sábado, 15 de março de 2014

Incêndio: Lá se vai mais um posto policial


É a terceira unidade consumida pelas chamas. Para especialista, são criminosos confrontando a polícia
 
Eric Zambon
eric.zambon@jornaldebrasilia.com.br


Provável vandalismo levou à destruição completa  o terceiro posto comunitário da Polícia Militar do DF este ano, entre outras unidades que já foram alvo de depredação. 


Desta vez, o posto da QR 302 de Santa Maria foi consumido pelas chamas durante a madrugada e, apesar da ação do Corpo de Bombeiros, pouco restou da base. 

Ninguém ficou ferido. Para a população,   é possível dizer que o desastre era previsível.


“Este posto está abandonado há pelo menos quatro meses. É dinheiro nosso jogado fora”, esbraveja o prefeito comunitário da cidade, Antônio Alã de Brito. 

Ele diz que a base já havia sido apedrejada antes e era só questão de tempo até algo mais grave acontecer.

 “ Já havíamos avisado a administração que não tinha policiais aqui. A praça atrai muito delinquente”, afirma.

Antônio, morador de Santa Maria desde 1990, reclama das condições de segurança da cidade e, na sua visão, o problema é a falta de ação do Estado. 


“Quando os policiais estavam no posto, esse lugar   era muito bom. 

Agora tiraram eles daqui e chegamos a isso. 

Tem   outra base   ali em cima que provavelmente vai ter o mesmo destino”, desabafa.

Abandono

O lugar apontado por Antônio é na QR 403 de Santa Maria, nas proximidades do condomínio Porto Rico. 


Instalado em local ermo, o posto comunitário parece abandonado há bastante tempo. As janelas foram arrebentadas com pedras e algumas pichações dominam o exterior. 

Dentro, restos de frutas e garrafas de refrigerante vazias indicam que alguém utilizou o espaço.

“Quando você adota essa medida de policiamento comunitário, deve ser feito de modo planejado e baseado em pesquisas. Isso não aconteceu e consequentemente temos postos instalados em lugares que talvez não sejam os melhores”, argumenta o especialista em segurança pública, Nelson Gonçalves. Ele destaca que o governo ignorou “regras básicas” de implementação e isso compromete a eficiência.

 Ele   crê que os atos sejam obras de criminosos confrontando   a polícia. “Não acredito que haja policiais fazendo ou facilitando   ação”.

Casos recentes em outras cidades do DF

A Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) admitiu outros dois casos semelhantes este ano: um na Quadra 2 do Itapoã, em 3 de março, e outro nas proximidades do condomínio Mestre D'Armas, em Planaltina, em 25 de fevereiro. 

Na Quadra 29 do Paranoá, porém, depredação parecida com a vista nos outros exemplos aconteceu semana passada, só que o posto não foi engolido em chamas por interferência rápida dos Bombeiros. 

Apesar das acusações de moradores de Santa Maria quanto ao abandono dos postos comunitários, a PMDF afirmou, por meio de sua assessoria, que eles “foram incendiados enquanto a equipe de serviço realizava patrulhamento”. 

A corporação também especulou que as depredações são represálias à ação policial.

Responsável pela investigação, a Polícia Civil   informou que ainda apura os ocorridos e se pronunciará tão logo tenha novidades. 

A prefeitura comunitária de Santa Maria afirma ter se reunido com o Conselho de Segurança da cidade em dezembro, e com a administração em dezembro, sobre o assunto, mas as reclamações não teriam sido levadas em conta. 

A Administração de Santa Maria não foi encontrada pela reportagem.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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