Se tem um tema vital para o futuro
do país em que o Governo Petista faz uma gestão desastrosa e dá
pouquíssima importância, este tema é a Educação. Especialmente a
educação de base, aquela que leva nossas crianças a terem noções mínimas
de leitura, interpretação e operações matemáticas, sem as quais todo o
resto do processo educativo estará sempre prejudicado pelo preenchimento
de lacunas vindas do passado.
Não é só o PT que não liga para a
Educação. O Brasil, em geral, mostra-se pouco interessado pelo tema.
Uma
pesquisa rápida pelas páginas de jornais, revistas e resumos dos
telejornais mostram o quanto a Educação chama menos atenção do que obras
de infra-estrutura, políticas econômicas, elocubrações eleitorais ( com
19 meses de antecedência! ) e, em alguns casos, até mesmo do que ações
cotidianas de novos prefeitos de metrópoles. Só que é importante tratar
do PT pois o partido tem a hegemonia das pautas públicas brasileiras e
deveria sim agir para mudar esta realidade.
Grandes lideranças políticas
se tornam históricas não por apenas responderem às demandas do clamor
popular ou dos grandes grupos de pressão, mas por liderarem processos de
melhorias que se tornam definitivos e irreversíveis.
É inevitável relembrar que, para o PT, o
partido é mais importante do que a Educação.
Isto ficou claro quando,
em meio ao incêndio moral causadao pelo Mensalão, Tarso Genro, então
Ministro da Educação, abdicou do importantíssimo Ministério para
socorrer ao partido. Com pouco mais de 3 anos no Ministério e sem
resultados importantes,Tarso Genro assumiu seu partido dizendo ter uma
missão “histórica” de “resgate do partido”.
Inadmissível, uma vergonha.
Mas não para os petistas, não para Tarso Genro e, como não dizer, não
para o povo do Rio Grande do Sul, que mais tarde o elegeu Governador e
não para a opinião pública nacional, que no geral deu pouca atenção para
a atitude.
A saída de Tarso Genro levou ao
Ministério o até então desconhecido Fernando Haddad, que de imediato
caiu nas graças de Lula. Com pouco tempo no Ministério Haddad já começou
a ser cotado como potencial candidato a suceder Lula dentro do PT,
partido que tem um processo de escolha de candidatos único e muito
famoso, o do “O Lula escolhe”.
O tempo fez com que Dilma Rousseff, como
Ministra da Casa Civil, chamasse mais atenção, conseguisse mais destaque
e conquistasse o eleitorado interno do PT (Lula), tornando-se a
escolhida.
Dilma Rousseff, por não ter os vícios
bravateiros de Lula quanto à importância dos estudos, poderia ser um
recomeço, uma chance de melhoria, quem sabe a escolha de um rumo para o
tema.
Mas que nada: Já no seu primeiro mês de Governo Dilma reuniu-se
com Fernando Haddad, mantido Ministro da Educação, para tratar puramente
da futura campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo.
Pesquise-se os arquivos de jornal da época e não se encontrará uma linha
sequer sobre medidas relativas à Educação como um todo e à educação de
base em especial.
Mesmo no site do Ministério da Educação, há apenas
menções rápidas e insossas sobre os encontros, deixando claro que nada
de relevante à pasta foi tratado. Ainda pior: No primeiro mês do novo
Governo o Ministro tinha já férias agendadas e somente não a usufruiu
pois foi pego por um dos muitos escândalos relativos a organização de
provas nacionais em sua gestão.
Curiosidade: A crise do SiSU no início da gestão Dilma-Haddad na Educação foi fartamente noticiada nos grandes sites nacionais de notícias, mas na Folha, maior jornal do país, só ganhou nota quando o Ministro começou a “reagir” ao caso e após cancelar suas férias no dia 22/01.
Compare-se por exemplo com a cobertura do portal O GLobo: Dia 18/01 Dia 19/01 aqui e aqui , dia 20/01 e dia 21/01 aqui e aqui
Lógico que para quem considera a
superação de uma crise de corrupção dentro do partido mais importante do
que seguir o trabalho de condução da Educação do seu país, é coisa
pouca manter em um novo Governo um Ministro da Educação com prazo curto
de validade e cujo maior objetivo seria blindá-lo de crises com vistas a
outro projeto partidário: a tomada de poder na maior cidade do país.
Quando em nome deste mesmo projeto de poder o mais popular ex-presidente
da República do país, de forma humilhante, teve que ir à casa de um
político com vasto currículo nas mais diversas esferas da Justiça
Brasileira e mundial, já pouca gente ligou.
E muito menos ao custo desta
eleição ( um Ministério para a política popular da cidade que foi
preterida, uma Secretaria na nova administração para um comunista com
histórico de agressão a uma ex-mulher, a promessa de Ministério ao
Chalita e o loteamento malufista na pasta da Habitação são os casos mais
visíveis ).
Para não dizer que este Governo nada fez
em termos de Educação, ele fez sim. E, como quase tudo feito, as
medidas adotadas e de destaque têm como virtude principal o “gasto do
dinheiro”.
Sim, Educação é um gasto que nossa civilização considera
necessário, um tema que deve sim ter especial atenção dos Governos e
portanto ter recursos. O problema é quando se tem um Governo cujas
políticas todas se baseiam no fornecimento de bolsas.
A grande base das
políticas deste Governo é “ter recursos” e gastá-los. Na pasta da
Educação, as Bolsas consagraram um modelo eficiente para que mais
pessoas se formassem em faculdades e também serviu muito bem aos grandes
empresários do setor, que já abrem seus cursos com vistas à quantidade
de bolsistas que conseguirão.
É um negócio que já nasce pronto para o
sucesso: Você tem de um lado uma enorme população de jovens e
não-diplomados e também muitos recursos para fazê-los estudar. Já a
qualidade dos cursos superiores no Brasil, é sabido de todos, não pára
de cair. Um levantamento sobre doações de empresários da educação nas
últimas eleições torna claro o quanto a educação superior tornou-se um
bom negócio e fator político.
O outro problema da adoção destas
políticas é que elas criam um círculo político vicioso: Por gerarem
dividendos eleitorais imediatos ( cada bolsista é um fiel eleitor em
potencial, cada faculdade apta a ter sua “garantia de consumidores”
graças aos bolsistas é potencial financiador ), elas acentuam a perda de
foco ao grande xis da questão educacional brasileira que é melhorar o
Ensino Fundamental.
O que foi feito para melhoria do Ensino Fundamental?
Nem mesmo os mais fiéis buldogues governistas têm esta resposta na
ponta da língua.
Também dificilmente um jornalista que cobre ações do
Governo as terá. Já sobre programas de bolsas todos sabem pois eles
sempre vão parar nos horários eleitorais, e por terem potencial
eleitoral ganham manchetes de jornais, fechando assim um círculo
inescapável.
Os resultados, que não se refletem nas urnas, são coisas como:
- Posição vexatória no Ranking mundial Pisa 2009 , que nos coloca ainda entre os piores do mundo
- 37% dos municípios não atingem meta ridícula para o Ensino Fundamental em 2012
- Em ranking de qualidade da Educação em 2012, ficamos em penúltimo lugar
- Em avaliação de proficiência em português, competindo com centenas de brasileiros, quem tira a melhor nota é uma …argentina
Como se não bastassem as vergonhas
comparativas com o resto do mundo, tivemos recentemente o escândalo da
falta de critérios na avaliação das redações do ENEM, prova que, na
gestão petista, transformou-se de termômetro do aprendizado dos alunos
em Vestibularzão.
Causa-me espanto que, dentre tantas
falhas a apontar neste decênio petista, os adversários não tornem os
erros gritantes na pasta da Educação um ponto fundamental para minar o
apoio popular que o partido possui. O PT tem domínio esmagador de
preferências eleitorais entre os mais pobres, justamente aqueles que
mais têm filhos na rede pública e que por isto estão mais propensos a
pagar, no longo prazo, o preço da falta de estratégias e suporte.
É preciso quebrar o ciclo do descaso. Se
os formadores de opinião e de políticas públicas consideram o Ensino
Público, especialmente o Fundamental, tema de pouca importância, não
devem todos os outros grupos de expressão política ser coniventes. Fazer
barulho e Política com esses temas vitais é sim papel da Oposição e de
quem mais estiver insatisfeito com este quadro.
Quando menos, para
despertar na população a capacidade de se indignar com aquilo que afeta a
todos. Se o silêncio e a letargia servem para ocultar o tanto que o PT
tem sido desleixado e medíocre, expôr e debater mais o tema servirá para
livrar a massa brasileira de semelhante destino.
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