Vale a pena
ler o artigo do vereador Andrea Matarazzo, publicado na Folha desta
quinta. O retrato que faz cidade de São Paulo, sob a gestão Fernando
Haddad, surge sem retoques.
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Fernando Haddad é um homem de sorte. Em sua primeira campanha, foi eleito prefeito da maior cidade do país prometendo muito, contando com a popularidade de seu padrinho político e com o desgaste de seu antecessor. No cargo, contou com a complacência dos que antes eram rigorosos fiscais. Com sua gestão ideológica, conseguiu o apoio de ONGs e grupos que atazanavam os mandatários anteriores.
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Fernando Haddad é um homem de sorte. Em sua primeira campanha, foi eleito prefeito da maior cidade do país prometendo muito, contando com a popularidade de seu padrinho político e com o desgaste de seu antecessor. No cargo, contou com a complacência dos que antes eram rigorosos fiscais. Com sua gestão ideológica, conseguiu o apoio de ONGs e grupos que atazanavam os mandatários anteriores.
Deu sorte mais uma vez ao governar em um
período de seca histórica –a falta de chuvas encobriu sua inexperiência
e o livrou do desgaste das enchentes. Quando parecia que as finanças
estavam no fundo do poço, ganhou da União a aprovação da renegociação da
dívida, que lhe dará fôlego para fazer obras que possam levantar sua
popularidade.
Sorte do prefeito, azar dos munícipes.
São Paulo nunca esteve tão abandonada. Trancado em seu gabinete, o
prefeito não vê os problemas que se acumulam. Ruas esburacadas, mato
crescendo, semáforos a piscar em amarelo a cada garoa, lixo acumulado. A
cidade não tem zeladoria. Essa é a realidade que a pintura de faixas
vermelhas no chão não consegue esconder.
A última surpresa com que os paulistanos
foram brindados foi a volta da cracolândia. Por ingenuidade ou
incompetência, o prefeito imaginou que dar hospedagem e subempregos aos
dependentes químicos pudesse tirá-los do vício.
Impossível dar certo pretender que os
dependentes vivam e trabalhem no ambiente do tráfico. Haddad
restabeleceu a cracolândia de 2004, quando os hotéis eram utilizados
pelo tráfico para hospedar usuários de drogas. Hoje é o poder público
que o faz.
É uma ironia o prefeito reclamar em sua
conta no Twitter da falta de policiamento quando a cada intervenção da
Polícia Militar no local ele é o primeiro a vociferar contra o governo
do Estado.
Haddad jogou por terra todos os avanços
que os antecessores promoveram no centro. A região está abandonada.
Marcos da cidade, como o Pateo do Collegio, a Catedral da Sé e a Sala
São Paulo, são ilhas cercadas de sujeira de dia e, à noite,
transformam-se em grandes dormitórios da população de rua, hoje
abandonada pela prefeitura.
Refém dos movimentos sociais desde as
manifestações de 2013, Haddad deixou alguns dos prédios mais simbólicos
do centro se transformarem em ocupações irregulares. Agora ele irá
destinar um quinto das unidades do Minha Casa, Minha Vida aos invasores
do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto.
Não que eles não tenham direito à
moradia. Mas ao privilegiar os militantes de um movimento protegido por
seu governo, Haddad acaba com o critério da impessoalidade e incentiva
as invasões.
Na periferia, a situação também é de
descaso. Do R$ 1,3 bilhão previsto para o programa Mananciais, que visa
urbanizar favelas nas regiões mais carentes, a prefeitura empenhou
apenas 8,1%.
As subprefeituras foram sucateadas. O
Orçamento foi reduzido em 8,3% e cada um dos 32 subprefeitos terá, em
média, apenas R$ 35 milhões para investir em obras essenciais, como a
limpeza de córregos e a pavimentação de ruas. Dos 79 projetos de combate
às enchentes, apenas 27 foram levados adiante.
O paulistano fica entre a cruz e a
caldeirinha: se não chover, ele tem um problema; se chover, a cidade
será inundada. A gestão é tão deficiente que a crítica vem até de
aliados, como a ex-prefeita que estuda trocar de partido para
enfrentá-lo nas eleições de 2016.
O prefeito, a partir do próximo ano,
terá uma folga no Orçamento. Isso graças ao abusivo aumento do IPTU que
ele impôs a todos os paulistanos sem se preocupar com as consequências
para o bolso do cidadão e a um projeto feito sob medida pela presidente
da República para tentar recuperar sua popularidade na maior cidade do
país, onde foi derrotada por Aécio Neves.
Esse projeto busca resolver um problema
causado pelo próprio PT, já que o serviço da dívida só aumentou porque a
ex-prefeita Marta Suplicy não cumpriu o contrato. Mais dinheiro, porém,
ajudará um prefeito que não consegue tirar nenhum projeto do papel?
Para azar de nós, paulistanos, a resposta é não. A cidade, com Haddad no
comando, não tem como melhorar. É muita promessa e pouca ação.
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