4/04/2014 às 15:53
Diga-se em
favor do ainda deputado André Vargas (PT-PR) uma coisa: ele não é um
qualquer; não é um peixe pequeno, um bagrinho, um petista do baixo
clero. Nada disso! No PT, Vargas é grande. Já foi o poderoso secretário
de Comunicação do partido, uma espécie de maestro dos blogs sujos, a
rede financiada por dinheiro público para difamar as oposições, setores
do Judiciário e a imprensa independente.
Vargas foi um dos articuladores
da queda de Helena Chagas da Secretaria de Comunicação Social. Motivo:
ela não era tão generosa — não no nível desejado ao menos — com a turma
do subjornalismo do nariz marrom. Ela tinha a ambição de operar com um
mínimo de critérios técnicos. É demais pra eles.
Vargas resolveu
também ser a linha de frente de defesa dos mensaleiros, como é sabido. O
seu protagonismo máximo na área foi erguer o punho na presença de
Joaquim Barbosa, quando este foi ao Congresso para participar da
solenidade de abertura do Ano Legislativo. Barbosa estava lá como
representante do Poder Judiciário. Ele, Vargas, vice-presidente da
Câmara e do Congresso, encarnava o Poder Legislativo. O mínimo de decoro
informava que, naquela hora ao menos, representava todos os
congressistas e todos os partidos.
Não com ele! Na Mesa do Congresso,
ele decidiu ser petista; como petista, ele decidiu fazer a defesa dos
mensaleiros; como defensor dos mensaleiros, ele decidiu afrontar o
Judiciário; como afrontador do Judiciário, ele decidiu jogar a
institucionalidade no lixo.
Mas não é
só isso, não! Vargas obedece a um grande mestre: Luiz Inácio Lula da
Silva. Alguém dirá: “Até aí, nada demais; todos obedecem!”. Não! No PT,
há uma diferença entre a obediência devida, por juízo, e a obediência
por gosto. Vargas compõe a linha de frente do movimento interno “Volta,
Lula”. Essa proximidade faz dele um conhecedor das entranhas do partido,
das suas tripas, do seu estômago, do seu intestino. O que quer que
Vargas faça, fiquem certos, Lula sabe. O que quer que Vargas faça, sem
prejuízo de obter eventuais vantagens pessoais — a ver —, ele o faz
também em favor do partido.
Um ingênuo
poderia objetar: “Espere aí, Reinaldo, quem se regalou no jatinho pago
pelo doleiro foram Vargas e sua família, não o PT inteiro!”. É verdade. A
questão é saber por que alguém que se dá a tal desfrute goza de tão
alta reputação no partido, foi escolhido para ser o vice-presidente da
Câmara e era candidato a presidi-la em 2015, já que sua reeleição para
deputado era dada como certa.
André Vargas é PT. PT é André Vargas.
04/04/2014
Oposição vai ao Conselho de Ética contra Vargas, o petista do avião pago por doleiro
Leiam o que informa Marcela Mattos na VEJA.com. Volto no próximo post.
O DEM e o PSDB anunciaram nesta sexta-feira que vão acionar o Conselho de Ética da Câmara contra o vice-presidente da Casa, deputado André Vargas (PT-PR), por ter usado um jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal em uma operação de combate à lavagem de dinheiro no país. O requerimento será protocolado no início da próxima semana.
O DEM e o PSDB anunciaram nesta sexta-feira que vão acionar o Conselho de Ética da Câmara contra o vice-presidente da Casa, deputado André Vargas (PT-PR), por ter usado um jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal em uma operação de combate à lavagem de dinheiro no país. O requerimento será protocolado no início da próxima semana.
As
investigações da Operação Lava Jato apontaram que as relações de Vargas
com o doleiro vão muito além da amizade, conforme revelou o site de
VEJA. Youssef providenciou um avião para que Vargas voasse com a família
para João Pessoa (PB), ao custo de 100.000 reais. Em quase cinquenta
mensagens interceptadas pela PF, o petista recebe orientações do
doleiro, combina reuniões e relata informações de conversas que, como
parlamentar, mantinha com integrantes do governo.
Segundo apuração dos
policiais, Vargas utiliza sua influência em benefício do parceiro, como
atestam conversas sobre o laboratório Labogen Química Fina e
Biotecnologia no Ministério da Saúde – apontadas como empresas do
esquema do doleiro.
Vargas já
deu três vezes versões sobre o uso do jatinho: inicialmente, acusou seu
adversário político, o também deputado Fernando Francischini, de
“plantar” a notícia. Depois, admitiu que pediu o avião porque os voos
comerciais estavam muito caros no período. E, quando percebeu que estava
completamente enrolado, admitiu que “cometeu um equívoco”.
Na
representação, os deputados de oposição argumentam que o uso da aeronave
pode configurar recebimento de vantagem indevida. “A cada dia surgem
mais elementos que comprovam a ligação dele com o doleiro preso. E a
explicação que deu não convenceu.
É uma situação extremamente grave, que
expõe e desmoraliza o Parlamento”, afirmou o vice-líder do PSDB, Nilson
Leitão (MT). Nesta quinta, o PSOL também protocolou pedido de
investigação à Mesa Diretora da Câmara, que deverá remeter o caso à
Corregedoria da Casa.
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