segunda-feira, 3 de março de 2014

Preços dos alugueis comerciais no centro de Brasília caem por insegurança e falta de estacionamento

3/3/2014



Somente no primeiro mês deste ano, 200 lojas fecharam as portas no Plano Piloto


Gustavo Frasão, do R7

Avenida W3 Norte já foi um dos principais centros comerciais do DF Gustavo Frasão / R7
 
Alugar um ponto comercial no Plano Piloto, área central de Brasília, está mais barato.

Por conta da violência e falta de estacionamento público, muitas empresas deixaram as asas Sul e Norte e migraram para novos centros comerciais, mais acessíveis e seguros, em outros pontos da capital federal, como Sudoeste, Águas Claras e shoppings, o que desvalorizou o centro da cidade.

O presidente da ACDF (Associação Comercial do Distrito Federal), Cleber Roberto Pires, disse que o motivo dos fechamentos não está diretamente relacionado aos valores dos alugueis que, segundo ele, estão bem aquém dos praticados pelo mercado atualmente.

— Se você tem bom movimento, não existe aluguel caro. Ele torna-se caro quando não há receita. O que nos traz a essa triste realidade é a falta de segurança e estacionamento público que, somados, afastam os clientes e geram prejuízos aos comerciantes.

Pires relatou que em 2013 quase duas mil lojas fecharam somente no Plano Piloto, quase todas por este motivo. No primeiro mês deste ano, outras 200 encerraram as atividades ou mudaram de endereços.

 
Hoje, existem quadras comerciais praticamente desertas na Asa Sul e Asa Norte. Na 503 Sul, por exemplo, 13 lojas não funcionam e 24% dos comércios locais da Asa Norte também estão fechados. É uma situação bastante preocupante.

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 Para Adelmir Santana, presidente da Fecomércio-DF (Federação do Comércio do DF), apenas a densidade populacional das quadras do Plano Piloto não é o suficiente para gerar receita e manter um comércio em funcionamento, uma vez que grande parte dos clientes vem de outras regiões administrativas. 

Ele entende que a tendência natural das coisas é que os comerciantes se "desconcentrem cada vez mais e procurem novos polos com grande fluxo de pessoas".

É importante levar em conta também o crescimento rápido do comércio eletrônico. Hoje, muitas empresas não precisam manter lojas físicas, porque faturam alto apenas com as vendas pela internet. 

Segmentado

A média do metro quadrado no Plano Piloto, para áreas comerciais, é de R$ 60. O vice-presidente do Secovi-DF (Sindicato de Habitação do DF), Ovídio Maia, disse que as lojas mais caras têm entre 105 e 210 metros, mas que o valor cobrado pelos proprietários está de acordo com a realidade.

— O dono do imóvel precisa ter algum tipo de renda pelo investimento de alugar. Isso é natural do mercado.  


O problema é que os comerciantes não têm público para comprar porque o número de assaltos aumentou consideravelmente nos últimos tempos, assim como a quantidade de veículos nas ruas. 

Maia relatou ainda que o perfil das quadras comerciais mudou radicalmente e que para uma empresa ter sucesso hoje é preciso, antes de tudo, de um estudo de público e um planejamento estratégico bem definido.

— Uma loja de informática, por exemplo, tem muito mais chances de ter bons resultados na Rua das Informáticas. Se o dono quiser abrir em outro local, o risco de fechar é grande. 


Temos a Rua da Moda, a Rua das Farmácias, a Rua das Elétricas, enfim, lugares específicos para todos os segmentos. Nestes pontos, raramente um empresário quebra.

A Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano informou, por meio de nota, que foi feito um estudo para revitalizar os estacionamentos das entrequadras nas asas Sul e Norte e que várias modificações apontadas neste projeto já foram implementadas pela Administração de Brasília.

A PMDF (Polícia Militar do DF) disse que está nas ruas com a Operação Visibilidade, com policiais em viaturas e motos patrulhando no Plano Piloto para evitar a ocorrência de furtos e roubos aos comércios.

Sobre os alugueis, o presidente da Fecomércio disse que aos poucos a sociedade vai se ajustar à nova realidade.

— Os preços cobrados nos alugueis devem diminuir aos poucos e nós, enquanto cidadãos, vamos acompanhar essas mutações.

 

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