Em carta endereçada aos partidos que compuseram sua coligação, a ex-candidata à Presidência Marina Silva (PSB) afirma que o apoio ao tucano Aécio Neves (PSDB) no segundo turno dependerá da resposta que ele der às sugestões apresentadas por seu grupo político.
Em suma, Marina e seus aliados exigem do tucano uma sinalização clara à esquerda, o que inclui o abandono de uma de suas principais bandeiras de campanha, a redução da maioridade penal, hoje de 18 anos.
"Essa manifestação [a lista de propostas a serem incorporadas por Aécio] e a resposta que ela obtiver serão fundamentais para minha manifestação individual, que será feita oportunamente neste segundo turno", escreveu Marina na carta, lida na manhã desta quinta-feira (9) na reunião de seus partidos aliados, em Brasília.
"A Marina que ter um papel de protagonismo neste segundo turno, mas espera que o Aécio avance na direção de uma postura de nova política", disse Walter Feldman, coordenador da campanha da candidata derrotada.
A lista de propostas de Marina e seu grupo político será entregue a Aécio em um ato nesta sexta-feira (10), provavelmente no Rio de Janeiro. Marina não participará e, após a resposta pública de Aécio, anunciará sua posição. A previsão inicial é que ela se manifestasse hoje, mas decidiu esperar a reação do senador mineiro.
Após o resultado que a deixou em terceiro na disputa à Presidência, Marina indicou no domingo que apoiaria Aécio, mas exige do tucano que assuma bandeiras defendidas por ela durante a campanha. E, com o objetivo de evitar que as promessas sejam abandonadas posteriormente, quer que o tucano se comprometa publicamente com elas.
Coube a Pedro Ivo, um dos principais aliados de Marina, listar na reunião de Brasília as exigências que serão levadas a Aécio.
"Há uma ausência de políticas sociais claras no programa do candidato. É fundamental a revisão da proposta de maioridade penal, é fundamental o compromisso com a reforma agrária, em não haver retrocesso nos direitos trabalhistas, é fundamental que sejam desengavetadas as demarcações de terras indígenas, é fundamental uma política progressista em relação ao clima", afirmou Ivo.
Segundo ele, também é importante o tucano avançar na sua proposta de fim de reeleição e se comprometer a, caso eleito, não se candidatar em 2018 mesmo que a regra ainda não tenha sido alterada pelo Congresso.
Dos pontos apresentados por Pedro Ivo e também defendidos pela Rede Sustentabilidade, que é o grupo político de Marina, as maiores polêmicas devem ser em torno da maioridade penal e do fim da reeleição.
Em relação ao primeiro, Aécio o defendeu em boa parte de sua campanha com o objetivo de atrair o eleitorado que avalia haver impunidade na política que trata de jovens infratores. Seu vice, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), e o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), são grandes defensores da proposta.
Em relação à reeleição, Aécio é favorável ao seu fim, mas não assume compromisso com datas. Ou seja, deixa aberta a possibilidade de se reeleger, diferentemente de Marina, que havia prometido não disputar o cargo novamente caso fosse eleita.
Além desses temas, Feldman também listou como propostas a serem levadas a Aécio a escola em tempo integral, o passe livre para estudantes, o aumento de investimentos na saúde e a revisão do fator previdenciário, que reduz a aposentadoria de quem deixa o trabalho mais cedo.
"Hoje meu voto é nulo, mas se ele melhorar [depois ele retificou o verbo para "me convencer"]..., mas não vai ganhar meu voto fácil não", afirmou Pedro Ivo.
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