Sexta-feira, 11 de abril de 2014
Com buscas na sede da Petrobras,
no Rio de Janeiro, a Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (11) a segunda
fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro que
teria movimentado R$ 10 bilhões, com ramificações políticas e na petroleira
estatal.
As buscas na sede da Petrobras
começaram às 10h. A PF também entregou intimações no local. Além da própria Petrobras,
é alvo dessa nova etapa da operação a empresa Ecoglobal Ambiental, de Macaé
(RJ), e sua filial nos Estados Unidos, a EcoGlobal Overseas.
Por meio de convite, ambas
assinaram em 2013 um contrato com a Petrobras no valor de R$ 443,8 milhões,
segundo a PF. Na mesma época da assinatura do contrato, a empresa negociava a
venda de 75% de suas ações para uma empresa controlada pelo doleiro Alberto
Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. A documentação
aponta que o doleiro e o ex-diretor da Petrobras eram sócios em alguns
negócios.
A compra estava condicionada
"à efetivação do contrato da EcoGlobal com a Petrobras", segundo
mandado expedido pela Justiça Federal do Paraná. A proposta de compra por R$ 18
milhões está registrada numa carta-proposta confidencial assinada por Youssef,
Paulo Roberto e uma terceira empresa, a Tino Real Participações.
A Tino estaria ligada a
"crimes relacionados a fundos de pensão", segundo despacho da
Justiça, na qual o juiz manifesta sua "estranheza" que uma empresa
que obteve contrato de R$ 443,8 milhões tenha 75% de suas cotas negociadas por
apenas R$ 18 milhões. Youssef e Paulo Roberto foram
presos na primeira fase da Operação Lava Jato, por manter relações suspeitas
com políticos do PT, PMDB, PP.
A empresa investigada no Rio de
Janeiro teve pelo menos dois contratos no valor total de R$ 14,31 milhões com a
Petrobras entre 2009 e 2011 para prestar serviços de tratamento de água e
recuperação de rios. Com sede em Macaé (RJ), a empresa é fornecedora antiga da
Petrobras.
Uma das suspeitas apuradas é que
a Ecoglobal teria participado da distribuição de propina em contratos da
Petrobras, num esquema coordenado por Paulo Roberto da Costa. Ele foi preso no
dia 20 de março, sob acusação de tentar destruir provas buscadas pela PF. O
ex-diretor da Petrobras recebeu um jipe Land Rover Evoque de Youssef, no valor
de R$ 250 mil. Costa alega que o Land Rover
Evoque foi pagamento por consultorias prestadas, mas a PF tem dúvidas sobre
essa alegação.
Até as 12h, a PF havia prendido
em São Paulo um doleiro ligado à doleira Nelma Kodama. Ela foi presa no dia 14
de março quando tentava deixar o país com 200 mil euros escondidos na calcinha.
Kodama e Youssef já tiveram negócios associados, mas tudo indica que operam em
redes separadas atualmente.
Ao todo, os policiais cumprem 24
mandados, sendo dois de prisões temporárias, seis conduções coercitivas -quando
o investigado é procurado e obrigado a depor- e 16 de buscas em São Paulo,
Campinas, Macaé, Niterói e Rio de Janeiro. Originalmente, eram 24 mandados, mas
houve duas conduções coercitivas e uma busca a mais.
"O material arrecadado hoje
contribuirá para os relatórios finais dos inquéritos em andamento",
informou a PF. Até a publicação da reportagem, a
Folha não havia localizado ninguém da Petrobras e da Ecoglobal para falar sobre
a operação. (Folha Poder)
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