Relatório da Receita Federal
mostra como parte do dinheiro que saiu da Petrobras para pagamento ao Consórcio
Nacional Camargo Correa para a construção da refinaria Abreu e Lima caiu em uma
das contas da MO Consultoria, uma das empresas do doleiro Alberto Youssef. O
documento aponta que o consórcio liderado pela Camargo Correa, uma das sete
maiores empreiteiras do país, pagou R$ 26 milhões para a MO entre 2009 e 2013.
Os pagamentos teriam sido feitos em operações triangulares com a Sanko Sider e
a Sanko Serviços. Segundo a polícia, a MO é uma empresa fictícia e teria sido
criada apenas para lavagem de dinheiro.
O relatório com o fluxograma do
dinheiro serviu de base a uma das denúncias do Ministério Público Federal
contra o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, contra
Youssef e mais oito supostos cúmplices dos dois. Na semana passada, o juiz
Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba acolheu a denúncia e abriu
processo contra os acusados. Na segunda etapa da investigação, a Polícia Federal
deverá concentrar a apuração sobre a Camargo e outras empresas que fizeram
repasses a MO.
De 2009 a 2013, a Camargo Correa
e outras empresas vinculadas a construção da refinaria Abreu e Lima, em
Pernambuco repassaram R$ 90 milhões a MO de Youssef, conforme mostrou o GLOBO
na edição de ontem. Pelo laudo da polícia, em 2009, a Petrobras pagou R$ 1.029
bilhão ao consórcio da Camargo Correa encarregada da execução de parte das
obras da Abreu e Lima. A partir daí, a Camargo transferiu R$ 3,6 milhões para a
Sanko Sider Com. Imp Exportação. Na sequência a Sanko repassou R$ 3,1 milhões
para a MO.
Em 2010, a Petrobras repassou
mais R$ 919 milhões para o consórcio da Camargo. O consórcio transferiu, então,
R$ 8 milhões para Sanko Sides, que transferiu R$ 2,5 milhões para a MO. A Sanko
Sider transferiu ainda mais R$ 935 mil para a empreiteira Rigidez e R$ 1,7
milhão para a Muranno Brasil Marketing, estas duas últimas empresas também
suspeitas de serem ligadas a Youssef. Na continuidade dos repasses em em
operações triangulares, a Petrobras pagou R$ 513 milhões a Camargo, que
repassou R$ 16,3 milhões para a Sanko Sider e R$ 11,5 milhões para Sanko
Serviços. Deste total, R$ 18,1 caíram na conta da MO.
Em 2012, a Petrobras desembolsou
R$ 472 milhões. A Camargo repassou R$ 28,7 milhões para a Sanko Sider e R$ 2,9
milhões para a Sanko Serviços. A partir daí o dinheiro foi repartido : R$ R$
5,1 milhões foram para a MO, R$ 1,6 milhão para a empreiteira Rigidez e R$ 3,27
milhões para a Muranno Brasil Marketing. Auditores do Tribunal de Contas da
União identificaram superfaturamento de mais de R$ 650 milhões nas obras do
consórcio. Os dados do TCU também estão sendo usados como base para acusação
contra Youssef, Costa e outros suspeitos de envolvimento com desvios de dinheiro
da Petrobras. Em resposta ao jornal, a Camargo nega que tenha repassado
dinheiro às empresas de Youssef.
Em resposta ao GLOBO, a Camargo e
Correa afirmou que “o consórcio CNCC não pode se responsabilizar por repasses
feitos por terceiros a quem quer que seja. Jamais fez negócios ou repasses às
empresas ou pessoas citadas. Apenas efetuou pagamentos à Sanko Sider por tubos
comprados de acordo com contratos e necessidades da obra e a Sanko Sider é uma
empresa certificada pela Petrobras”, disse. (O Globo)
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