quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Palmas para a ação do Ministério Público do Distrito Federal

Por Edson Sombra


A crise que atravessa a segurança pública no Distrito Federal e que gerou os protestos nas ruas de Águas Claras no final de semana, parece que não deve arrefecer tão cedo, e está aflorando na população, é a resposta contra um problema de comportamento de alguns integrantes do Executivo e do Legislativo do DF. A demagogia. ...


Eles, os demagogos, diante dos gritos coletivos de irritação e impaciência, dos protestos que não têm dono nem liderança, fingem, dizem não saber o que a sociedade quer.





Mas o que quer a sociedade?  No momento ela clama por segurança pública. Por acaso, isso é tão difícil de entender?




Nos últimos meses, os princípios que deveriam reger a nossa cidadania, vem sendo vilipendiados diuturnamente. O sociedade se sente só. A sociedade quer o fim da impunidade que assola as nossas ruas, as nossas escolas, os nossos shoppings, os nossos restaurantes, os nossos estacionamentos e principalmente as nossas casas, nem nelas temos mais segurança. 

Estamos cansados de vermos os bandidos soltos debochando de quem é honesto. É assim em todo o Distrito Federal, não há tranquilidade em lugar nenhum de nossa cidade.


Por que isso é tão difícil de entender?



Por que falar a imprensa que está tudo bem e que a policia voltou as ruas, e sentir o desprazer de serem desmentidos pelos bandidos, que a exemplo da semana que passou, barbarizaram nas caras de todos. 

 Demonstraram fraqueza. Contrário a esse cenário o Ministério Público fez na sexta-feira o que GDF deveria ter feito, e não o fez. O MPDFT buscou um ponto de inicio para o debate, para o diálogo. Não prometeu, fez.


Não esqueçam os políticos de nossa cidade que bases frágeis de poder, costumam desmoronar, não existe estado que resista à mitigação de seus pilares, de seus princípios fundamentais. Por que isso é tão difícil de entender?


Um dos princípios que regem uma república, é de que os ocupantes das funções Executiva e Legislativa representam o povo, decidindo em seu nome, à luz dos princípios da responsabilidade, probidade, lealdade, honestidade e impessoalidade. 

A responsabilidade e a honestidade configuram como baluartes centrais da noção de representatividade e se não estiverem presentes nos representantes do povo, transmudam para a demagogia e desrespeito ao cidadão.  

E faltou o quesito responsabilidade, ao em 2010 prometerem o céu, o mar, o sol e o infinito a essa categoria tão sofrida que é o militar, seja ele bombeiro ou policial. Foram muitas as promessas feitas, e devem sim, serem cobradas tanto do Executivo quanto do Legislativo.


Diante do que passa a nossa população, só mesmo recorrendo ao Ministério Público do Distrito Federal. Ele sim teve a coragem de colocar o dedo na ferida, avocando para si, uma responsabilidade que inicialmente é dever do Executivo e do Legislativo.



O que vem acontecendo com a Policia e Bombeiros Militares do Distrito Federal jamais foi visto em sua historia. Faltam-lhes com o respeito. De muito tempo faltam-lhes com o respeito.



E os representantes do povo, que são eleitos para atuar com responsabilidade, devem se assemelhar aos que representam. Devem refletir o povo, conhecendo suas necessidades, solidarizar-se com os infortúnios que recaem sobre a cabeça dos representados e atender a todos os anseios do povo que os elegeu. E os integrantes dessas duas corporações também elegeram os governantes e alguns legisladores que ai estão ai. Ou não elegeram?



Lembrem-se, em nenhuma hipótese, absolutamente em nenhuma hipótese, a atuação dos representantes do povo pode distorcer-se para buscar interesses pessoais, sórdidos e inconfessáveis. 


Os representantes do povo não podem atuar no sentido de fomentar na população ilusões momentâneas e que não contribuam para que seja alcançado o bem comum, de todos, sejam eles pobres ou ricos. E ilusões foram prometidas aos integrantes da Policia e Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal na campanha de 2010.


Infelizmente, nos últimos anos, o que vemos aqui em Brasília, são os princípios fundamentais que devem reger a relação entre os representantes (políticos) e representados (povo) há muito sendo desvirtuados e o cidadão sendo roubado, de todas as formas, a cada minuto de sua vida, aqui rouba-se até a esperança. O estopim esta aceso.  


E foi preciso mais uma vez o Ministério Público fazer um alerta: a solução do problema dos policiais militares só será resolvido com a participação do Governo Federal. Os integrantes do Palácio do Buriti fingem que não sabem, ou não sabem mesmo?


A população teve em 2010 a esperança de mudanças, de novamente termos uma cidade melhor, novamente diferenciada e que servisse outra vez de exemplo para o resto do Brasil, foi com essa vontade que Brasília elegeu os que ai se encontram, para servir e nos dar bons exemplos.



Fomentar ilusões, com shows, circos, ingressos para partidas de futebol e recepcionar a Copa do Mundo de 2014, não é mais o suficiente para calar a indignação que bate no peito da população de Brasília. A construção do estádio, ou arena, como preferem alguns políticos, não simboliza a modernidade do que quer a maioria do povo, saúde, escolas, segurança e transportes de qualidade, se for possível que seja no padrão FIFA.



Exemplos não faltam, para provarmos a demagogia de uma minoria que hoje tenta desapropriar a cidadania de nossa população, e o policial militar também é cidadão.



As bases da nossa cidade estão ruindo, estão apodrecendo por conta dos odiosos privilégios que são concedidos aos poderosos. As velhas práticas não acabaram, resistem, querem se perpetuar, e isso a população não quer mais permitir.



O mundo das excelências parece ser diferente do mundo dos meros mortais, o mundo dos cidadãos que os elegem. O descompasso entre os representantes e os representados é o combustível dos protestos que se iniciaram no sábado nas ruas de Aguas Claras, domingo passou pelo Eixão, e já tem data para recomeçar. Será no dia 7 e na frente do Palácio do Buriti.



A população continua se esgoelando pedindo saúde, educação, segurança, transporte público e combate à corrupção. As verdadeiras bandeiras da população que vai às ruas não têm nada a ver com guinadas à esquerda ou à direita, nem com palavras de ordem radicais ou fascistas, nem com a paranoia do golpismo.



As verdadeiras bandeiras do grosso da população, que começaram indo para às ruas têm a ver, isto sim, com um anseio urgente e definitivo por eficiência e ética na atuação de todos os políticos, de todos os partidos, de todos os poderes, de todas as esferas do poder. Aliás, todos são pagos para isso, com o dinheiro do cidadão brasiliense.




Essa crise da Policia Militar não será resolvida por palavras mágicas, com "promessas vans" ou "ameaças", nem pelas manobras das raposas políticas que fazem pouco caso da inteligência das pessoas, nem pela cooptação da mídia, nem por espertezas  impublicáveis  de bastidores, nem por tentativas de cooptação e de controle do movimento social, nem por frases de efeito. Só o pulso forte na tomada de decisões palpáveis poderá resolver o impasse.



Alguns dos integrantes do nosso Executivo e do Legislativo ainda fingem não entender o que se passa, mas não se enganem, se não abandonarem os antigos hábitos, senão recuarem, senão se abstiverem das práticas a que estão acostumados, serão atropelados pela história. 

E a historia é feita pelo povo, e pelo que vimos o Ministério Público está agindo em defesa do povo. Parabéns senhores promotores do Ministério  Público do Distrito Federal e Territórios.



Fonte: Edson Sombra / Redação - 04/02/2014 - - 13:59:56


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