29/04/2014
às 21:58
Que
vida boa, hein José Dirceu! A partir das 15h45, quando começou a surra
do Real Madrid sobre o Bayern de Munique, eu estava ocupado em fazer o
blog, em pôr no ar um programa de rádio às 18h, em ler a respeito das
peripécias dos políticos brasileiros, em saber, afinal de contas, que
diabos a Comissão de Direitos Humanos havia encontrado na Papuda.
É
estupefaciente que essa comissão tenha se deslocado até a Papuda para
constatar como sofre este patriota! Até parece que há poucos problemas
nos presídios brasileiros, não é mesmo? Ou que outros grupos vulneráveis
não estejam sujeitos às mais duras agressões. Eis uma das razões por
que as esquerdas não suportavam que a comissão fosse presidida pelo
deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Aquela história de “cura gay” —
projeto que, de resto, nunca existiu; esta é uma das maiores mentiras
contadas na política brasileira nos últimos anos — era pura cascata.
Esses valorosos moralistas gostam de aparelhar entes do estado para
proteger os de sua turma.
Vejam lá: o
presidiário Dirceu fez o que Reinaldo Azevedo — presidiário do trabalho
e do suor do próprio rosto — não pôde fazer: ver o show de bola do Real
Madrid e de Cristiano Ronaldo. De resto, está caracterizado: ele tem
privilégios no presídio — cujo chefe, na prática, é o governador Agnelo
Queiroz, do PT — a ninguém mais concedidos.
Não me
surpreende. Eis o Zé. Isso o define. Quando militante estudantil, ele
não era exatamente um carregador de piano; gostava era dos grandes
momentos, das apoteoses. Quando treinou guerrilha em Cuba, ganhou fama
de preguiçoso; não deve ter matado ninguém com as próprias mãos porque,
de fato, nunca aprendeu a atirar. Quando voltou ao Brasil como
clandestino, virou marido de uma pequena empresária, levando vida boa.
Chegou a Anistia, e ele se mandou. No governo Lula, sempre foi fiel à
causa, mas tinha o seu próprio aparato. Cassado e sem o cargo, virou um
“consultor” de empresas privadas, que operava em quartos de hotel, onde
recebia autoridades da República.
O Zé, em suma, não se aperta. O socialismo, também o seu, é um sistema para assegurar privilégios.
Por Reinaldo Azevedo
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