Eu, Moises Alves, SubTenente da
Polícia Militar do Distrito Federal com 18 anos de serviço, diante de
informações tendenciosas que vêm sendo veiculadas em relação aos Policiais
Militares do DF, principalmente a entrevista de um Policial transmitida no
telejornal “Balanço Geral”, de 30 de janeiro deste ano, venho por meio deste
esclarecer algumas questões à população do DF.
Primeiro, esclareço que não sou
pré-candidato a nada, muito menos por um mandato político; pelo contrário,
abomino a sujeira que se tornou a política em todo o Brasil, em especial no
Distrito Federal.
Falo por mim e não sou nenhum
representante oportunista, como a imprensa procura fazer a população acreditar,
mas tenho certeza que a maioria esmagadora dos meus companheiros concordará com
minhas palavras.
A entrevista citada foi realizada pelo
telejornal “balanço geral” com o SubTenente Edson Ricardo Pato. Na
oportunidade, o policial concedeu uma longa entrevista pontuando os anseios dos
policiais e bombeiros militares, sinalizando que a chamada Operação Tartaruga
gerou um efeito positivo no sentido que a população e a própria imprensa
passaram a observar que os militares não têm uma valorização compatível com a
importância das suas atribuições. Mas a entrevista não foi mostrada em sua
totalidade, dando a entender que o sucesso seria atribuído ao aumento da
criminalidade.
Esclareço que NÓS, POLICIAIS, NÃO
ESTAMOS EM GREVE e não apreciamos o que está acontecendo no DF nos últimos
meses.
O fato é que TODOS NÓS ESTAMOS TRISTES
pelo aumento da criminalidade e NÃO COMPACTUAMOS com qualquer ato que possa se
confundir com apologia à criminalidade.
Por oportuno, frisando que falo por
mim, pois não fui eleito representante de classe, entendo que a chamada
Operação Tartaruga deixou de ser tão somente um movimento organizado em busca
de valorização; o Policial Militar deixou de trabalhar além das suas obrigações
não mais para simplesmente pedir valorização, mas porque está desmotivado como
nunca esteve, resultado de anos de humilhação e desvalorização.
Somos tratados como servidores de
segunda categoria, embora desempenhemos uma função de extrema importância para
a sociedade, e temos tolhidos direitos fundamentais aos quais todos os
trabalhadores têm direito, como o direito de sindicalização e greve, hora extra
ou adicional noturno, ou até mesmo o de livre manifestação de pensamento.
Podemos ser presos e assim ficar sem que haja um mandado judicial, quando nem o
mais sórdido dos bandidos o pode!
Nossa remuneração chega a ser apenas
um terço da remuneração de outros servidores da Segurança Pública no DF, não
obstante esteja claro que quem protege o cidadão contra os ratos e vagabundos
desta cidade é a Polícia Militar! Muito embora os Bombeiros Militares sejam os
heróis salvadores de vida que todos nós conhecemos!
Por esses e por outros tantos motivos,
nós militares estamos doentes, padecendo com o desestímulo. E isso, cidadão,
não há regimento disciplinar do exército ou punição que resolva, mas somente o
devido reconhecimento e valorização, mas não apenas do Estado, mas de você,
cidadão.
O governo, por sua parte, em vez de
cumprir com a valorização prometida em campanha, solta argumentos vazios por meio
de uma imprensa parcial a fim de manipular a opinião pública contra esses
heróis.
Argumentos covardes e mentirosos como
“eles têm a melhor remuneração do país” são ventilados pela imprensa a fim de
encher mentes vazias. Mentirosos, sim, porque a PMDF não é a PM mais bem paga
do país. É covarde porque não se faz esse tipo de comparação, pois, a título de
exemplificação, eu gasto 60% da minha remuneração apenas com a creche do meu
filho e com o financiamento da minha casa, sendo que apenas com esses 60% eu
viveria muito melhor no interior de Minas Gerais do que vivo aqui.
Outro argumento malicioso veiculado é
o pedido de paciência do Governo, para que possa oferecer uma solução. Os
líderes da categoria procuram o Governo desde o início do seu mandato para que
cumpra suas promessas, mas nada é feito, e estamos há apenas dois meses de as
portas se fecharem e não ter mais tempo de ser feito mais nada, o que deixaria
a Segurança do DF exatamente como está agora.
“Existem muitos líderes, isso
dificulta ao GDF propor uma solução”, ouvi na CBN. Engana-se, nobre Estevão
Damázio. Se o GDF quisesse propor uma solução que resolvesse de vez o embate,
bastaria procurar o Comando da Corporação e fazê-lo; NÃO O FAZ PORQUE NÃO QUER!
E àqueles que dizem “não está
satisfeito, faça outro concurso!” informo que hoje 70%, pelo menos, dos praças
da polícia militar, que são os que estão nas ruas protegendo vocês e suas
famílias, estão se preparando para prestar concursos em outros órgãos de tão
insatisfeito que se encontram, e a esse percentual eu me incluo, com 18 anos de
serviço e no topo da carreira mas disposto a sair e iniciar uma nova carreira
em outro lugar. Essa informação por acaso os deixa mais tranquilos ou aumenta
sua sensação de segurança? Conheço muitos companheiros que entraram para a
PMDF, mas, ao mesmo tempo, haviam sido aprovados em outros certames, mas
optaram pela Polícia por ter uma remuneração inicial de até o triplo da outra
carreira, mas que hoje esta outra carreira é bem melhor remunerada do que a
Polícia Militar.
Aí ficam as perguntas, para reflexão, e com
elas encerro esta nota. Você acha que terá uma segurança pública melhor com
toda esta insatisfação ou se houver um esvaziamento tão grande das fileiras da
corporação, no caso de os policiais “pedirem pra sair”? Você acha que um homem
que coloca sua própria vida em perigo em favor de uma sociedade que não
reconhece o seu valor, por um Governo que o trata como um filho bastardo,
poderá prestar um serviço de qualidade? A qualidade do serviço prestado é diretamente
proporcional à valorização recebida; que tipo de Segurança você quer? Que tipo
de segurança você merece? Nós policiais e bombeiros amamos nossa profissão e a
população; precisamos de vocês, por uma segurança melhor.
SubTenente Moises - Policial sim,
oportunista não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário