Obra com custo previsto em R$ 43 milhões, acabou saindo 22% mais cara.
Por Chico Sant’Anna
No início da construção, quando as árvores cinqüentenárias do balão foram detonadas a golpes de motosserras, a secretaria de Comunicação do governador Agnelo Queiroz correu em dizer que a obra tinha licença ambiental e que as árvores seriam transplantadas. Pouco tempo depois, a secretaria de Meio-Ambiente vinha a público desmentindo a secretaria de Comunicação, negando a existência de licença ambiental prévia e anunciando uma multa de R$ 140 mil, teoricamente, a ser paga pelo Departamento de Estradas de Rodagens- DER-DF, responsável pela destruição.
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Segundo o GDF, a obra custaria originalmente R$ 98 milhões, mas acabou saindo por R$ 53 milhões. O GDF e Filippelli só esqueceram um pequeno detalhe: a obra contratada originalmente, em novembro de 2013, tinha o preço, conforme placa do próprio GDF, de R$ 43.400.987,10.
Ou seja, o custo final da obra, no lugar de ter gerado economia, conforme a publicidade oficial, foi R$ 9.599.012,90 maior do que fora originalmente contratado com as empreiteiras. O que o GDF, Agnelo e Filippelli tinham que explicar é por que a obra saiu 22,12% mais cara do que o previsto.
Fotomontagem
A devastação gerada no Balão do Aeroporto foi duramente criticada pela comunidade de Brasília, afinal estavam sendo arrancadas e cortadas árvores cinqüentenárias, plantadas no início de Brasília. Espécimes que testemunharam a presença de desbravadores como Juscelino Kubistchek, Bernardo Sayão, Lúcio Costa e Israel Pinheiro, já não mais estarão presente para fornecer sombras às futuras gerações de brasilienses.
Na ocasião, o GDF afirmou que elas seriam replantadas, informação difícil de acreditar, pois muitas delas foram retiradas com a ação de motosserras. Agora, informa que foram plantadas um total de 700 mudas em substituição às retiradas para a realização da obra. Seriam 400 mudas de ipês das cores branca, roxa e amarela, 250 palmeiras e 47 flamboyants. Mas no Balão, propriamente dito, não se vê tantas árvores, assim.
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Mas no anúncio, de página inteira, veiculado na imprensa de Brasília e disponível na internet, uma foto aérea do Balão ganhou, por recursos de computação gráfica, a sombra de árvores frondosas. Como muitos brasilienses não passam por ali, a fotomontagem do anúncio que mescla imagens reais com imagens feitas no computador dá a impressão de que tudo voltou a ser como antes.
É curioso também que a peça publicitária incorpora como sendo obra do atual governo um acesso diferenciado ao Plano Piloto que atende aos motoristas provenientes do Gama, Santa Maria e Park Way. Este mergulhão foi feito há quase vinte anos durante a gestão de outro governador: Cristovam Buarque.
Em outras palavras, na propaganda oficial, o governo Agnelo fatura nas benfeitorias feitas por seus antecessores.
Todo cuidado é pouco
Também não retornou ao local a escultura Monumental Espaço Cósmico 81, de Yutaka Toyota.
Instalada no local em 1980, a obra que lembra um triangulo feito por trilhos nos quais são apostos dois cubos, foi retirada para reformas no local em meados de 2005. Nunca mais foi vista.
Construído como alternativa ao VLT que não saiu do papel, apesar de contar com recursos federais desde 2009, o túnel que passa sob o Balão do Aeroporto é bastante polêmico, mesmo depois de pronto.
Sua execução também implicou na retirada de dezenas de sibipirunas, plantadas ao longo do canteiro central da Estrada Parque Aeroporto. Na ocasião, também afirmaram que elas seriam transplantadas ao final dos trabalhos. Obras entregues e a única coisa que foi plantada no local é um guard-rail – espécie de grade protetora, separando os sentidos dos fluxos de carro.
Além disso, motoristas, como Nilo Rocha, que filmou todo o trajeto sob o balão, alertam que o mergulhão de Agnelo tende a provocar acidentes, pois no sentido Aeroporto-Plano Piloto, a pista de rolagem da esquerda é interrompida subitamente, sem qualquer alerta prévio. A pista termina num paredão de concreto que protege a lateral do viaduto dos ônibus do BRT, provenientes do Gama.
Então, todo cuidado é pouco. Para dirigir e para acreditar nas informações divulgadas pelo Governo do Distrito Federal.
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