sábado, março 15, 2014
O GLOBO - 15/03
Dilma tem razão: não há motivo para pessimismo. Basta olhar a situação dos seus amigos mensaleiros
Nelson Rodrigues foi novamente convocado por Dilma Rousseff. Sempre que tira os olhos do teleprompter, a presidente sofre em sua árdua missão de fazer sentido.
Dilma tem razão: não há motivo para pessimismo. Basta olhar a situação dos seus amigos mensaleiros
Nelson Rodrigues foi novamente convocado por Dilma Rousseff. Sempre que tira os olhos do teleprompter, a presidente sofre em sua árdua missão de fazer sentido.
Nelson foi o primeiro a satirizar essa esquerda
parasitária escondida atrás de bandeirolas do bem. Hoje talvez o
dramaturgo acrescentasse ao “padre de passeata” a “presidenta de
teleprompter”.
Alguém precisa avisar à assessoria de Dilma quem foi
Nelson Rodrigues. Era mais honesto quando ela traficava a imagem de
Norma Bengell.
Ao assinar contratos de concessão de rodovias, Dilma citou o companheiro Nelson para dizer que “os pessimistas fazem parte da paisagem, assim como os morros, as praças e os arruamentos”.
Ao assinar contratos de concessão de rodovias, Dilma citou o companheiro Nelson para dizer que “os pessimistas fazem parte da paisagem, assim como os morros, as praças e os arruamentos”.
Por que não acrescentar: assim como as estradas estouradas, os
aeroportos em ruínas e o sistema elétrico em estado de coma.
A paisagem
da infraestrutura brasileira hoje é tão impactante que fica até difícil
enxergar nela os pessimistas — mesmo que eles desfilem pelados contra a
mentira da conta de luz barata, e o desfalque de 12 bilhões de reais do
contribuinte para sustentá-la.
Dilma tem razão: não há motivo para pessimismo.
Dilma tem razão: não há motivo para pessimismo.
Basta olhar a situação dos seus amigos mensaleiros.
Eles montaram um duto de dinheiro público para o partido governista, na
maior engenharia já vista para roubar o Estado de dentro do Palácio do
Planalto.
Mas o otimista, ao contrário do pessimista, sempre espera pelo
milagre. E ele veio: rasurando a sua própria decisão, o Supremo
Tribunal Federal decidiu que o bando do mensalão, famoso pela monumental
arquitetura do valerioduto, não era uma quadrilha.
O esquema que envolvia ministro de Estado, tesoureiro e presidente de partido, banqueiro, funcionário público graduado e outros companheiros fiéis, todos ligados por um mesmo despachante e uma mesma base operacional, agindo de forma orquestrada e sistemática para o mesmo e deliberado fim, não constituía uma quadrilha.
O esquema que envolvia ministro de Estado, tesoureiro e presidente de partido, banqueiro, funcionário público graduado e outros companheiros fiéis, todos ligados por um mesmo despachante e uma mesma base operacional, agindo de forma orquestrada e sistemática para o mesmo e deliberado fim, não constituía uma quadrilha.
Agora o Brasil já sabe: só há quadrilha
quando os criminosos que fazem tudo isso juntos são pessimistas perdidos
na paisagem.
O discurso épico do ministro Luís Roberto Barroso, inocentando os otimistas do crime de formação de quadrilha — e liberando-os da prisão em regime fechado — é um marco de esperança para os bandoleiros solidários, que abominam as trampolinagens individualistas e neoliberais.
O discurso épico do ministro Luís Roberto Barroso, inocentando os otimistas do crime de formação de quadrilha — e liberando-os da prisão em regime fechado — é um marco de esperança para os bandoleiros solidários, que abominam as trampolinagens individualistas e neoliberais.
E assim chega ao fim o julgamento do
mensalão, com a sentença histórica prenunciando os novos tempos: agir em
bando com estrelinha no peito não é quadrilha, é socialismo.
Foi emocionante ver os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli — os já famosos Batman e Robin do PT no Supremo — voando com suas capas em defesa de Barroso e do seu Direito lírico.
Foi emocionante ver os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli — os já famosos Batman e Robin do PT no Supremo — voando com suas capas em defesa de Barroso e do seu Direito lírico.
Todo esse otimismo permitia
antever a chegada da sobremesa: a absolvição de João Paulo Cunha (o
Mandela brasileiro) do crime de lavagem de dinheiro.
A tese vencedora,
mais uma vez esgrimida com arte por Barroso, foi de que o então
presidente da Câmara dos Deputados participou da corrupção sem saber que
o dinheiro que recebia era sujo.
Era o dinheiro do mensalão, operado
por seus companheiros de cúpula do PT, mas ele, assim como Lula, não
sabia. Os otimistas são distraídos mesmo.
O ministro Luís Roberto Barroso chegou a dizer que João Paulo não sabia da origem ilícita do dinheiro porque não fazia parte da quadrilha. Logo retificou, dizendo que o réu não fora denunciado por formação de quadrilha.
O ministro Luís Roberto Barroso chegou a dizer que João Paulo não sabia da origem ilícita do dinheiro porque não fazia parte da quadrilha. Logo retificou, dizendo que o réu não fora denunciado por formação de quadrilha.
Nem precisava
esclarecer, todo mundo já sabe que quadrilha não existe. Inclusive o
governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, considerando-se o seu
rolezinho na prisão da Papuda para visitar José Dirceu, o chefe da
ex-quadrilha.
Disse Agnelo: “Eu sou governador, vou ao presídio a qualquer hora e visito quem eu quiser.” Está certo. Se Deus e a quadrilha não existem, tudo é permitido. Agnelo deve ter ido levar umas palavras cruzadas a Dirceu.
O companheiro Nelson Rodrigues dizia que a única forma possível de consciência é o medo da polícia. A desinibição da ex-quadrilha mostra que, para o PT, Nelson está definitivamente superado.
O recado de Dilma aos pessimistas servia também como resposta às críticas feitas à sua política econômica no aniversário de 20 anos do Plano Real.
Disse Agnelo: “Eu sou governador, vou ao presídio a qualquer hora e visito quem eu quiser.” Está certo. Se Deus e a quadrilha não existem, tudo é permitido. Agnelo deve ter ido levar umas palavras cruzadas a Dirceu.
O companheiro Nelson Rodrigues dizia que a única forma possível de consciência é o medo da polícia. A desinibição da ex-quadrilha mostra que, para o PT, Nelson está definitivamente superado.
O recado de Dilma aos pessimistas servia também como resposta às críticas feitas à sua política econômica no aniversário de 20 anos do Plano Real.
Os autores do plano disseram
que esse negócio de esconder inflação com tarifas inventadas e esconder
déficit público com maquiagem de contas não vai acabar bem. Mas depende
do ponto de vista.
As pesquisas apontam a reeleição de Dilma em primeiro turno, com toda a política monetária do crioulo doido, a infraestrutura em petição de miséria, a pilhagem do mensalão e do pós-mensalão, a contabilidade criativa, as ONGs piratas penduradas na floresta de ministérios, a sangria do BNDES para a Copa dos malandros e grande elenco de jogadas solidárias.
Isso não vai acabar bem para a paisagem brasileira. Mas não tem problema, porque os companheiros otimistas estão a salvo dela.
As pesquisas apontam a reeleição de Dilma em primeiro turno, com toda a política monetária do crioulo doido, a infraestrutura em petição de miséria, a pilhagem do mensalão e do pós-mensalão, a contabilidade criativa, as ONGs piratas penduradas na floresta de ministérios, a sangria do BNDES para a Copa dos malandros e grande elenco de jogadas solidárias.
Isso não vai acabar bem para a paisagem brasileira. Mas não tem problema, porque os companheiros otimistas estão a salvo dela.
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