segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Dilma copia Cristina e vice versa.O mesmo discurso aqui e lá.

Do editor ao leitor

Álibis que já não servem para explicar a corrupção



Ricardo Kirschbaum

A trama da corrupção argentina, nos dias de hoje, agora envolve contas no exterior.

Buenos Aires, 28 de outubro de 2014

Quando os episódios de corrupção começavam a aparecer - Skanska, a mala de Antonini, os aviões levando sacolas para o sul da Argentina, Jaime e o assessor espanhol com seus emails explícitos sobre negociados - o kirchnerismo encontrou um álibi confortável.

Eles diziam que a corrupção era um fenômeno estrutural, que atravessava o poder há longo tempo e que havia se incorporado ao sistema naturalmente. Portanto, o problema não era de um funcionário em particular nem de um governo, era uma questão da sociedade toda.


Essa formulação mais elaborada que o brutal "roubam, mas fazem", com a qual os menemistas se defendiam, tentou incorporar a corrupção como uma prática social incômoda, mas natural. Se nos anos 1990 essas práticas foram o lado pelo qual a oposição foi à abordagem, agora essa conduta era explicada como uma "acumulação" obrigada para poder cumprir os objetivos de igualdade social. Uma verdadeira hipocrisia.

As tentativas intelectuais elusivas foram complementadas com decisões mais concretas para bloquear qualquer investigação. Durante um tempo, elas conseguiram que os Kirchner fossem absolvidos em tempo recorde e que o fiscal nem apelasse.

Isso é coisa do passado. Porque as investigações sobre as contas do empresário Lázaro Báez, ligado aos Kirchner, e de outros depósitos que existiriam no exterior colocaram Cristina em uma posição complexa. Todos os dias há mais informação sobre as investigações dos chamados fundos abutres sobre as contas familiares e de outros funcionários.


Cristina


Há quase um mês, o colunista do Clarín Eduardo van der Kooy, em sua coluna de domingo vem dando informação exclusiva sobre essa investigação que deixa a presidente absolutamente tensa.

Ele diz que existem pessoas que acham que puxando o fio de Báez se chegará inexoravelmente aos Kirchner e que, ao mesmo tempo, fuçando nas contas do intercâmbio com a Venezuela, também se chegará ao mesmo ponto, mas passando por outra estação do poder.

Vazou uma polêmica obscena na qual a petrolífera estatal YPF e um ex-ministro que assessorou o ministro do Planejamento Julio De Vido discutiram feio a respeito de comissões sobre importação de gás liquefeito.

O escândalo do vice-presidente Amado Boudou, neste marco, pode ser explicado sem problemas. O vice-presidente aproveitou um negócio iniciado antes da morte de Nestor Kirchner, em 2010.

Nunca como nestes dias o assunto esteve tão presente porque, paradoxalmente, a investigação dos abutres é uma extorsão para receberem o dinheiro deles. Para que uma extorsão possa progredir deve haver um motivo oculto que o extorquido quer manter oculto. Senão, ela seria inócua, não é?

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