domingo, 7 de dezembro de 2014

Tese do ‘eu não sabia’ perdeu prazo de validade


Josias de Souza

José Cruz/ABrEntre as várias más notícias que o Datafolha traz para Dilma Rousseff, uma é especialmente devastadora: 68% dos brasileiros responsabilizam a presidente pela corrupção. Sete de cada dez brasileiros acham que ela tem alguma responsabilidade na petrorroubalheira.


A doutora ainda não se deu conta, mas o lero-lero do ‘eu não sabia’ é pomada vencida. Perdeu o prazo de validade. Ou Dilma muda a prescrição ou logo passará a ser vista como uma criança ingênua e inconsequente. Dessas que brincam no barro depois de tomar banho. O papel de gestora incapaz talvez seja menos pior que o de cúmplice.


Quando assumiu a Presidência pela primeira vez, em janeiro de 2011, Dilma infundia confiança na alma nacional. Questionados pelo Datafolha na ocasião, 73% dos brasileiros manifestaram a crença de que a pupila de Lula, vendida por ele como uma supergerente, faria um bom governo.


De volta às ruas na semana passada, o Datafolha repetiu a pergunta. Descobriu que Dilma prejudicou muito a imagem de sua sucessora. Hoje, 50% dos entrevistados apostam no êxito de Dilma 2ª. Decorridos quatro anos, o índice de otimismo emagreceu 23 pontos percentuais.


A 24 dias do fim, o primeiro reinado de Dilma é considerado ótimo ou bom por 42% dos brasileiros. É a mesma taxa de aprovação captada numa pesquisa feita em 21 de outubro, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial. A novidade está na taxa de desaprovação, que subiu quatro pontos, de 20% para 24%. A conjuntura indica que o ruim pode ficar bem pior.


Maus dias estão por vir. Farão de 2015 um ano duro de roer. Na economia, o arrocho de Joaquim Levy, o ortodoxo que Dilma 2ª colocou na pasta da Fazenda para tentar consertar os erros que Dilma 1ª cometeu.


Na política, o escândalo do petrolão. Já está claro que a Petrobras virou a maior produtora de lama do país. E logo se verificará que o Congresso ganhou contornos de uma delegacia de polícia hipertrofiada. Quando seus aliados forem acomodados na fila da degola, Dilma terá de explicar por que ajudou a privatizar a Petrobras na bacia das almas dos partidos.

Editoria de Arte/Folha

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