quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Desmatamento há 30 anos ainda prejudica sistema Cantareira, diz ONG

Crise da água

Luis Moura/Estadão Conteúdo


O desmatamento na bacia hidrográfica do sistema Cantareira, que passa atualmente por sua maior crise, alcançou 78% de sua cobertura florestal nativa há 30 anos, prejudicando a capacidade de produção de água de seus reservatórios, segundo levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica.

Nas últimas três décadas, diz a ONG, pouco se fez para recuperar as áreas degradadas de mata atlântica dessa região. Hoje restam 48,8 mil hectares, ou 21,5% do que havia em oito municípios paulistas e oito mineiros. 

Essa área original de floresta cobria 64,3% dos municípios de Camanducaia, Extrema, Sapucaí Mirim e Itapeva, em Minas Gerais; e Franco da Rocha, Joanópolis, Mairiporã, Nazaré Paulista, Piracaia, Bragança Paulista, Caieiras, e Vargem, em São Paulo.


PAPEL DE PREVENÇÃO
"A floresta tem papel essencial na prevenção de secas, pois reabastece os lençóis freáticos e impede a erosão do solo e o assoreamento de rios", afirmou Marcia Hirota, diretora-executiva da ONG e responsável pelo mapeamento que a entidade elabora desde 1986 em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Em todo o Brasil, restaram 16,4 mil hectares de mata atlântica, ou seja, 12,5% de todos os 130,9 mil hectares do domínio original, segundo a fundação.

Nas últimas décadas, São Paulo foi um dos Estados que mais preservaram o bioma.

MUNICÍPIOS PAULISTAS
A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo contestou a estimativa da SOS Mata Atlântica, afirmando que a cobertura vegetal nativa aumentou de 41,8 mil hectares para 64,6 mil hectares de 2005 a 2010 nos oito municípios paulistas, segundo o Instituto Florestal.
Desse modo, a área desmatada seria 74,5%.

A ANA (Agência Nacional de Águas) informou que promove em várias regiões, inclusive na do sistema Cantareira, o programa Produtor de Água, que apoia, orienta e certifica iniciativas de recuperação e preservação florestal de produtores rurais, com previsão de remuneração por resultados.

A Sabesp, o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo e a Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais não responderam aos questionamentos da reportagem sobre ações para recuperação ambiental na área do sistema Cantareira.

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