Renato Duque,
homem de José Dirceu, solto ontem da carceragem da PF em Curitiba,
depois de um suspeitíssimo habeas corpus concedido pelo ministro do STF
mais amado pelo PT: Teori Zavascki.
Em depoimentos sob
delação premiada, os diretores da empreiteira da Toyo Setal Julio
Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto admitiram participação no
pagamento de pelo menos R$ 152 milhões de propinas vinculadas a
contratos com a Petrobras. Os principais beneficiários teriam sido o lobista Fernando Soares, o
Fernando Baiano, e os ex -funcionários da Petrobras Renato Duque,
indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu, e Pedro Barusco.
Os depoimentos foram divulgados pela Justiça Federal nesta quarta,
após pedido da defesa de empreiteiros presos na Operação Lava Jato. Os
pagamentos teriam ocorrido entre 2005 e 2012. A maior propina,
relatada por Camargo, foi destinada a Baiano, preso pela PF e suposto
braço do PMDB na estatal, segundo a investigação.
Baiano teria cobrado US$ 40 milhões (R$ 102 milhões, em valores
atuais) para viabilizar a venda de duas sondas da Samsung à Petrobras.
Camargo atuou como um corretor da Samsung, recebendo uma comissão de US$
53 milhões. Foi daí que saiu o dinheiro para a propina. Os valores foram depositados em contas de Baiano no exterior, por
meio de uma das empresas de consultoria de Camargo. Ele diz que os
executivos da Samsung não sabiam que o dinheiro iria para o lobista.
Em seguida estão as propinas à dupla formada por Duque, então diretor
de Engenharia e Serviços da Petrobras, e Barusco, seu gerente-executivo
de Serviços. Na soma de valores mencionados por Mendonça Neto, o
montante entregue aos dois está entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões.
Camargo foi mais específico na forma como o esquema funcionava. Nos
contratos da construtora Camargo Corrêa, ele explicou que a sua função
era "viabilizar os compromissos na área de engenharia, isto é, efetivar
os pagamentos das propinas exigidas". O valor do pagamento a Duque e Barusco era incluído no pagamento que a
empreiteira lhe pagava como consultor.
Da comissão de R$ 48 milhões que
recebeu por um contrato de obras com a refinaria Getúlio Vargas (Repar),
no Paraná, Camargo teria repassado R$ 12 milhões aos ex-funcionários da
estatal. O dinheiro, afirmou, foi enviado ao exterior com ajuda do
doleiro Alberto Youssef, também delator da Operação Lava Jato.
Camargo mencionou outras duas obras em que houve pagamento de
propinas, mas não detalhou os valores: a construção da unidade de
hidrogênio do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), em
2012, e as obras de modernização da Revap (Refinaria Henrique Laje), em
2007. Nesses casos, as propinas seriam destinadas a Duque, Barusco e ex-diretor de Abastecimento do Paraná Paulo Roberto Costa.
A reportagem tentou entrar em contato a defesa do vice-presidente da
Camargo Corrêa Eduardo Leite, preso na carceragem da Polícia Federal em
Curitiba, mas não houve resposta. (Valor Econômico)
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