Artigo no Alerta
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Por Haroldo P.
Barboza
Um estudioso de
nossa “evolução” como nação pode corrigir esta curta peça que abaixo eu
proponho. Exibindo provas concretas que tudo que se segue não passa de ficção
impossível de ter ocorrido.
O povo brasileiro
(como tantos outros no planeta) levou mais de 100 anos para COMEÇAR a perceber
de forma superficial, que desde a “proclamação da república” vem sendo tapeado
pelos que visualizaram uma forma “legalizada” de usar o trabalho produtivo de
forma a aumentar seus patrimônios sem uso da chibata de couro.
A escravidão com
uso de correntes, necessidade de capatazes violentos, fugas regulares,
sabotagens nas plantações (nos primórdios, o grupo “yellow block” se camuflava
por entre as folhagens de milho e trigo), necessidade de alimentar e cuidar da
saúde da grande legião de esfomeados tornou-se altamente custosa.
Então os detentores
do poder montaram a farsa da “liberdade” com rapidez. Num curto período de
tempo, “generosamente” foram promulgando as leis que libertaram escravos por
categorias até culminar com a implantação da República, onde supostamente cada
cidadão tem direito a decidir(?) sobre o rumo de sua vida através do “voto”(?).
Cada escravo foi guindado a esta categoria de “cidadão” e apesar de
esfarrapado, esfomeado e repentinamente liberado das terras onde outrora
cultivava e era castigado no chicote quando sua produtividade ficava abaixo da
curva estabelecida, ainda se curvou aos “senhores” que lhe ofertaram a tal
“liberdade” e anunciaram que agora ele fazia parte da “classe trabalhadora”, logo
abaixo da classe média. Deve ter havido até Carnaval extra para comemorar esta
“honraria”!
Mas estes senhores
(chamados “carinhosamente” de “coronéis”) de imediato colocaram em vigor o
esquema que a cada década torna-se mais sólido.
Empurraram seus antigos
prisioneiros para locais onde poderiam criar suas comunidades desprovidas da
estrutura mínima de sobrevivência adequada e afastadas das varandas de suas
suntuosas moradias.
Longe da água limpa, energia elétrica (final do século
XIX), caminhos para veículos e postos de saúde. Ficaram restritos à agricultura
de quintal.
Surgiram as
primeiras favelas que incham até hoje apesar dos mirabolantes planos emPACados.
Mas os “coronéis”
não podiam perder a força de trabalho barato. Logo tornaram suas fazendas atrativas
para estes abandonados que ainda carregavam na alma as imagens de injustiças
que ali sofreram.
As atrações eram a aposentadoria dos grilhões e chicotes e os
salários (medidos em tostões) que eram menores do que os empregados “gastavam”
(?) em alimentação, vestimentas, habitação, remédios.
Em suma: quanto mais
trabalhavam, mais aumentavam seus débitos com os patrões! Tal modelo hoje ainda
é praticado contra os que adquirem a casa própria via BNH.
Quando um escravo
(“cidadão”) decidia recorrer à Justiça, desistia logo que descobria que os
tribunais (como hoje) eram controlados por parentes dos “coronéis” que definiam
os políticos eleitos para os diversos cargos de comando (como hoje, via
modernas urnas-E).
E a cada década,
novos artifícios para sugar os ganhos dos empregados que fazem a nação se
manter de pé (por mais quanto tempo?) foram lançados e aperfeiçoados de forma a
cercar qualquer tentativa de burla.
Vide IR que pega qualquer declarante que
omite R$ 100,00 de ganho com algumas ações deixadas pelo avô, mas “anistia”
clubes de futebol, conglomerados empresariais, agremiações “pilantrópicas” e
outras entidades camufladas de “assistenciais” que possuam políticos definidos
como “dirigentes” das mesmas.
Em paralelo a estas
mordidas, ofereciam alimentos baratos (feijão + farofa + carne de gato) e
eventos festivos (Carnaval, futebol que começava a empolgar, praia, etc) para
amenizar o descontentamento latente mas facilmente abafado pelo povo isento de
fibra e acomodado.
Depois de 100 anos,
a sistemática não mudou.
Apenas passou a usar novas ferramentas de maior
penetração. E não mudou porque a população nunca foi orientada nas escolas em
relação aos seus direitos em relação aos impostos que pagam.
Não aprenderam a
organizar seus núcleos em busca de suas necessidades.
Não confundir com
as benesses concedidas aos “di menor” que podem praticar as maiores
barbaridades sem precisarem pagar pelos delitos cometidos.
Após um século de
dilapidação do patrimônio público pelas castas de pilantras que se encastelaram
no poder, o povo ainda acredita que é “livre” por ter o direito de substituir
seu smartphone a cada 3 meses (à prestação, compra 1 e paga 2) que apenas lhe
serve para trocar idéias (que logo se dissipam) e ficar “por dentro das
notícias”.
Que notícias são essas?
No lugar de
enquetes pedindo sugestões sobre novos modelos para a educação, saúde,
trânsito, desburocratização (isto dá uma nota preta aos herdeiros de
cartórios), modernização de tarefas, preferem (“sugerem”) que a mídia
(dominada) publique horóscopos, receitas de pratos, notas sobre casamentos e
separações de artistas populares, enquetes sobre a cor da camisa do clube de
futebol.
Fora a degradação familiar alimentada a cada 6 meses pelo “cultural”
Big Besta Brasil.
Enquanto aguardamos
o cinturão de miséria ser apertado 1 mm a cada período (quase imperceptível),
vamos nos distraindo com os próximos eventos esportivos que “elevam o nome de
nossa nação” (além das dívidas) e enriquecem os signatários que triplicam os
valores das construções dos “elefantes brancos”.
Depois das
Olim...piadas de 2016 vamos “criar uma comissão” para analisar as causas do
aumento da violência urbana em função do retorno dos traficantes ao seu status
de comando escancarado com armas exibidas à luz do Sol em função do afrouxamento
do eficaz(?) projeto UPP.
Quando despertarmos
da letargia que nos contaminou por várias gerações, talvez não seja mais
possível evitar a transformação de nossa pátria num grande “Braití”.
Haroldo P. Barboza é Professor. Autor dos livros: Brinque e cresça
feliz e Sinuca de bico na cuca.
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