Deputados do PT ajudaram a socorrer ex-colega de partido; colegiado tentará votar parecer à noite.
Numa
manobra do PT, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados suspendeu
novamente a sessão marcada para votar parecer pela continuidade do
processo contra o deputado licenciado André Vargas, que se desfiliou do
partido. A reunião desta terça-feira, esvaziada por deputados da
legenda, centrou suas discussões na necessidade de indicar um advogado
temporário para o ex-petista e mais tarde precisou ser encerrada pelo
início das votações no plenário da Câmara.
O Conselho de Ética da Câmara se reuniu nesta tarde para decidir sobre a
admissibilidade da representação contra André Vargas no Conselho de
Ética. O parlamentar renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara e
se desfiliou do Partido dos Trabalhadores (PT) em meio às denúncias de
ligação com o doleiro Alberto Youssef. O colegiado tentará votar o
relatório de Julio Delgado, que pede a continuidade do processo, durante
a noite, entre duas sessões do plenário da Câmara...
Sem a presença de deputados do PT, a sessão demorou a começar. A
discussão em torno da necessidade de indicar um defensor dativo, que
consumiu a reunião, foi iniciada por Fábio Trad (PMDB-MS), que comentou a
necessidade de André Vargas ter um representante para evitar a anulação
da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-petista não atendeu
às mensagens encaminhadas pelo Conselho para que indicasse um advogado. O
presidente do colegiado, Ricardo Izar (PSD-SP), decidiu nomear uma
advogada de seu partido, Adrelina da Silva Carvalho, para acompanhar o
processo.
A defensora temporária abriu mão dos 20 minutos para defender Vargas.
Pouco depois, o petista Cândido Vaccarezza (SP) foi à sala da comissão
para informar que o colegiado precisava encerrar a sessão devido ao
início da ordem do dia no plenário da Câmara dos Deputados. Pelo
regimento da Casa, comissões não podem realizar votações nesse momento.
"Isso demonstra claro que o PT não saiu do processo", disse o relator
do processo no Conselho de Ética, Júlio Delgado. "Não vamos deixar de
votar a admissibilidade e reconhecer que as táticas aqui foram
protelatórias."
Para o relator, há indícios de que o ex-vice da Câmara praticou tráfico
de influência no Ministério da Saúde em favor do doleiro, preso sob
suspeita de comandar um esquema de lavagem de dinheiro. Vargas também
teria recebido vantagem indevida ao viajar com a família, nas férias, em
um avião pago por Youssef, conforme o parecer.
No início do mês, André Vargas admitiu na tribuna da Câmara ter sido
"imprudente" ao viajar no jatinho. Disse também que conhecia Youssef por
ser um empresário de sua cidade, Londrina (PR), mas que o ajudou "na
forma da lei" ao orientá-lo em uma parceria com o Ministério da Saúde.
Acuado pelas denúncias e pressionado pelo PT, Vargas chegou a anunciar a
decisão de renunciar ao cargo, mas voltou atrás um dia depois. Ele
decidiu continuar no cargo e se dedicar a sua defesa, já que a saída do
mandato não suspenderia o processo no Conselho de Ética.
Na semana passada, um pedido de vista do deputado Zé Geraldo (PT-PA)
adiou a análise da admissibilidade do processo. Aprovado o parecer, o
Conselho de Ética vai notificar André Vargas, que terá 10 dias úteis
para apresentar defesa. Depois dessa fase, o relator Júlio Delgado terá
40 dias para a fase de instrução, para ouvir testemunhas e buscar
detalhes das investigações na Polícia Federal. O deputado deverá
apresentar o parecer final em 10 dias após esse período. No final, o
Conselho de Ética vota o relatório de Delgado e encaminha ao plenário.
Antes disso, o processado poderá recorrer à Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ).
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Fonte: FERNANDO DINIZ - portal Terra - 29/04/2014 - - 18:46:44 BLOG do SOMBRA
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