sexta-feira, 11 de abril de 2014
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
No caos institucional tupiniquim, com três poderes batendo
cabeça e invadindo a atribuição dos outros, será o Judiciário quem dará a
palavra final se o Legislativo pode investigar, de forma ampla ou apenas
restrita, as lambanças do Executivo.
Petistas já programam pressões de
bastidores sobre a ministra Rosa Maria Weber para ela relatar contra a
instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito exclusiva sobre a Petrobras.
Será um novo teste para a maioria governista no STF, depois da redução de penas
para alguns mensaleiros, salvos da formação de quadrilha.
Na terça-feira, a oposição tinha ingressado com um mandado
de segurança no STF para garantir a CPI. Na quarta-feira, o PT entrou com o
mesmo recurso, com pedido de liminar, para suspender a mesma CPI. Curiosamente,
o PT solicitou que seu pedido também fosse relatado por Rosa Weber – sorteada
para avaliar o questionamento dos oposicionistas. Se conseguir abafar a CPI,
será uma das vitórias históricas do PT contra a democracia, a transparência e a
governança.
Outra manobra petista é levar ao Senado, na terça-feira que
vem, a presidente da Petrobras. Maria das Graças Foster cuidaria de uma defesa
prévia do governo e da empresa na audiência pública conjunta da Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE) e da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor
e Fiscalização e Controle (CMA). O ar da Graça no Senado foi articulado pelo
senador Lindberg Farias – contra a vontade de outros companheiros petistas.
Graça no Senado pode ser gol contra. Dificilmente a coisa
deixará de ficar feia para o governo. A presidente da Petrobras terá muitas
explicações complicadas a dar. Desde as denúncias de superfaturamento em obras
de refinarias que não se concluem, passando pela desastrada compra das
refinarias Pasadena (Texas, EUA), da Nansei (Japão) e da San Lorenzo
(Argentina).
Graça terá de justificar como a amiga Dilma, nos tempos em que
presidiu o Conselho de Administração da Petrobras, aceitou fazer negócios tão
prejudiciais, como a aquisição das refinarias, a Gemini, os contratos de
aluguel de plataformas com os holandeses, o fundo BB Milenium e vários negócios
questionados por investidores na PFICO (subsidiária financeira da Petrobras).
Graça será obrigada a explicar como o governo comete o crime
eleitoral de gerar prejuízos para a Petrobras com os preços dos combustíveis
para não aumentar o custo de vida e subir o índice de inflação, baixando a
popularidade da candidata à reeleição Dilma Rousseff. Também terá de dar
detalhes sobre como era a atuação do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto
Costa, agora indiciado na Operação Lava Jato, nos negócios que envolviam a BR
Distribuidora.
Tudo que Graça disser – e o que não conseguir justificar –
só vai colocar mais combustível na possível CPI. O certo é que Graça vai
encarar os senadores com a missão de defender, previamente, a amiga Dilma. Se
vai conseguir, são outros quinhentos... Caso a CPI vingue, com a defesa bem
feita ou não por Graça, fatalmente, quem cai em desgraça é a Dilma e seu
projeto reeleitoral.
Se a CPI não for aberta, como deseja o governo, o fim do
mundo petralha será promovido pelos irados investidores externos da Petrobras.
Ninguém duvida que a casa petralha vai cair. Só não se tem, ainda, a data certa
para a implosão programada.
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