Francisco disse que abusos foram 'camuflados com cumplicidade'.
Ele recebeu no Vaticano seis vítimas de abusos sexuais por padres.
Papa Francisco fala com fiéis durante a audiência geral em maio no Vaticano
Em suas palavras mais fortes sobre o assunto, Francisco disse às vítimas que os abusos foram “camuflados com cumplicidade” e implorou por perdão.
“Há muito tempo sinto no coração uma profunda dor, um sofrimento tanto tempo oculto, tanto tempo dissimulado com uma cumplicidade que não tem explicação”, disse o pontífice em uma comovedora homília na qual pediu várias vezes perdão.
"Diante de Deus expresso minha dor pelos pecados e crimes graves de abusos sexuais cometidos pelo clero contra vocês e humildemente peço perdão", afirmou o Papa, que reconheceu que os líderes da Igreja "não responderam adequadamente às denúncias de abuso apresentadas por familiares e por aqueles que foram vítimas de abuso", disse.
"Os pecados de abuso sexual contra menores por parte do clero têm um efeito virulento na fé e na esperança em Deus", acrescentou. "Não há lugar na Igreja para os que cometem estes abusos, e me comprometo a não tolerar o dano infligido a um menor por parte de ninguém", ressaltou o chefe da Igreja católica.
Para o Papa, os autores destes crimes não apenas cometeram atos reprováveis, mas também profanaram a imagem de Deus.
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Francisco também disse que sente o peso da dor e dos suicídios das
vítimas de abusos. “Alguns sofreram inclusive a terrível tragédia do
suicídio de um ser querido. As mortes destes filhos tão amados por Deus
pesam no coração e na minha consciência e de toda a Igreja”, afirmou.- Papa Francisco pede perdão por atos de padres que abusaram de crianças
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Francisco recebeu pela primeira vez no Vaticano seis vítimas de padres pedófilos.
O pontífice recebeu dois britânicos, dois alemães e dois irlandeses que sofreram abusos sexuais de religiosos.
O encontro aconteceu na residência privada de Francisco no Vaticano, a Casa Santa Marta, onde ele mora desde sua eleição como pontífice em março de 2013.
A reunião foi anunciada pelo próprio Francisco no dia 26 de maio, durante o voo que o transportou para Roma após uma viagem ao Oriente Médio.
As vítimas assistiram à missa que o bispo de Roma preside na capela de sua residência e depois aconteceu o encontro privado.
Os nomes das pessoas presentes não serão divulgados, segundo o Vaticano.
Francisco se comprometeu desde o início a lutar contra a pedofilia e criou uma comissão para a proteção da infância, que tem entre seus integrantes uma vítima, a irlandesa Mary Collins.
Apesar dos gestos, as associações de vítimas consideram que a Igreja não está fazendo todo o possível para impedir que padres abusem sexualmente de menores de idade em todo o mundo.
Um grupo de ativistas mexicanos enviou na quinta-feira uma carta ao Papa Francisco na qual pede "decisões estruturais" para acabar com os "padres abusadores".
As vítimas pedem que as boas intenções manifestadas pelo papa virem normas específicas, explicou José Barba, ex-membro dos Legionários de Cristo, de 75 anos.
Barba foi vítima de Marcial Maciel, o falecido fundador da poderosa congregação, protagonista do maior escândalo de pedofilia da instituição, que recebeu durante décadas a proteção de João Paulo II.
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