Patrícia Fernandes
patricia.fernandes@jornaldebrasilia.com.br
As fortes chuvas castigaram os brasilienses na tarde de ontem. Alagamentos, deslizamentos e árvores tombadas nas cidades do DF.
Em Planaltina, o telhado de um prédio em construção desabou e destruiu a cobertura de quatro residências.
No Setor de Indústrias Gráficas (SIG), um veículo ficou submerso. Na Asa Norte, a água também inundou pelo menos em quatro tesourinhas.
Quem tentou passar por elas, precisou deixar os carros para trás. Eles pararam no meio do caminho. Quem passou teve que tirar a água de dentro dos veículos. Outros pontos, como Sudoeste, Santa Maria e Sobradinho, também ficaram alagados.
Segundo o empresário Willian Germano de Freitas, 54 anos, uma das vítimas do alagamento da tesourinha na 209 norte, a sensação de ver o carro coberto pela água foi assustadora. “Eu entrei na tesourinha porque achei que estava tranquilo, mas a correnteza veio muito forte. Só pensei em sair e me salvar”, explica o condutor.
Para o morador da Asa Norte Fernando Pereira de Souza, 60 anos, os transtornos causados pela chuva aumentam a cada dia. “As bocas de lobo estão entupidas. E não fazem nada. Isso é muito perigoso. Já temos o histórico de mortes ocasionadas por enxurrada”, diz.
O também morador da Asa Norte Marcelo Ribeiro, 36 anos, compartilha do sentimento: “Já passei por situações complicadas nas tesourinhas de Brasília. Uma vez estava com minha filha de 3 anos no carro”, relata.
Surpresa
Prejuízo também para quem deixou os carros debaixo de árvores que caíram. Pelo menos cinco foram derrubadas com a força da chuva. Uma caiu sobre um fio de alta tensão no Hospital Regional de Sobradinho.
A área precisou ser isolada pelo Corpo de Bombeiros para receber reparos da Companhia Energética de Brasília (CEB). Registro de queda também na QI 27 do Lago Sul.
Transtorno maior para quatro motoristas que tiveram os veículos atingidos por três árvores no Sudoeste. Dez militares do Corpo de Bombeiros trabalharam na retirada delas.
As previsões para os próximos dias não são otimistas. Ao que tudo indica, os brasilienses devem se preparar para encarar os transtornos dos temporais por mais dois dias. A previsão é mais chuvas. De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ontem, em uma hora, choveu 34mm.
A angústia de Marlene também foi vivida pelo militar Gemerson Pereira, 26 anos. Ele também teve boa parte do telhado da casa derrubada. “O certo seria sermos ressarcidos. Mas na prática sabemos que não é assim que funciona”, afirma.
patricia.fernandes@jornaldebrasilia.com.br
As fortes chuvas castigaram os brasilienses na tarde de ontem. Alagamentos, deslizamentos e árvores tombadas nas cidades do DF.
Em Planaltina, o telhado de um prédio em construção desabou e destruiu a cobertura de quatro residências.
No Setor de Indústrias Gráficas (SIG), um veículo ficou submerso. Na Asa Norte, a água também inundou pelo menos em quatro tesourinhas.
Quem tentou passar por elas, precisou deixar os carros para trás. Eles pararam no meio do caminho. Quem passou teve que tirar a água de dentro dos veículos. Outros pontos, como Sudoeste, Santa Maria e Sobradinho, também ficaram alagados.
Segundo o empresário Willian Germano de Freitas, 54 anos, uma das vítimas do alagamento da tesourinha na 209 norte, a sensação de ver o carro coberto pela água foi assustadora. “Eu entrei na tesourinha porque achei que estava tranquilo, mas a correnteza veio muito forte. Só pensei em sair e me salvar”, explica o condutor.
Para o morador da Asa Norte Fernando Pereira de Souza, 60 anos, os transtornos causados pela chuva aumentam a cada dia. “As bocas de lobo estão entupidas. E não fazem nada. Isso é muito perigoso. Já temos o histórico de mortes ocasionadas por enxurrada”, diz.
O também morador da Asa Norte Marcelo Ribeiro, 36 anos, compartilha do sentimento: “Já passei por situações complicadas nas tesourinhas de Brasília. Uma vez estava com minha filha de 3 anos no carro”, relata.
Surpresa
Prejuízo também para quem deixou os carros debaixo de árvores que caíram. Pelo menos cinco foram derrubadas com a força da chuva. Uma caiu sobre um fio de alta tensão no Hospital Regional de Sobradinho.
A área precisou ser isolada pelo Corpo de Bombeiros para receber reparos da Companhia Energética de Brasília (CEB). Registro de queda também na QI 27 do Lago Sul.
Transtorno maior para quatro motoristas que tiveram os veículos atingidos por três árvores no Sudoeste. Dez militares do Corpo de Bombeiros trabalharam na retirada delas.
As previsões para os próximos dias não são otimistas. Ao que tudo indica, os brasilienses devem se preparar para encarar os transtornos dos temporais por mais dois dias. A previsão é mais chuvas. De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ontem, em uma hora, choveu 34mm.
Ponto de Vista
De acordo com o professor da faculdade de Engenharia da
Universidade de Brasília (UnB) Dickram Berberian, a situação das
tesourinhas é preocupante. Segundo ele, os problemas vão muito além das
deficiências na drenagem pluvial.
“Há ferragens expostas, cerâmicas
soltas e guard-rails que não oferecem proteção alguma”, explicou. De
acordo com ele, é importante que as patologias sejam corrigidas o quanto
antes. No entanto, as obras não devem levar em conta somente os
aspectos técnicos.
“No caso da boca de lobo, por exemplo, tecnicamente
podem estar bem
dimensionadas, mas devido à falta de consciência de
alguns cidadãos não são suficientes. Por isso, elas devem ser instaladas
com o dobro do tamanho recomendado”, alertou.
Telhado de prédio cai sobre 4 casas
Em Planaltina, no bairro Recanto do Sossego, a chuva trouxe um
quadro desolador. Na CL4, o telhado de um prédio em construção caiu e
destruiu a cobertura de outras quatro casas.
Os moradores improvisaram a
interdição da via com pedaços de madeiras. Segundo relatos dos
moradores, até o fechamento desta edição, o Corpo de Bombeiros não tinha
chegado até o local.
Segundo a proprietária do prédio, Antônia Pereira, 44 anos, as
obras começaram há dois meses. “O pedreiro trabalhou direitinho. Não
entendo o que aconteceu. Moro aqui há quase 10 anos e sou amiga de
todos”, afirma.
Ela frisa que o incidente a pegou de surpresa. “Estava trabalhando e
me deparei com esse caos quando cheguei. Não imaginava que isso poderia
acontecer”, conta.
Susto
Para a empregada doméstica Marlene Nascimento, 58 anos, que teve
boa parte do telhado de sua casa destruído, a sensação é de desespero.
“Como vou ficar nesse lugar? Minha casa está toda destampada e eu não
tenho dinheiro pra arrumar”, lamenta a moradora, que tem medo de
continuar no local.
“Dessa vez caiu o telhado, mas quem garante que esse
prédio não vai cair?”, conclui. Apesar do susto, Marlene ficou aliviada
por não estar dentro de casa no momento do acidente. “Ainda bem que eu
tinha saído. Poderia ter morrido aqui”, diz.
A moradora só não sabe o que fará para garantir que os prejuízos.
“Eu acho que a dona da casa deveria pagar, mas é bem provável que fique
por isso mesmo”, disse.
Saiba Mais
A avenida W3 Norte ficou completamente inundada na altura da 511.
A água também inundou a entrada do Guará.
Na QNN 21, em Ceilândia, os carros tiveram dificuldade de trafegar devido a enxurrada.
Muitos veículos precisaram ser empurrados.
Agora, a dúvida do ressarcimento
A angústia de Marlene também foi vivida pelo militar Gemerson Pereira, 26 anos. Ele também teve boa parte do telhado da casa derrubada. “O certo seria sermos ressarcidos. Mas na prática sabemos que não é assim que funciona”, afirma.
Para proteger a família, o morador resolveu improvisar e recolocar o
telhado na residência. “Não é seguro, mas ficar na chuva é pior ainda”,
declara.
O acidente, segundo o morador, deveria servir de alerta. “Acho que a
fiscalização deveria ser mais dura. As pessoas resolvem fazer obras por
conta própria e acaba resultando nisso”, adverte.
Os prejuízos para Claúdio Barbosa, 35 anos, proprietário de um
salão de beleza no bairro, também serão altos. “Isso aqui é meu ganha
pão. O forro do meu salão foi destruído. É duro demais”, lamenta. Mas
ele garante que sacrificará o orçamento para que a salão funcione
normalmente. “Não posso ficar de portas fechadas”, diz.
Na casa de Washington Luiz Pereira, 68 anos, boa parte de seus
móveis ficou destruído. “Destruiu TV, estante e outros aparelhos”,
contou.
A reportagem tentou contato com a Agência de Fiscalização do
Distrito Federal (Agefis), mas não teve retorno. Ao contrário do que
dizem os moradores, o Corpo de Bombeiros afirma que esteve no local, mas
não encontrou desabamento.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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