segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Era uma vez um partido que disse “prepare-se, por que vou lhe desconstruir”. E todos ajoelharam.

wilker
Um dos melhores personagens do Jose Wilker foi o Coronel Jesuíno, que me lembrou o PT nessas eleições. Ao invés do PT dizer “eu vou lhe usar”, basicamente dizia “eu vou lhe desconstruir”.

Foi assim com Marina, e depois com Aécio. O resultado, como já disse aqui, é que o PT aumentava 4% a rejeição de seu principal oponente a cada semana que passava. E ainda assim Dilma ganhava pontinhos, mesmo depois da delação premiada de Paulo Costa (a primeira bomba) e das delações ainda mais devastadoras de Costa e Youssef, com gravações (já no segundo turno).

Enquanto o PT dizia “vou lhe desconstruir, aceite”, os oponentes aceitavam e não entendiam o que acontecia.

O que deveria ter sido feito, especialmente pelo PSDB (que tinha mais munição), é :”Vai desconstruir, é? Então veja meu arsenal”. Em seguida, era só usar a munição, levando a expressão desconstrução a novos patamares.

A sub-comunicação contida nas mensagens petistas era: “A desconstrução é minha decisão. Também é meu interesse que você trave, psicologicamente. Sua submissão é necessária, assim como a sua completa desorientação. Eu vou, inclusive, dizer as reações que você deve ter, que serão mais interessantes ao meu processo de desconstrução contra você. Conforme-se, é assim que será. Assim, vamos começar o jogo”.

A passividade misturada com ingenuidade teve um preço: a perda das eleições mais fáceis da história recente.

É por isso que este blogueiro aqui foca naquilo que podemos aprender com essas eleições, ao invés de arroubos de fúria desordenados, além da imputação ao PT de um poder que eles não tem.
Bastaria o menor traço de competência em guerra política que essas eleições estariam no papo. E eles ainda estão vulneráveis.

Mas se nos recusarmos a aprender essas lições, vai ser preciso, de novo,  criar novas racionalizações para dar ao PT um poder que eles não tem, para, assim, acomodar a nossa mente à ideia de que a oposição foi competente nessas eleições. Nada pode estar mais longe da verdade do que isso.

Quem se comporta de maneira passiva por muito tempo tende a se enfurecer quando as consequências surgem. Mas é preciso de mais serenidade, ainda que dentro da necessidade de dar energia às manifestações atuais contra o governo petista.

Quando eu disse que essas eleições eram as mais fascinantes da história recente do Brasil, queria dizer que este é o momento onde finalmente adquirimos consciência política.

Não é justo que o PT consiga capitalizar tão fácil enquanto está desconstruindo seus oponentes, que nem reagem com desconstruções, seja para defesa, seja para ataques preventivos.

E depois das eleições, eles já saíram na frente em duas questões: o pedido de auditoria de votos pelo PSDB e as manifestações de sábado. Rotularam e desconstruíram de forma antecipada. Como sempre, a antecipação na guerra de posição dá o tom dos petistas.

Teremos novas manifestações no dia 15 de novembro, ao que parece. Também teremos a discussão sobre o Plebiscito Constituinte? E ainda a discussão sobre mudanças nas regras do STF para permitir que os juízes se aposentem com 75 anos, ao invés dos atuais 70 anos. Várias e várias questões.

Que tal pensarem em desconstruir o PT de forma preventiva, até mesmo nas reações que eles possam vir a ter em cada um desses momentos?

Está na hora de parar de ajoelhar para o PT na guerra política.


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