Até o fim do mês, o déficit financeiro do GDF chegará a R$ 3,5 bilhões e a equipe econômica da atual gestão responsabiliza Agnelo Queiroz
jessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br
A primeira semana útil do ano foi de incertezas na tentativa de organizar a casa.
O Governo do Distrito Federal (GDF) até tentou adiantar uma parcela da verba da União para arcar com as dívidas que se acumulam desde o ano passado, mas não conseguiu.
A atual gestão coloca a culpa da crise no governo anterior e especialistas ressaltam que a falta de planejamento afeta toda a sociedade brasiliense, que, por sua vez, encontra montes de lixo, asfaltos danificados e cheios de buracos; problemas na saúde e na educação; e mato alto por falta de manutenção.
Até o fim do mês, o déficit financeiro do GDF chegará a R$ 3,5 bilhões e a equipe econômica da atual gestão responsabiliza Agnelo Queiroz pela herança de um rombo de mais de R$ 3,16 bilhões nos caixas públicos.
Nem a previsão de receita para janeiro, de R$ 2,093 bilhões, ajuda a reverter o quadro e, novamente, trabalhadores não encontraram nas contas o valor relativo ao mês trabalhado no quinto dia útil.
Em atraso
A auxiliar de enfermagem Dejeny Rosa, de 50 anos, estava no vermelho até sexta-feira: “Na minha casa a água, a luz e até a alimentação estão atrasadas”. A alternativa para se virar foi um empréstimo feito pelo marido. “Meu filho também está ajudando, coisa que nunca foi preciso. O cartão de crédito dele está comigo”, destaca.
Professora do GDF há 23 anos, Silmara Hohmann, 49 anos, lamenta a situação que enfrenta por causa dos atrasos de salários. “Isso me prejudicou muito. Tenho contas para pagar e, se pagamos atrasado, correm juros. Para piorar, o banco cancelou meu cheque especial", conta.
Além disso, Silmara sequer consegue descansar durante as férias. "Depois querem que os professores estejam descansados e preparados para o início do ano letivo", reclama. A professora deve esperar até a próxima semana para receber, já que o governo começou os pagamentos pela Saúde.
O quadro crítico se arrasta pelas ruas do DF e pelos bolsos da população desde o último trimestre do ano passado. Isso prejudicou as vendas de Natal e já levou milhares à porta do Palácio do Buriti em protesto. Nesta semana, o Jornal de Brasília. mostrou que servidores e terceirizados se dizem cansados de sentir os reflexos da crise, que impacta também no acúmulo de renda na região.
Comerciantes sofrem as consequências
Sem salários, os clientes somem e a arrecadação cai. Todos são obrigados a conviver com problemas na limpeza e manutenção urbana, falta de insumos e de profissionais nos hospitais, e agora também a polêmica do adiamento do ano letivo.
“Parece que os problemas só se acumulam”, critica Olívia Machado. Aos 34 anos, ela é gerente de uma farmácia na Asa Norte e garante que a crise do GDF influencia diretamente as realidades comercial e pessoal da sociedade.
“Não tem dinheiro no comércio. Mesmo sendo mês de férias, as vendas caíram muito em relação ao no passado”, conta. Ela estima que a arrecadação tenha diminuído de R$ 30 mil a R$ 40 mil: “Tenho clientes que dizem que não podem comprar porque até hoje não receberam salário ou 13º. Muitos são da área da saúde e também não tiveram horas-extras. Neste mês está difícil pagar as contas”.
Rodoviários
Essa dificuldade se acumula pelo menos desde setembro de 2014 e as constantes paralisações dos rodoviários também tiveram consequências negativas para a arrecadação. A esperança é que, nesta gestão, essa situação não se repita. “Tivemos que buscar os funcionários em casa. Quem conseguia trabalhava em dobro”, lembra Olívia.
“Isso sem falar nos hospitais públicos. Com os médicos sem fazer hora-extra, a espera é longa”, reclama. Recentemente, quando precisou recorrer aos serviços de saúde por uma doença da filha, de cinco anos, Olívia ficou mais de cinco horas aguardando por atendimento.
Ela não tem uma projeção favorável para 2015, que está apenas começando. “O rombo é muito grande. Onde vão arrumar dinheiro para pagar esse pessoal todo e arrumar tudo o que está com problema?”, indaga.
Problemas podem surgir a longo prazo
Já o especialista em gestão pública Mathias-Pereira prevê que consequências piores da má gestão anterior vão aparecer no futuro e coloca os eleitores como cúmplices e não vítimas do cenário brasiliense.
“É uma herança extremamente pesada. Nos últimos anos, uma serie de decisões foram tomadas, mas só vão aparecer agora, como os aumentos salariais. São bombas de efeito retardado que aparecerão daqui a dois ou três anos”, adverte.
O economista César Bergo entende que a crise se justifica pela queda da atividade econômica, por casos de corrupção e por falhas de planejamento. “O ex-governador quis colocar a culpa na queda da arrecadação, o que justificaria apenas parte da crise. Houve total inércia no tocante à situação da economia”, analisa. Os empresários deixaram de investir e “a retração da economia, do comércio e do turismo impacta diretamente a renda do DF”.
Apesar disso, Edson de Castro, presidente do Sindivarejista, considera que os primeiros dias do ano já demonstram um crescimento em relação ao mês passado. Isso, afirma ele, chega a ser surpreendente, mas justificável: os repasses que têm sido feitos aos poucos movimentam as vendas.
(Colaboraram Ludmila Rocha e Luis Nova)
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
Comentários
Dario Dami�o
O
incrivel é que, qualquer agente público que gasta o dinheiro público de
forma irresponsável, é aberto um PAD, podendo ir até para a cadeira. O
Agnelo ganhou passagem de férias para começar a gastar o dinheiro levado
nos EUA, quando ele não deveria nem sair de casa. A diferença dele e do
Arruda, é que o Arruda foi filmado.
Dr. Luiz Mariano
A
pergunta é porque até agora nenhum Deputado Distrital eleito ou Senador
eleito do DF saiu em defesa do direitos dos professores. A Pergunta é
porque até agora o sindicato dos Professores não entrou com um mandato
de Segurança coletivo contra o GDF para garantir e assegurar o direito
de receber. Ou porque nenhum professor ou professora entrou na Justiça
para receber oque é seu de direito e lei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário