14/03/2014
às 6:25
O
próprio governo da Venezuela admite: já são 28 os mortos desde o início
dos protestos.
À diferença do que avalia o Itamaraty, nada indica que
as manifestações vão arrefecer nem que Nicolás Maduro cederá à razão. Ao
contrário: nesta quinta, ele fez novas ameaças, sempre subindo o tom.
Acusou, o que é mentira documentada, franco-atiradores ligados aos
protestos de praticar os assassinatos.
Familiares
de duas das vítimas, Jesus Enrique Acosta Matute, de 22 anos, e Alfonzo
Sánchez Velásquez, de 42, confirmaram ao jornal El Universal, durante
os respectivos velórios, que os tiros partiram das milícias motorizadas
que atuam em defesa do governo.
Asseguram ainda que nem um nem outro
participavam de protestos.
Esses
assassinos compõem os chamados “coletivos”, que são as milícias
chavistas. Circulam em bandos, em motocicletas, e, sob orientação de
Nicolás Maduro, enfrentam os que vão às ruas a bala e com coquetéis
molotov.
Estima-se que pelo menos 1.300 pessoas já tenham sido presas.
Até agora, a polícia não deteve um único desses delinquentes.
Os líderes
da oposição fazem ainda outra denúncia: grupos organizados estão
depredando prédios públicos, numa ação orquestrada, para jogar a
responsabilidade nos ombros dos manifestantes.
Em sua loucura, parece
que Maduro está disposto a investir numa guerra civil porque, nesse
caso, pode tentar esmagar seus adversários a bala, mas aí em larga
escala.
Os
próprios oposicionistas estão recorrendo às redes sociais para denunciar
a ação dos agentes provocadores, que desvirtuam os protestos pacíficos e
fornecem o pretexto para a ação violenta da polícia e da Guarda
Nacional Bolivariana.
Esse é o
governo que conta com o apoio incondicional da presidente Dilma Rousseff
e que recebe, em carta, a inteira solidariedade de Luiz Inácio Lula da
Silva.
A
propósito: já passou da hora de a oposição no Brasil — e mesmo os
parlamentares que, pertencendo à base do governo, não compactuem com a
ditadura — se manifestar a respeito do que se passa no país vizinho. E
têm dois bons motivos para fazê-lo.
O primeiro
diz respeito a valores: é preciso repudiar a ditadura e a truculência
do governo Maduro, que prende oposicionistas e estimula a ação de
fascistoides armados.
O segundo diz respeito diretamente à Comissão de
Relações Exteriores do Senado, uma Casa que, diga-se, foi fiadora do
ingresso na Venezuela no Mercosul: quantos mortos são necessários para
que os nossos parlamentares percebam que as questões do continente
também lhes dizem respeito?
Nenhum comentário:
Postar um comentário