sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Por que o PT despreza o nordeste e ignora as necessidades dos nordestinos?



Vitrines de Dilma, obras do NE atrasam e acumulam aumentos de R$ 47 bilhões

Do UOL, em Maceió (AL)




Obras de transposição do rio São Francisco



Uma vaca magra caminha ao lado de um dos canais que está sendo construído para a transposição do rio São Francisco, no município de Cabrobó, no interior de Pernambuco. A transposição desviará água do rio para atender a quatro Estados do Nordeste brasileiro, notadamente marcados pelas secas. As obras foram iniciadas em 2007, com o orçamento inicial de quase R$ 4 bilhões.

Os trabalhos diminuíram em 2010, por problemas de adequação do projeto-base à realidade da execução. Hoje, o orçamento da transposição está em R$ 8,2 bilhões, o dobro do previsto inicialmente, financiados pelo PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento) 1 e 2. Esse é o maior empreendimento de infraestrutura hídrica já construído no Brasil. Atualmente, a transposição está com 51% de suas obras concluídas, com previsão de conclusão para dezembro de 2015 Leia mais Ueslei Marcelino/Reuters

A região Nordeste, que deu mais de 70% dos votos válidos para a releição presidente Dilma Rousseff (PT), espera há anos a conclusão das principais obras prometidas à região. A transposição do rio São Francisco, a refinaria Abreu e Lima e a ferrovia Transnordestina estão em andamento, mas têm cronograma atrasado e o preço inicial já foi aumentado R$ 47 bilhões.


Durante a campanha pela reeleição, Dilma intensificou suas viagens ao Nordeste. Uma visita de Dilma ao São Francisco inclusive foi gravada e usada na propaganda eleitoral. As imagens da obra da transposição apareceram no primeiro dia do horário eleitoral gratuito.


A obra-símbolo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na região é a transposição do rio São Francisco, que já contabiliza mais de dois anos de atraso.


O projeto de "Integração do Rio São Francisco", como é chamada oficialmente a transposição, é a maior obra de infraestrutura hídrica do país, com 477 km de canais que devem abastecer 12 milhões de pessoas em 390 municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.


A previsão inicial de entrega era 2012, mas agora a inauguração só deve ocorrer no próximo ano, com elevação de 80% no valor inicial: de R$ 4,8 bilhões para R$ 8,2 bilhões. Para acelerar a obra, há canteiros com turnos de trabalho nas 24 horas do dia.

Arte/UOL
Dilma (PT) venceu o segundo das eleições em todos os Estados do Nordeste
 
Outro caso emblemático de atraso é a ferrovia Transnordestina, que, na verdade, é uma concessão a um empreendimento privado, mas que está incluso no PAC. A ferrovia era para ter sido entregue pronta há quatro anos, interligando os portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco --cortando, assim, o sertão nordestino.

Entre todas elevações de custo, nenhuma é maior que a refinaria Abreu e Lima. Com custo inicial previsto de US$ 2,5 bilhões, a obra só deve ser concluída em maio 2015, com um custo estimado de US$ 18,5 bilhões. Com denúncias de corrupção que envolveram a Petrobras, a obra se transformou numa das maiores dores de cabeça do governo.


A refinaria entrou no plano de negócios da Petrobras em 2007, com o início das obras apenas dois anos depois. Durante quatro anos, a Petrobras negociou uma participação de 40% na refinaria com a estatal venezuelana PDVSA (por isso os valores estimados em dólares), mas o acordo foi descartado em 2013 --quando a estatal percebeu que jamais seria cumprida a promessa de investimentos feitos pelo então presidente Hugo Chávez, morto em março do ano passado.





Obras no Nordeste acumulam atrasos
  • Folhapress
    Refinaria Abreu e Lima
    Prazo inicial previsto: 2012 / Custo inicial*: US$ 2,5 bi (R$ 6,3 bilhões)
  • Folhapress
    Refinaria Abreu e Lima
    Novo prazo para entrega: 2015 / Custo atual*: US$ 18,5 bi (R$ 46,9 bilhões)
  • Daniel Carvalho/Folhapress
    Transposição do rio São Francisco
    Prazo previsto: 2012 / Custo inicial: R$ 4,8 bilhões
  • Daniel Carvalho/Folhapress
    Transposição do rio São Francisco
    Novo prazo previsto para entrega: 2015 / Custo atual: R$ 8,2 bilhões
  • Alan Marques/Folhapress
    Ferrovia Transnordestina 
    Prazo inicial previsto: 2010 / Custo inicial: R$ 4,5 bilhões  
    Novo prazo previsto para entrega: 2016 / Custo atual: R$ 7,5 bilhões

     





Fonte: Ministério da Integração Nacional, Min. dos Transportes e Petrobras. *Cálculo feito com dólar a R$ 2,53

Respostas

Segundo o Ministério da Integração Nacional, que toca a transposição, é "natural" que a implantação de uma grande obra encontre "obstáculos diversos".

A pasta informou que o prazo de conclusão da obra é "compatível com a dimensão e complexidade do empreendimento" e citou que novos serviços surgiram a partir das "diferenças entre o Projeto Executivo e o Projeto Básico."

Já a diferença entre os valores inicial e atual se refere "à atualização monetária (R$ 1,7 bilhão), adequações de projeto (R$ 0,9 bilhão) e incorporação de despesas ambientais no orçamento (R$ 1 bilhão)".

Segundo o Ministério dos Transportes, responsável pela Transnordestina, "ocorreram alguns ajustes financeiros, que são acordos entre investidores e acionistas." "Estes acordos estabelecem condições e responsabilidades para a conclusão das obras de implantação da ferrovia Transnordestina e inclui ainda obrigações assumidas pela TLSA em relação a implementação da Malha II, que compreende os trechos que passam por Missão Velha a Salgueiro, Salgueiro a Trindade, Trindade a Eliseu Martins, Salgueiro ao Porto de Suape e Missão Velha ao Porto de Pecém, além da readequação dos trechos que a compõem", afirmou.

Já sobre o atraso de quatro anos, o órgão respondeu que se deve "principalmente a questões ambientais, desapropriação e recursos para adequação de projeto."

A Petrobras não respondeu aos questionamentos do UOL sobre Abreu e Lima.

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Obra de transposição do rio São Francisco recebe políticos de governo e oposição




14.out.2009 - O então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, posa ladeado pela então ministra da Casa Civil do governo, Dilma Rousseff, do ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE) (à esquerda) e do governador de Minas Gerais à época, Aécio Neves (PSDB), durante visita às obras de transposição do rio São Francisco no Estado Leia mais Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação

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