PM vai reintegrar prédio do Minha Casa, Minha Vida ocupado irregularmente
Liderança de 11.500 famílias
promete resistir à desocupação nesta terça. Unidades seriam entregues um
mês depois da ocupação de moradores de áreas de risco
Vinicius Pereira/Folhapress
São Paulo – O conjunto habitacional
Caraguatatuba, em Itaquera, na zona leste de São Paulo, ocupado desde
julho de 2013 por 11.500 famílias, será reintegrado amanhã (18). O empreendimento foi realizado com recursos da Caixa Ecônomica Federal para o Programa Minha Casa, Minha Vida.
A ocupação impediu a entrega no mês seguinte dos 940 apartamentos para famílias com renda de até R$ 1.600 regularmente escritas no programa já selecionadas na ocasião, segundo afirmam a Caixa e a prefeitura. Parte das unidades seria entregue a pessoas provenientes de áreas de risco da cidade, entre elas ex-moradores do Jardim Pantanal, que ficou submerso durante 40 dias seguidos em 2010.
A entrega de casas de programas habitacionais seguem critérios socioeconômicos e de vulnerabilidade. Os ocupantes garantem que têm o perfil para ser atendidos e que estão cadastrados há anos, mas não são atendidos porque “associações” estariam burlando a fila. No Caraguatatuba, no entanto, a responsabilidade por indicar os moradores do empreendimento era a prefeitura.
Por meio de sua assessoria, a Caixa afirmou que “não negocia com invasores e busca sempre preservar o direito dos reais beneficiários que foram devidamente selecionados pelo município de acordo com a regras do Programa Minha Casa, Minha Vida”.
Carlos Alberto Silva, da organização não governamental Sonhos Realizados e uma das lideranças dos ocupantes, afirma que as famílias não têm para onde ir e estão “desesperadas”, por isso pretendem resistir à retirada. “Seremos pacíficos até onde der. Mas nós vamos ficar. Fazer cordão humano e o que for necessário”, afirmou.
Os moradores garantem que a ocupação do conjunto habitacional ocorreu de maneira espontânea.
Boatos de que a demanda original teria se negado a ir para os prédios sem garagem teriam motivado a entrada no empreendimento.
Outras ocupações em empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida ocorreram no mesmo período.
Na época, o prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que os ocupantes estavam "furando a fila" e que ação era "subterrânea" e "oportunista".
Atualmente, 130 mil pessoas mantêm cadastro atualizado na cidade para programas habitacionais.
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