quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Copom sobe juro para 11,75%: mais estelionato eleitoral

03/12/2014
às 20:41 \ Economia

VEJA


Alexandre Tombini, presidente do BC


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros (Selic) de 11,25% ao ano para 11,75% ao ano. Foi a segunda alta seguida dos juros. A primeira elevação foi feita somente três dias após à reeleição da presidente Dilma.


A nova alta era esperada pelo mercado. O BC teve de apertar a política contra a inflação pela persistência da alta de preços. O índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 6,59%, acima do teto da meta estabelecida pela própria equipe econômica.


O que o governo está fazendo agora é “correr atrás da curva”, pois deixou a inflação atingir patamares desconfortáveis e por lá permanecer por tempo demais. A medida comprova que o BC de Dilma é politizado, pois deixa claro que não havia independência para agir antes, por conta do processo eleitoral. Alexandre Tombini, presidente do BC, deveria explicar por que não subiu a taxa de juros antes, uma vez que a inflação já estava bem acima da meta.


Trata-se de mais uma evidência do estelionato eleitoral em curso. Após a vitória de Dilma nas urnas eletrônicas, seu governo começa a agir de forma diametralmente oposta àquela vendida na campanha eleitoral para os mais leigos. Alta de juros foi algo associado aos tucanos, que seriam ligados aos banqueiros e insensíveis para com os pobres.


A medida do Copom é acertada do ponto de vista técnico, e chega inclusive tarde demais, pois vários economistas apontavam tal necessidade antes. Mas fica exposta a falácia da campanha de Dilma, que deseduca a população mais ignorante.


O barato sai caro. O governo Dilma manteve a taxa de juros artificialmente reduzida por tempo demais, de olho apenas nas eleições e também por equívocos ideológicos dos desenvolvimentistas. Agora precisa jogar a taxa para cima, colocar o Brasil na liderança das maiores taxas de juros do mundo, enquanto em termos de crescimento estamos na rabeira do ranking.


Não resta mais a menor sombra de dúvida: a “nova matriz macroeconômica” foi um completo fracasso, os nacional-desenvolvimentistas produziram apenas estagflação (estagnação econômica com alta inflação), e isso nada tem a ver com o resto do mundo. A candidata Dilma mentiu, e muito. A presidente Dilma terá de arcar com os custos dessas mentiras. E o povo também, com crédito mais caro e atividade econômica menor.


Rodrigo Constantino

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