segunda-feira, 3 de março de 2014

DILMA, SE PUDESSE, ATÉ ENTRARIA EM CAMPO para fazer um gol

Carlos Chagas 
 
 
Publicado: 3 de março de 2014 às 7:48 -Diário do Poder

Em  julho uma sombra  cobrirá  o palácio do Planalto. Caso o selecionado brasileiro conquiste a Copa do Mundo, um forte raio de sol irá desfazê-la. 

Na hipótese de perdermos, estará inaugurada uma temporada de trevas. A relação entre o futebol e as eleições pode ser injusta, mas já parece cristalizada.  

A presidente Dilma se confundirá com a vitória, no imaginário popular, assegurando a reeleição ainda no primeiro turno. 

Sobrevindo a derrota, perderá votos, podendo entrar em risco o segundo mandato.

Pela lógica, não tem nada a ver as  performances do governo e dos craques do Filipão, mas é bom notar que nem o futebol nem as eleições tem lógica. 

Uma inútil tentativa de evitar a confusão desenvolve-se no comando de campanha da presidente: se ela comparecer às partidas do início e do fim de copa, como está previsto, seus marqueteiros pretendem blindá-la, não deixando que sua imagem ganhe os telões e nem mesmo que sua presença seja anunciada pelos alto-falantes do Itaquerão e do Maracanã.   

Não vai adiantar nada. Acima e além de eventuais e inevitáveis vaias que todo governante recebe, estará no raciocínio das massas ter sido Dilma a causa da euforia, se ganharmos, ou da tristeza, se perdermos. Infelizmente, é assim que as coisas funcionam.

Em 1950 o general Eurico Dutra era o presidente da República. 

Não compareceu ao Maracanã recém-inaugurado,  poupando-se de assistir o gol de Ghiggia. 

Seu candidato, Cristiano Machado, no entanto, perdeu de goleada para Getúlio Vargas. 

Claro que mil outros fatores pesaram para seu retorno ao poder, a começar pelos benefícios que antes havia concedido aos trabalhadores, mas ninguém garante a ausência da frustração popular nas urnas. 

A vontade e até o ímpeto do eleitorado em  contrariar as elites representadas por Dutra e pelo seu candidato. 

Sessenta e quatro anos depois a copa volta a ser disputada no Brasil e o temor de Dilma e  seus assessores é de que a situação se repita. 

Mais do que a vitória de um candidato da oposição, temem a derrota da candidata da situação, causada  pelo malogro no futebol, uma espécie de simbologia do sentimento popular.  

A presidente, se pudesse, até entraria em campo para ajudar a conquistar a taça.

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