Caminhos e descaminhos do Rio de Janeiro
Como última contribuição, trago para reflexão e
debate a visão que constituí sobre o estado do Rio de Janeiro.
Afasto-me temporariamente desta coluna. Tive
aqui a oportunidade de opinar sobre a economia e os programas sociais do
Brasil. A troca de ideias neste espaço foi enriquecedora. Voltarei
somente ao final de 2014. Afasto-me devido à escolha de meu nome, pelo
Partido dos Trabalhadores e diversos segmentos sociais, para ser
pré-candidato a governador do Rio de Janeiro. Como última contribuição,
trago para reflexão e debate a visão que constituí sobre o estado do RJ.
O segundo estado mais rico da União é o retrato de uma inaceitável desigualdade social e territorial. A começar pela segurança pública que privilegia a Zona Sul da cidade do Rio, onde vivem os mais ricos. Isso fica claro na análise dos dados, que mostra que de janeiro a outubro de 2013, foram registrados 30 homicídios dolosos na Zona Sul; na Zona Oeste, foram 464.
O número também cresceu na Baixada Fluminense, por exemplo, em Belford Roxo subiu incríveis 68,2% de janeiro a outubro do ano passado (em comparação com o mesmo período de 2012).
A discrepância também é grande na relação de policiais por habitantes: o bairro do Leblon, o bairro mais rico do estado do Rio, tem um policial para cada 156 habitantes; nos municípios da Baixada, Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis, a relação é de um policial para cada 1.659 moradores – em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade do Rio, a proporção é de um para 1.613.
Na educação, outros números preocupantes. O ensino médio da Rede Estadual ocupa um modesto 13º lugar entre os 26 estados e o Distrito Federal na avaliação do último Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica). Mais: um número significativo de jovens entre 18 e 24 anos não trabalha e nem estuda; 40,6% dos jovens estão desalentados em Japeri, 36,1% em Queimados e 38,8% no Jacarezinho.(tambem culpa da classe media?)
Na saúde, os resultados também são críticos. O IDSUS é o índice do Ministério da Saúde que avalia se a população está recebendo atendimento no sistema de saúde pública, bem como avalia a qualidade do serviço. O estado do RJ tem o terceiro pior desempenho do país no IDSUS – tem nota 4,58, inferior à média do Brasil. Entre as capitais, a cidade do Rio ficou na lanterna, é a pior do Brasil.
Essa realidade mostra que o estado do Rio não oferece um tratamento igual para todos. Não há no RJ uma verdadeira democracia, que tenha transparência nas compras públicas e que tenha um orçamento participativo e territorializado, para que as diferentes regiões do estado possam definir as suas prioridades e de que forma o dinheiro público será gasto.
Ponto essencial é que falta planejamento e participação da sociedade na definição de prioridades. O que houve no Rio foi uma enxurrada de recursos públicos mal utilizados.
Mas o estado do Rio tem uma enorme potencialidade para se desenvolver enquanto uma sociedade do conhecimento. Temos quatro universidades federais, três estaduais e oito centros de pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, além do Parque Tecnológico do Fundão e do Cenpes, da Petrobras.
Abrigamos ainda instituições como o IBGE, a Finep, o BNDES, o INMETRO e a Petrobras. São mais de 16 mil doutores e pesquisadores. Além disso, a indústria presente no estado do RJ tem potencialidade para absorção de tecnologia sofisticada. São exemplos os setores de petróleo e gás, da produção audiovisual, o complexo industrial da saúde e o setor da tecnologia da informação.
O estado do Rio pode criar uma rede de conhecimento com cientistas e pesquisadores, instituições de ensino e empresas para produzir tecnologia de ponta para o setor público e o setor privado. Assim, elevará a produtividade das empresas e incorporará tecnologia aos serviços públicos. Somente com mais tecnologia poderá aumentar a cobertura e a qualidade dos serviços públicos com vistas à universalização.
Para que essa sociedade do conhecimento se reproduza, a educação é fundamental. A força da educação e da juventude é decisiva, inclusive, como resposta àqueles que querem reduzir a maioridade penal e aplaudem o linchamento em vias públicas de jovens drogados que praticaram pequenos furtos. O sonho de todos é a interação do jovem rico com jovem pobre através da educação e da cultura.
O Rio já viveu a experiência histórica dos Cieps, idealizados por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Essa experiência poderia ter sido readequada aos novos tempos. Nos dias de hoje, a escola de tempo integral deveria estar dentro de um projeto de organização de uma sociedade do conhecimento. Deveria ser uma escola do livre pensamento e do despertar da curiosidade científica.
O modelo educacional do estado do Rio se afastou da proposta original dos Cieps. Se a proposta original estivesse em curso, os Cieps já seriam espaços de alta tecnologia, com formação profissionalizante, com formação de técnicos e onde a cultura (produção de cinema, teatro, poesia...) seria uma atividade permanente.
Enfim, o Rio de Janeiro possui uma realidade de desigualdade social e territorial. Infelizmente, não temos uma sociedade organizada e um governo democrático, transparente, participativo e planejador.
O estado do Rio está longe de ser uma sociedade do conhecimento, da inovação e da tecnologia - não somos mais um Rio protagonista e valorizado no Brasil.
O segundo estado mais rico da União é o retrato de uma inaceitável desigualdade social e territorial. A começar pela segurança pública que privilegia a Zona Sul da cidade do Rio, onde vivem os mais ricos. Isso fica claro na análise dos dados, que mostra que de janeiro a outubro de 2013, foram registrados 30 homicídios dolosos na Zona Sul; na Zona Oeste, foram 464.
O número também cresceu na Baixada Fluminense, por exemplo, em Belford Roxo subiu incríveis 68,2% de janeiro a outubro do ano passado (em comparação com o mesmo período de 2012).
A discrepância também é grande na relação de policiais por habitantes: o bairro do Leblon, o bairro mais rico do estado do Rio, tem um policial para cada 156 habitantes; nos municípios da Baixada, Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis, a relação é de um policial para cada 1.659 moradores – em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade do Rio, a proporção é de um para 1.613.
Na educação, outros números preocupantes. O ensino médio da Rede Estadual ocupa um modesto 13º lugar entre os 26 estados e o Distrito Federal na avaliação do último Ideb (índice de desenvolvimento da educação básica). Mais: um número significativo de jovens entre 18 e 24 anos não trabalha e nem estuda; 40,6% dos jovens estão desalentados em Japeri, 36,1% em Queimados e 38,8% no Jacarezinho.(tambem culpa da classe media?)
Na saúde, os resultados também são críticos. O IDSUS é o índice do Ministério da Saúde que avalia se a população está recebendo atendimento no sistema de saúde pública, bem como avalia a qualidade do serviço. O estado do RJ tem o terceiro pior desempenho do país no IDSUS – tem nota 4,58, inferior à média do Brasil. Entre as capitais, a cidade do Rio ficou na lanterna, é a pior do Brasil.
Essa realidade mostra que o estado do Rio não oferece um tratamento igual para todos. Não há no RJ uma verdadeira democracia, que tenha transparência nas compras públicas e que tenha um orçamento participativo e territorializado, para que as diferentes regiões do estado possam definir as suas prioridades e de que forma o dinheiro público será gasto.
Ponto essencial é que falta planejamento e participação da sociedade na definição de prioridades. O que houve no Rio foi uma enxurrada de recursos públicos mal utilizados.
Mas o estado do Rio tem uma enorme potencialidade para se desenvolver enquanto uma sociedade do conhecimento. Temos quatro universidades federais, três estaduais e oito centros de pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, além do Parque Tecnológico do Fundão e do Cenpes, da Petrobras.
Abrigamos ainda instituições como o IBGE, a Finep, o BNDES, o INMETRO e a Petrobras. São mais de 16 mil doutores e pesquisadores. Além disso, a indústria presente no estado do RJ tem potencialidade para absorção de tecnologia sofisticada. São exemplos os setores de petróleo e gás, da produção audiovisual, o complexo industrial da saúde e o setor da tecnologia da informação.
O estado do Rio pode criar uma rede de conhecimento com cientistas e pesquisadores, instituições de ensino e empresas para produzir tecnologia de ponta para o setor público e o setor privado. Assim, elevará a produtividade das empresas e incorporará tecnologia aos serviços públicos. Somente com mais tecnologia poderá aumentar a cobertura e a qualidade dos serviços públicos com vistas à universalização.
Para que essa sociedade do conhecimento se reproduza, a educação é fundamental. A força da educação e da juventude é decisiva, inclusive, como resposta àqueles que querem reduzir a maioridade penal e aplaudem o linchamento em vias públicas de jovens drogados que praticaram pequenos furtos. O sonho de todos é a interação do jovem rico com jovem pobre através da educação e da cultura.
O Rio já viveu a experiência histórica dos Cieps, idealizados por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Essa experiência poderia ter sido readequada aos novos tempos. Nos dias de hoje, a escola de tempo integral deveria estar dentro de um projeto de organização de uma sociedade do conhecimento. Deveria ser uma escola do livre pensamento e do despertar da curiosidade científica.
O modelo educacional do estado do Rio se afastou da proposta original dos Cieps. Se a proposta original estivesse em curso, os Cieps já seriam espaços de alta tecnologia, com formação profissionalizante, com formação de técnicos e onde a cultura (produção de cinema, teatro, poesia...) seria uma atividade permanente.
Enfim, o Rio de Janeiro possui uma realidade de desigualdade social e territorial. Infelizmente, não temos uma sociedade organizada e um governo democrático, transparente, participativo e planejador.
O estado do Rio está longe de ser uma sociedade do conhecimento, da inovação e da tecnologia - não somos mais um Rio protagonista e valorizado no Brasil.
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