Mundo
afora, gostamos de futebol apesar da Fifa, não por causa dela. A
entidade não viu nada de errado — além de uma faltinha, que não mereceu
nem cartão amarelo — na joelhada que Zúñiga deu nas costas de Neymar,
que lhe fraturou uma vértebra. É uma decisão indecente. Isso quer dizer
que a Fifa considera que o colombiano estava apenas disputando a bola,
mas o fez cometendo um pequeno deslize, como uma das faltas corriqueiras
habitualmente cometidas por jogadores.
Não pesou na avaliação nem mesmo
o comportamento do próprio Zúñiga, que já havia atingido o joelho de
Hulk de forma obviamente dolosa, falta digna de cartão amarelo. Ou por
outra: o rapaz estava menos interessado em jogar futebol do que em tirar
adversários do campo.
É
impressionante que tal decisão tenha sido tomada. Repito o que disse
aqui no primeiro dia: achei justa a punição ao uruguaio Suárez, até por
causa da reincidência. Futebol não se joga com os dentes. Fim de papo.
Quando, no entanto, não se pune um Zúñiga, está-se a afirmar que quebrar
a coluna de um adversário está no rol das possibilidades legítimas.
Quem quer que reveja o lance não tem o direito de desconfiar da má
intenção do jogador, a menos que o mal-intencionado seja o observador.
A Seleção
Brasileira está pagando o preço pela excessiva politização da Copa,
promovida tanto pelo lulo-petismo como pelos extremistas cretinos que
lançaram a campanha “Não vai ter Copa”. A teoria conspiratória de que o
Brasil teria comprado o resultado “pegou”. Comenta-se isso no Brasil e
mundo afora.
A exemplo de toda teoria conspiratória, quanto menos
evidências há, mais convictos seus adeptos se mostram. O principal
jogador do Brasil poderia, a esta altura, estar com a carreira
encerrada; com um pouco menos de sorte, poderia sofrer graves limitações
para sempre. Ainda assim, permanece essa bobagem de “resultados
comprados”.
Havia a
suspeita desde sempre em razão de sete anos de discurso tão patrioteiro
como ineficaz. A incompetência oficial se encarregou de não entregar as
obras de mobilidade prometidas. Fez-se apenas o essencial para garantir a
realização do torneio em si, um espetáculo que depende pouco da
eficiência do governo, felizmente!
Mas a população percebe o esforço do
governo de se apropriar do que não lhe pertence. A suspeita de muita
gente nasce dessa tentativa de manipular não os jogos — que isso o
governo não pode fazer —, mas de manipular as esperanças e a torcida dos
brasileiros. Aquele pênalti patético cavado por Fred, no jogo de
estreia do Brasil contra a Croácia, conferiu verossimilhança a uma
suspeição infundada.
É fácil
avaliar a justeza ou não da decisão da Fifa. A Seleção Brasileira passou
para a fase seguinte e não contará com Neymar. Caso os colombianos
tivessem vencido, Zúñiga estaria em campo amanhã, pronto para quebrar um
alemão. Mandaram-me um texto cretino afirmando que isso decorre do
machismo no futebol: “morder” seria uma atitude meio afeminada; já
quebrar a coluna do outro seria coisa de macho… É uma bobagem!
A Fifa
nunca puniu as patoladas em campo — sim, as próprias: meter as mãos nos
países baixos alheios, o que ocorre com frequência em campo. Não parece
ser exatamente uma atitude de macho. Vai ver a entidade ainda não
definiu se aquele que tem o equipamento averiguado deve se ofender ou se
orgulhar…
A decisão
da entidade máxima do futebol é ridícula e, se querem saber, é mais
política do que técnica. Também a Fifa percebeu que existem espertalhões
tentando usar a Copa do Mundo para fazer política e está tentando se
manter longe dessa exploração vigarista. E aí toma uma decisão estúpida
como essa. Ou por outra: responde à politicagem com politicagem.
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