Quanto deste rombo o BNDES financia com dinheiro público?
“Eu
lembro, por exemplo, o financiamento para as linhas 3 e 4 do metrô de
Caracas. Um dos últimos empréstimos foi no valor de US$732 milhões para
obras de ampliação do metrô. Como o Brasil receberá de volta esse
valor?
A
Venezuela hoje não tem papel higiênico, não tem comida para o seu povo,
como pagará esse empréstimo ao governo brasileiro, ao povo brasileiro?”
Senador Álvaro Dias (PSDB-PR)
Um
ano depois da morte de Hugo Chávez, que será comemorada hoje pelo
governo venezuelano em meio a protestos, o Brasil começa a sofrer os
efeitos da sua estreita parceira com aquela ditadura.
Um problema que já
vinha afetando os exportadores brasileiros agora passa a preocupar
também as empreiteiras do Brasil que atuam na Venezuela, onde elas
possuem um portfólio estimado em US$ 20 bilhões em obras de
infraestrutura e saneamento.
Os
atrasos nos pagamentos pelos serviços prestados pelas construtoras no
país vêm se agravando nos últimos meses, e a dívida do governo
venezuelano com companhias do setor já soma entre US$ 2 bilhões e US$
2,5 bilhões de dólares. 70% do endividamento do governo venezuelano com
as empreiteiras brasileiras corresponde a serviços prestados pela
Odebrecht.
"Antes,
o Lula era amigão do Chávez. Quando eles se encontravam, destravavam
todos os problemas", diz uma fonte próxima ao tema, que, como as demais
fontes, pediu para não ser identificada.
"Agora, com pouco dinheiro em
caixa, o governo venezuelano está mais pragmático. O 'amigão' é quem
traz financiamento. Nesse sentido, estamos perdendo cada vez mais espaço
para a China."
A
Odebrecht está diminuindo o ritmo de obras e demitindo funcionários. A
empresa emprega cerca de 13 mil pessoas na Venezuela. Dentre seus
principais projetos no país estão duas linhas do metrô de Caracas, uma
nova pista do aeroporto de Maiquetía, que serve a capital, uma
hidrelétrica e duas pontes.
As outras grandes empreiteiras brasileiras -
Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez - também enfrentam
um aumento nos atrasos. Mas o montante devido a elas, assim como sua
presença no país, são bem menores.
Os
atrasos nos pagamentos, tanto de exportações como relativos à prestação
de serviços, sempre ocorreram na Venezuela chavista. Mas eles começaram
a se intensificar no ano passado, com a deterioração da economia e as
turbulências políticas, já sob o governo de Nicolás Maduro.
A
disparada no gasto público, em meio a duas eleições presidenciais,
entre outubro de 2012 e abril do ano passado, ajudam a explicar os
problemas de caixa enfrentados por Maduro.
O país também vem recebendo
cada vez menos dólares com as vendas de petróleo, responsável por 96%
das exportações. Segundo dados da estatal PDVSA, cerca de 350 mil barris
diários, de uma produção total de 2,7 milhões de barris, são destinados
a honrar créditos de US$ 40 bilhões concedidos pela China.
Outros 400
mil barris são vendidos a preços subsidiados a aliados, sobretudo Cuba.
As
reservas internacionais caíram mais de 30% em 2013, para US$ 20,7
bilhões, o menor nível em nove anos. Com poucos dólares em caixa, o
governo, que detém as divisas obtidas com as exportações petroleiras,
passou a controlar ainda mais as importações, priorizando setores
essenciais, como alimentos e medicamentos.
Os
importadores venezuelanos devem hoje cerca de US$ 10 bilhões a
fornecedores no exterior, porque não conseguem obter do Banco Central os
dólares necessários para pagá-los.
A dívida com os exportadores
brasileiros chega a US$ 1,5 bilhão, segundo fontes. Internamente, o
resultado disso foi um aumento do índice de escassez medido pelo próprio
governo. Em janeiro, o indicador subiu de 22% a 28%. A inflação
disparou, de 20,1% em 2012 para 56,2% em 2013.
Os
empresários também querem o “volta, Lula” por causa da Venezuela. A
Venezuela foi o país mais visitado por Lula durante sua gestão, entre
2003 e 2010, assim como o Brasil está no topo da lista de países
visitados por Chávez no período.
Enquanto presidente, Lula esteve na
Venezuela em 16 ocasiões. Chávez fez 20 visitas ao Brasil. Maduro só
viajou a Brasília uma vez depois de eleito, em maio, enquanto Dilma
esteve na Venezuela apenas três vezes.
Fontes
afirmam que, sentindo a falta de uma boa interlocução entre os
governos, as construtoras brasileiras passaram a contar, informalmente,
com a ajuda do ex-embaixador da Venezuela em Brasília Maximilien
Arvelaíz para ter melhor acesso ao Miraflores.
Na semana passada, porém,
ele foi designado para assumir a Embaixada da Venezuela em Washington.
No novo cargo, não deve ter a mesma disponibilidade para interceder
pelas empresas do Brasil.
(Com informações do Valor Econômico)
05 de março de 2014
in coroneLeaks
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