Folha de SP - 04/03
Exame mais detalhado dos dados de pesquisa Datafolha revela que Dilma conta com vantagem expressiva entre os eleitores típicos de 2014
O exame detalhado da mais recente pesquisa Datafolha ajuda a esclarecer a considerável vantagem da presidente Dilma Rousseff nos levantamentos de preferência eleitoral. A petista aparece com 47% das intenções de voto no cenário mais provável, e o seu governo é avaliado como ótimo ou bom por 41% dos brasileiros.
Se a disputa fosse hoje, Dilma venceria no primeiro turno. Tamanha dianteira contrasta com problemas na área econômica, como o baixo crescimento do PIB e a inflação relativamente alta, e não reflete, à primeira vista, a insatisfação que se dissemina nas grandes cidades desde junho passado.
Na realidade, depois de sofrer queda acentuada em sua aprovação (de 65% para 30%), sob o impacto das manifestações, a presidente recuperou parte de seu prestígio, que parece acomodado em novo patamar --abaixo do anterior, mas alto o bastante para mantê-la em posição vantajosa.
O cruzamento de dados apurados pelo Datafolha mostra que a presidente se beneficia da adesão do que seria o "eleitor típico" de 2014: brasileiros de 25 a 34 anos, que possuem ensino médio e renda familiar mensal de até R$ 1.448.
São eleitores que, na maioria, moram na região Sudeste, mas em cidades de pequeno porte, com menos de 50 mil habitantes. Trata-se do segmento mais baixo da estratificação socioeconômica e o mais numeroso da população.
A conquista dessa espécie de âncora político-eleitoral não é, por certo, mérito exclusivo da atual governante. Consolidou-se, de fato, ao longo dos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que obteve reconhecidos êxitos na elevação do padrão de vida dos mais pobres. Destacam-se, quanto a isso, programas compensatórios e medidas econômicas de promoção da renda e do consumo.
Nesse contexto, saltam aos olhos as dificuldades encontradas pela oposição para sensibilizar essa fatia estratégica do eleitorado.
Tanto o senador mineiro Aécio Neves, pelo PSDB, como o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-ministra Marina Silva, ambos pelo PSB, têm falhado ao se apresentar como alternativas convincentes para esses setores de renda mais baixa.
Os oposicionistas podem argumentar que o atual reduto petista representa a parcela menos esclarecida e informada da população. Tal consideração até pode ser verdadeira, mas não serve de consolo.
Incapazes de entusiasmar o país com um projeto de mudança, os adversários de Dilma terão de confiar nos embates de campanha e na propaganda eleitoral para conquistar terreno. Sua maior esperança, porém, reside no clima de instabilidade política que se vê em todo o país --algo que nenhum candidato controla, mas que afeta sobretudo aqueles que estão no poder.
Exame mais detalhado dos dados de pesquisa Datafolha revela que Dilma conta com vantagem expressiva entre os eleitores típicos de 2014
O exame detalhado da mais recente pesquisa Datafolha ajuda a esclarecer a considerável vantagem da presidente Dilma Rousseff nos levantamentos de preferência eleitoral. A petista aparece com 47% das intenções de voto no cenário mais provável, e o seu governo é avaliado como ótimo ou bom por 41% dos brasileiros.
Se a disputa fosse hoje, Dilma venceria no primeiro turno. Tamanha dianteira contrasta com problemas na área econômica, como o baixo crescimento do PIB e a inflação relativamente alta, e não reflete, à primeira vista, a insatisfação que se dissemina nas grandes cidades desde junho passado.
Na realidade, depois de sofrer queda acentuada em sua aprovação (de 65% para 30%), sob o impacto das manifestações, a presidente recuperou parte de seu prestígio, que parece acomodado em novo patamar --abaixo do anterior, mas alto o bastante para mantê-la em posição vantajosa.
O cruzamento de dados apurados pelo Datafolha mostra que a presidente se beneficia da adesão do que seria o "eleitor típico" de 2014: brasileiros de 25 a 34 anos, que possuem ensino médio e renda familiar mensal de até R$ 1.448.
São eleitores que, na maioria, moram na região Sudeste, mas em cidades de pequeno porte, com menos de 50 mil habitantes. Trata-se do segmento mais baixo da estratificação socioeconômica e o mais numeroso da população.
A conquista dessa espécie de âncora político-eleitoral não é, por certo, mérito exclusivo da atual governante. Consolidou-se, de fato, ao longo dos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que obteve reconhecidos êxitos na elevação do padrão de vida dos mais pobres. Destacam-se, quanto a isso, programas compensatórios e medidas econômicas de promoção da renda e do consumo.
Nesse contexto, saltam aos olhos as dificuldades encontradas pela oposição para sensibilizar essa fatia estratégica do eleitorado.
Tanto o senador mineiro Aécio Neves, pelo PSDB, como o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-ministra Marina Silva, ambos pelo PSB, têm falhado ao se apresentar como alternativas convincentes para esses setores de renda mais baixa.
Os oposicionistas podem argumentar que o atual reduto petista representa a parcela menos esclarecida e informada da população. Tal consideração até pode ser verdadeira, mas não serve de consolo.
Incapazes de entusiasmar o país com um projeto de mudança, os adversários de Dilma terão de confiar nos embates de campanha e na propaganda eleitoral para conquistar terreno. Sua maior esperança, porém, reside no clima de instabilidade política que se vê em todo o país --algo que nenhum candidato controla, mas que afeta sobretudo aqueles que estão no poder.
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