Em entrevista a rádios da Bahia nesta quarta-feira (30), a
presidente Dilma Rousseff disse que tocará sua candidatura à reeleição com ou
sem o apoio dos partidos de sua base aliada. E afirmou que não irá se importar
com as manifestações do "volta, Lula".
"Gostaria muito que, quando eu for candidata, eu
tivesse o apoio da minha base, da minha própria base. Agora, não havendo esse
apoio, a gente vai tocar em frente", disse a presidente, dois dias após
parte da bancada do PR, partido da base do governo, ter pedido a substituição
de Dilma pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na segunda-feira (28), o PR afirmou, em carta: "Certos
de que nossos compromissos não se esgotam na obra de um governo, entendemos que
o país precisa do reencontro com os princípios daquela aliança de 2002". O
trecho fez destaque às eleições em que o PR foi importante na viabilização da
eleição de Lula para seu primeiro mandato.
Sobre essas manifestações pela candidatura de Lula, Dilma
disse hoje às rádios baianas: "Sempre, por trás de todas as coisas,
existem outras explicações. Não vou me importar com isso." A seguir,
afirmou que "gosta" de ser presidente do país.
Em jantar com jornalistas esportivos no Palácio da Alvorada
na segunda-feira (28), a presidente Dilma procurou afastar rumores de que será
substituída por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, na candidatura do PT
à Presidência da República. "Nada me separa dele e nada o separa de mim. Sei da
lealdade dele a mim, e ele da minha lealdade a ele", disse Dilma. A
presidente afirmou que não há fato que possa romper sua aliança com Lula, de
quem foi ministra por dois mandatos.
A cúpula da campanha dilmista espera que o Encontro Nacional
do PT, que será realizada na próxima sexta-feira (2), crie fato político para
espantar o "volta, Lula", movimento que conta com apoio de políticos
de partidos aliados e empresários.
PESQUISA ELEITORAL
Na terça-feira (29), a CNT (Confederação Nacional do
Transporte) divulgou pesquisa do instituto MDA. O levantamento mostra um recuo
de 6,7 pontos percentuais nas intenções de voto, passando de 43,7% em fevereiro
para 37% agora. Também indica uma fuga mais nítida de intenção de votos para a
oposição em uma sondagem com margem de erro de 2,2 pontos.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) subiu de 17% em fevereiro
para 21,6%. A pesquisa foi realizada dias depois de ir ao ar propagandas
partidárias tendo o tucano como protagonista. Já o pré-candidato do PSB,
Eduardo Campos, oscilou na margem, de 9,9% para 11,8%.
A pesquisa captou os efeitos da crise da Petrobras– 30,3%
dos entrevistados disseram que têm acompanhado as notícias sobre o caso e
outros 19,9% afirmaram ter ouvido falar sobre o assunto. Para 33,4% dos que
tomaram conhecimento total ou parcial sobre o assunto, Dilma foi a responsável
pela malfadada compra de uma refinaria nos Estados Unidos.
PRONUNCIAMENTO
Visando interromper a queda nas pesquisas, Dilma e o
marqueteiro João Santana usarão amanhã o discurso do pronunciamento
nacional
por ocasião do 1º de Maio, Dia do Trabalho, para alfinetar os
adversários. Segundo a Folha apurou, ela pretende explorar, sem citar
nomes, a declaração de Aécio dada a empresários de que tomará, se
preciso,
"medidas impopulares", insinuando que isso significa achatamento
salarial e aumento do desemprego. Será, como deseja Lula e o PT, um
pronunciamento focado na "classe trabalhadora".
Sem citar a disputa eleitoral, mas em tom de campanha pela
reeleição, a própria Dilma deu ontem, em evento na Bahia, pistas do seu
discurso em rede nacional. "Tenho certeza que o povo brasileiro não vai retroagir,
voltar atrás, desistir disso que conquistamos: a redução da desigualdade
social, da maior criação de empregos que o Brasil teve", afirmou a
petista, ressaltando que, "em governos conservadores", o peso da
crise "recaía nas costas do trabalhador".
Os termos "retrocesso" e "voltar atrás",
a propósito, serão vastamente usados pela candidata e sua legenda. A
ordem é
usar eventos do Planalto para falas de forte teor político daqui para
frente. Sobre a Copa, Dilma afirmou ser possível agir com equilíbrio
se houver protestos e que está tranquila em relação ao funcionamento dos
aeroportos. (Folha Poder)
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