domingo, 7 de dezembro de 2014

As absurdas concessões de FHC à “presidenta”



FHC com Dilma: amiguinhos?



Em sua coluna de hoje no GLOBO, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreve logo no começo: “A reeleita possivelmente saboreie o êxito com certo amargor. É indiscutível a legalidade da vitória, mas discutível sua legitimidade. O que foi dito durante a campanha eleitoral não se compaginava com a realidade”.


Não dá para compreender esse tipo de concessão à presidente Dilma. Como FHC pode afirmar que a vitória foi legal e que isso é indiscutível, quando o povo brasileiro ainda aguarda o resultado da auditoria nas urnas eletrônicas, sob suspeita? Aliás, em que pé isso está, já que ninguém mais fala do assunto?


Como FHC pode garantir que o resultado foi legal e que isso é indiscutível, se há denúncias que apontam uso de propina no financiamento de campanha? Caso fiquem comprovadas, isso não anula a legalidade do pleito e abre inclusive espaço para um eventual impeachment?


Será que Fernando Henrique não soube do que os Correios fizeram em Minas Gerais, atuando como braço partidário do PT? E isso não coloca em xeque a legalidade da vitória? Por que, então, FHC banca o juiz de forma precipitada e oferece seu aval de que não há espaço para discussão sobre a legalidade da vitória?


Em seguida, confundindo novamente ser um cavalheiro com fazer concessões indevidas, Fernando Henrique diz que a legitimidade sim, pode ser discutida. Não pode! Aqui não há margem para dúvidas: a vitória não goza de legitimidade coisa alguma!


Afinal, que legitimidade pode ter uma vitória cuja campanha foi a mais sórdida da história, fazendo terrorismo eleitoral com os mais ignorantes e carentes, mostrando vídeos em que a comida desaparecia do prato caso os “banqueiros” fossem eleitos, espalhando os rumores de que o Bolsa Família iria acabar se o PT não vencesse?


A vitória de Dilma foi claramente ilegítima, pelo abuso da máquina estatal, pela campanha difamatória abjeta, pela compra escancarada de votos, pelo estelionato eleitoral agora evidente. Não é algo passível de discussão, ao contrário do que sugere Fernando Henrique.


Por fim, FHC aderiu de vez ao “presidenta”, algo incompreensível, e ainda afirma que Dilma é sincera, enquanto o povo brasileiro responsabiliza a presidente diretamente pelo escândalo da Petrobras, como mostra o Datafolha. Escreve o ex-presidente tucano:


“A presidenta Dilma, mulher sincera, ciosa de suas opiniões, terá condições para se transmutar em andorinha da mensagem execrada por ela e sua grei? A nova equipe econômica terá esse perfil ou se isolará no tecnicismo?”



“Mulher sincera”, diz FHC. Com base em quê? Dilma foi sincera na campanha, por acaso? Foi sincera quando tentou passar a ideia aos leigos de que era ela quem estava investigando os “malfeitos” na Petrobras? Dilma foi sincera quando respondeu com o silêncio à pergunta sobre o que achava do julgamento do mensalão? Que sinceridade toda é essa que FHC capta em Dilma?


Se é algum tipo de ironia fina do ex-presidente, acho que errou feio o alvo. Por essas e outras os tucanos são acusados por alguns de oposição covarde. Nunca vão aceitar que perderam o posto de partido de esquerda, apesar de serem exatamente isso? Vão sempre tentar ficar “bem na foto” com os petistas, que jogam sujo e fazem o “diabo” para vencer? Por que tantas concessões absurdas a quem quer te destruir?



Rodrigo Constantino

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