sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

NOTA À POPULAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL




Eu, Moises Alves, SubTenente da Polícia Militar do Distrito Federal com 18 anos de serviço, diante de informações tendenciosas que vêm sendo veiculadas em relação aos Policiais Militares do DF, principalmente a entrevista de um Policial transmitida no telejornal “Balanço Geral”, de 30 de janeiro deste ano, venho por meio deste esclarecer algumas questões à população do DF.

Primeiro, esclareço que não sou pré-candidato a nada, muito menos por um mandato político; pelo contrário, abomino a sujeira que se tornou a política em todo o Brasil, em especial no Distrito Federal.

Falo por mim e não sou nenhum representante oportunista, como a imprensa procura fazer a população acreditar, mas tenho certeza que a maioria esmagadora dos meus companheiros concordará com minhas palavras.

A entrevista citada foi realizada pelo telejornal “balanço geral” com o SubTenente Edson Ricardo Pato. Na oportunidade, o policial concedeu uma longa entrevista pontuando os anseios dos policiais e bombeiros militares, sinalizando que a chamada Operação Tartaruga gerou um efeito positivo no sentido que a população e a própria imprensa passaram a observar que os militares não têm uma valorização compatível com a importância das suas atribuições. Mas a entrevista não foi mostrada em sua totalidade, dando a entender que o sucesso seria atribuído ao aumento da criminalidade.

Esclareço que NÓS, POLICIAIS, NÃO ESTAMOS EM GREVE e não apreciamos o que está acontecendo no DF nos últimos meses.

O fato é que TODOS NÓS ESTAMOS TRISTES pelo aumento da criminalidade e NÃO COMPACTUAMOS com qualquer ato que possa se confundir com apologia à criminalidade.

Por oportuno, frisando que falo por mim, pois não fui eleito representante de classe, entendo que a chamada Operação Tartaruga deixou de ser tão somente um movimento organizado em busca de valorização; o Policial Militar deixou de trabalhar além das suas obrigações não mais para simplesmente pedir valorização, mas porque está desmotivado como nunca esteve, resultado de anos de humilhação e desvalorização.

Somos tratados como servidores de segunda categoria, embora desempenhemos uma função de extrema importância para a sociedade, e temos tolhidos direitos fundamentais aos quais todos os trabalhadores têm direito, como o direito de sindicalização e greve, hora extra ou adicional noturno, ou até mesmo o de livre manifestação de pensamento. Podemos ser presos e assim ficar sem que haja um mandado judicial, quando nem o mais sórdido dos bandidos o pode!

Nossa remuneração chega a ser apenas um terço da remuneração de outros servidores da Segurança Pública no DF, não obstante esteja claro que quem protege o cidadão contra os ratos e vagabundos desta cidade é a Polícia Militar! Muito embora os Bombeiros Militares sejam os heróis salvadores de vida que todos nós conhecemos!

Por esses e por outros tantos motivos, nós militares estamos doentes, padecendo com o desestímulo. E isso, cidadão, não há regimento disciplinar do exército ou punição que resolva, mas somente o devido reconhecimento e valorização, mas não apenas do Estado, mas de você, cidadão.

O governo, por sua parte, em vez de cumprir com a valorização prometida em campanha, solta argumentos vazios por meio de uma imprensa parcial a fim de manipular a opinião pública contra esses heróis.

Argumentos covardes e mentirosos como “eles têm a melhor remuneração do país” são ventilados pela imprensa a fim de encher mentes vazias. Mentirosos, sim, porque a PMDF não é a PM mais bem paga do país. É covarde porque não se faz esse tipo de comparação, pois, a título de exemplificação, eu gasto 60% da minha remuneração apenas com a creche do meu filho e com o financiamento da minha casa, sendo que apenas com esses 60% eu viveria muito melhor no interior de Minas Gerais do que vivo aqui.

Outro argumento malicioso veiculado é o pedido de paciência do Governo, para que possa oferecer uma solução. Os líderes da categoria procuram o Governo desde o início do seu mandato para que cumpra suas promessas, mas nada é feito, e estamos há apenas dois meses de as portas se fecharem e não ter mais tempo de ser feito mais nada, o que deixaria a Segurança do DF exatamente como está agora.

“Existem muitos líderes, isso dificulta ao GDF propor uma solução”, ouvi na CBN. Engana-se, nobre Estevão Damázio. Se o GDF quisesse propor uma solução que resolvesse de vez o embate, bastaria procurar o Comando da Corporação e fazê-lo; NÃO O FAZ PORQUE NÃO QUER!

E àqueles que dizem “não está satisfeito, faça outro concurso!” informo que hoje 70%, pelo menos, dos praças da polícia militar, que são os que estão nas ruas protegendo vocês e suas famílias, estão se preparando para prestar concursos em outros órgãos de tão insatisfeito que se encontram, e a esse percentual eu me incluo, com 18 anos de serviço e no topo da carreira mas disposto a sair e iniciar uma nova carreira em outro lugar. Essa informação por acaso os deixa mais tranquilos ou aumenta sua sensação de segurança? Conheço muitos companheiros que entraram para a PMDF, mas, ao mesmo tempo, haviam sido aprovados em outros certames, mas optaram pela Polícia por ter uma remuneração inicial de até o triplo da outra carreira, mas que hoje esta outra carreira é bem melhor remunerada do que a Polícia Militar.

 Aí ficam as perguntas, para reflexão, e com elas encerro esta nota. Você acha que terá uma segurança pública melhor com toda esta insatisfação ou se houver um esvaziamento tão grande das fileiras da corporação, no caso de os policiais “pedirem pra sair”? Você acha que um homem que coloca sua própria vida em perigo em favor de uma sociedade que não reconhece o seu valor, por um Governo que o trata como um filho bastardo, poderá prestar um serviço de qualidade? A qualidade do serviço prestado é diretamente proporcional à valorização recebida; que tipo de Segurança você quer? Que tipo de segurança você merece? Nós policiais e bombeiros amamos nossa profissão e a população; precisamos de vocês, por uma segurança melhor.



SubTenente Moises - Policial sim, oportunista não.

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