Blog O Vespeiro
Ela anda “por baixo” e com a consciência ultra-pesada pela
contribuição que deu para a outra chegar ao poder, mas ela existe e será
tão essencial quanto todas as outras forças democráticas do país para a
estruturação da resistência contra o que vem vindo por aí.
Falo da “esquerda honesta” – os quadros oriundos da antiga
esquerda católica e os segmentos da esquerda universitária e da
intelectualidade – que, no passado, deram a chancela de qualidade e o
aval moral sem os quais o PT jamais teria chegado onde chegou, e que
começou a desertar quando, uma vez no poder, o “PT que sobrou” revelou-se como o que é.
Hoje só divide esse grupo a quantidade de coragem moral de cada um em
admitir o seu erro, declará-lo e posicionar-se claramente contra o
monstro que ajudou a criar ou omitir-se para não ter de dar o braço a
torcer. Ninguém mais tem qualquer dúvida razoável quanto à natureza do “PT que sobrou” e sobre para onde ele está levando o Brasil.
Já esse “PT que sobrou” é o que mistura a nata que boia por cima do lodo do peleguismo sindical com os restos da “esquerda armada” que atuou contra a ditadura militar – formando o “nucleo duro” de poder do partido – aos quadros do funcionalismo publico e do staff das estatais que “são de esquerda”, digamos assim, por dever de ofício.
O sindicalismo pelêgo é bandalho e antidemocrático na alma; por formação; essencialmente.
Seus quadros carregam a marca do pecado original. Quem está lá, está lá porque “é” .
São os Faustos da periferia que venderam consciente e deliberadamente a
alma à versão getulista do mesmo veneno que condenou a Itália fascista
ao desastre e a Argentina peronista ao mergulho sem fim na decadência em
que ela se afunda ininterruptamente ha quase um século:
“Crie um sindicato, não importa se algum trabalhador realmente o
tem como seu representante, que o Estado passará a te sustentar. Mas não
de graça, naturalmente…”
São eles os mercenários do Sistema de poder que o peleguismo
sustenta; os paus-pra-toda-obra que já deram provas do seu valor nas
inúmeras “eleições sindicais” disputadas na fraude e na bala porque passaram; os dispostos a tudo para permanecer agarrados à teta abocanhada.
Já a “esquerda armada” nasceu dentro de uma elite da classe média que embarcou no canto de sereia da “moral revolucionária” leninista que fez o mundo mergulhar na onda terrorista dos anos 60, 70 e 80 do ultimo século do milênio passado, quando era “chic” ser radical e “bonito” matar, principalmente inocentes, por uma “causa”.
Misturam-se em suas fileiras os idealistas autênticos que hesitaram
sempre em cruzar a linha do crime de sangue e os psicopatas que
aproveitaram essa rara “janela de oportunidade” para libertar
essa sua segunda natureza e que resistem até hoje em atravessá-la de
volta para os aborrecidos campos da paz, gente para quem sempre foi mais
importante o inebriante sentimento de onipotência proporcionado pelo
ato de matar que o “sentido político” das mortes que infligiram em nome da “causa”.
Tão mais importante que nunca hesitaram em assassinar os próprios companheiros que, por razões de “consciência burguesa” hesitaram diante do homicídio ameaçando acabar com a festa dos bebedores de sangue.
Percorra-se a lista dos crimes da “esquerda armada” e saltarão dela, imediatamente, os nomes que se repetem em todas as ações mais bárbaras. Não é mera coincidência…
Depois do Foro de São Paulo a “esquerda revolucionária” trocou oficialmente o fuzil pelos bilhões como arma de conquista do poder. Mas conservou os mesmos objetivos: “matar” adversarios, matar instituições, matar liberdades.
As nuances nas hostes dos “acima da lei” migraram intactas
para a nova realidade. Estão, todas as de sempre, representadas dentro
do governo petista onde há um ou outro gato pingado que ainda hesita em
assassinar as liberdades democráticas mais fundamentais e os que as
desprezam e apedrejam diariamente; ainda há quem mantenha algum limite
no expediente de “roubar pela causa” e quem já não enxergue
mais nenhuma fronteira entre ele e a volúpia de se locupletar, seja
porque se corromperam pelo dinheiro mesmo, seja porque se corromperam
pela onipotência que o dinheiro proporciona seja, ainda, porque
viciaram-se no ato mesmo de tomar o que não é seu e sorver a agonia da
vítima assim “justiçada”.
De qualquer maneira, uma coisa é certa. A remissão não começará senão
quando o Brasil aqui de fora redefinir seus critérios e recolocar a
fronteira no lugar de onde ela nunca deveria ter saido: na linha que
separa esquerda e direita democráticas de esquerda e direita
antidemocráticas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário