RENATO RIELLA
Em 11 de outubro do ano passado, afirmei aqui no BLOG que “nenhum país
do mundo, nem mesmo os Estados Unidos (nem mesmo a China), tem uma
população de cones maior do que Brasília”.
Agora, reportagem da Veja Brasília denuncia possível irregularidade
na compra de cones pelo Governo do DF. E dá um número monstruoso: a
população desses seres baixinhos, avermelhados, chegou a 40.000
unidades, mais do que todas as pessoas contratadas pela Polícia Militar,
Polícia Civil, Detran, DER, bombeiros, etc. Mais cones do que gente!
E os cones não fazem operação-tartaruga!
A matéria da Vejinha denuncia que a compra de cones pelo GDF foi
feita à base de R$ 150 reais a unidade. A reportagem da revista chegou a
encontrar no mercado cones até a R$ 27,00. Do mesmo tipo, na mesma empresa fornecedora, localizou preço bem menor: R$ 125,00.
São questões que o Tribunal de Contas do DF terá de apurar, envolvendo os diversos órgãos de policiamento do DF. Vai dar zebra!
Prefiro me ater à questão estética. Na verdade, quem me chamou a
atenção para o escândalo dos cones foi um italiano chamado Roberto. No
ano passado, aproveitou para conhecer o Brasil – e adorou. Veio fazer
estudos na Universidade de Brasília e assistir jogos da Copa das
Confederações em diversas cidades.
Quando ele estava indo embora, o meu filho Gil, que é professor da
UnB, perguntou a Roberto o que mais havia impressionado o italiano na
passagem por Brasília. Pensou que fosse a Catedral, as superquadras
arborizadas, o Parque da Cidade, as incríveis obras de arte do Athos
Bulcão, as pessoas civilizadas e amáveis, o Estádio Mané Garrincha (onde
ele esteve), ou até o por do sol – fantástico!
Roberto, o italiano, amou o Brasil e vai voltar na Copa do Mundo.
Mas, sobre Brasília, ele deu uma risadinha e definiu: “É a cidade dos
cones”. Coitados do Lúcio Costa e do Oscar Niemeyer, nivelados ao nível
mais baixo da cota urbana.
O turista europeu explicou que fotografou milhares de cones
encobrindo a maravilhosa paisagem, em todos os cantos de Brasília, como
não se vê em nenhum lugar do mundo.
Só quem não percebe isso é o Iphan, mas os quarenta mil cones são a
forma mais daninha de poluir visualmente uma cidade que é Patrimônio
Cultural da Humanidade.
Para completar, segundo denuncia a Vejinha, podem até ser fruto do superfaturamento.
E, para completar ainda mais, imaginem quantas pessoas são envolvidas
na operação de instalação do cone. Os caras devem estar com dor de
coluna de tanto botar e tirar cones.
Assim, mantenho a campanha que lancei no ano passado: leve o seu cone
para casa. Ninguém vai notar a falta desse ser baixinho e vermelhinho.
São tantos, que se tornaram incontáveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário