por Redação RBA
publicado
06/03/2014 14:01
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São Paulo – Quase 400 mil
processos aguardam julgamento sobre a devolução de diferenças reclamadas
por poupadores, com correções retroativas à época em que foram afetadas
por planos econômicos Cruzado (1986), Bresser (1987), Verão (1989),
Collor (1990) e Collor 2 (1991).
"No Plano Verão, por exemplo, os bancos deixaram de
corrigir a poupança de todos os poupadores que tinham contas abertas do
dia 1º ao dia 15 de janeiro de 1989 – não são, portanto, todos os
poupadores – e que não tiveram uma correção de cerca de 20% sobre o
saldo daquele mês.
Isso, atualizado desde de fevereiro de 89 até hoje,
pelos índices das poupança, que é o contrato firmado entre o poupador e o
banco, da uma diferença bem significativa no cálculo", explica Mariana
Alves Tornero, advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). "É
por isso que muitos poupadores buscaram a justiça pleiteando essa
diferença, que os bancos agora tentam com essa manobra entrando,
recorrendo ao STF, não efetuar o pagamento dos poupadores."
Mariana lembra que os planos foram tentativas dos
governos de conter a crise inflacionária na década de 1980. E argumenta
que os bancos interpretavam as leis que instituíam esses planos de
maneira incorreta, o que vem desencadeando processos na Justiça há 25
anos. E nas últimas semanas o tema voltou forte ao noticiário porque os
processos estão em sua última instância, onde não cabem mais recursos: o
Supremo Tribunal Federal (STF).
A Advocacia Geral da União e o Banco Central
pediram ao STF uma audiência pública para debater um eventual impacto da
reparação das cadernetas de poupanças, caso a ação tenha julgamento
favorável aos poupadores. A advogada do Idec considera mais um debate é
desnecessário, pois já foram feitos muitos, e uma manobra para retardar o
julgamento. Já no STF, as discussões sobre o tema começaram em novembro
do ano passado, com sustentações orais das partes envolvidas no
processo.
Agora, na reta final, o BC vem se meter na discussão, a favor dos bancos, contrário a devolução aos poupadores", relata Mariana.
Segundo ela, a AGU também surpreende ao atuar na defesa dos bancos. "O que a gente pede na Justiça é o respeito ao contrato de poupança. Um país que não respeita contrato, é um país que não demonstra uma segurança."
De acordo com a advogada, a luta pelo ressarcimento nas perdas das poupanças interessa sobretudo para as pessoas mais idosas. "Ao longo desses anos a jurisprudência foi favorável, e agora o STF está para decidir.
Nossa expectativa no Idec é que, como a justiça já vem decidindo favoravelmente os poupadores nesses planos, ela se mantenha no mesmo sentido. Ou seja, condenar o banco a ressarcir o poupador. E os poupadores são pessoas idosas, muitas já faleceram. Não é justo que essas pessoas fiquem aguardando mais tempo ainda", pondera.
Os bancos argumentam que o pagamento pedido pelos
poupadores resultaria em perdas que podem chegar a R$ 150 bilhões de
reais, o que poderia ocasionar uma crise no sistema financeiro nacional.
Estão na pauta do Supremo cinco processos, todos vindos do setor
bancário, contestando o direito ao ressarcimento dos poupadores.
O Idec pediu, por meio de petição ao STF, que não
suspenda o julgamento, cuja sessão está prevista para acontecer no
próximo dia 12 de março.
Ouça à reportagem realizada pela Rádio Brasil Atual:
registrado em:
poupadores esbulhados
perdas dos planos econômicos
idec
stf
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