propina ao partido do governo. “Dentro do PT (o contato)
do diretor de serviços era com o tesoureiro do PT, sr. João Vaccari, a
ligação era diretamente com ele.”
Ele disse que a diretoria Internacional tinha indicação do PMDB.
“Então, tinha indicação do PMDB, então tinha também recursos que eram
repassados para o PMDB na diretoria Internacional.” Questionado se recebia parte desses valores da corrupção, Costa
confessou. “Sim, em valores médios o que acontecia. Do 1% para o PP, em
média 60% ia para o partido, 20% para despesas às vezes de emissão de
nota fiscal e para envio e 20% restantes eram repassados assim, 70% para
mim e 30% para o Janene ou Alberto Youssef.”
“Eu recebia em espécie normalmente na minha casa, ou no shopping ou
no escritório, depois que abri a minha companhia de consultoria”,
declarou. Segundo ele, quem fazia a entrega do dinheiro era Janene ou
Youssef.
Sobre a propina para o PMDB. “O PMDB era da diretoria Internacional, o
nome é Fernando Soares, o Fernando Baiano, ele fazia a articulação.”
Costa afirmou ainda que recebeu R$ 500 mil em dinheiro vivo das mãos
do presidente da Transpetro, Sergio Machado. ”Na Transpetro houve alguns
casos de repasses para políticos, sim. Eu recebi uma parcela da
Transpetro, se não me engano R$ 500 mil.”
“Quem pagou?”, perguntou o juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Lava Jato.
“O presidente Sergio Machado.”
“Quando?”
“Datas talvez eu tenha dificuldade de lembrar. São muitas, 2009 ou 2010, acho eu por aí. Recebi em uma única oportunidade.”
“Qual o motivo?”
“Foi devido à contratação de alguns navios. Essa contratação tinha
que passar pela diretoria de Abastecimento, contratação de navios pela
Transpetro. Esse valor foi entregue diretamente por ele no apartamento
dele (Machado) no Rio.” (Estadão)
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