PORQUE ACEITEI SUBMETER O MEU NOME À CONVENÇÃO DO PSOL/DF QUE ESCOLHERÁ O CANDIDATO DO PARTIDO AO SENADO FEDERAL
Aldemario Araujo Castro
Mestre em Direito
Procurador da Fazenda Nacional
Professor da Universidade Católica de Brasília
Conselheiro Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (pela OAB/DF)
E-mail: aldemario@aldemario.adv.br
Brasília, 21 de abril de 2014
Fui convidado, neste mês de abril, a submeter o meu nome à convenção do
PSOL/DF (1) que escolherá, em junho, o candidato do partido ao Senado Federal. O
convite partiu da corajosa pré-candidata a Vice-Presidente da República Luciana
Genro, da atuante Presidente do PSOL/DF Juliana Selbach, do combativo
pré-candidato a Deputado Distrital Rodolfo Mohr e da incansável pré-candidata a
Deputada Federal Maria Lucia Fattorelli.
Consultei vários colegas, amigos e familiares acerca do convite. Apesar de
inúmeras ponderações acerca das dificuldades e desgastes de um processo
eleitoral, invariavelmente foram realizados registros de incentivo e
concordância. A maior parte das manifestações apontaram para a ampla expectativa
da sociedade no sentido do surgimento de pessoas dispostas a mostrar que é
possível fazer política com seriedade e em bases significativamente diferentes
daquelas observadas cotidianamente na grande maioria dos meios políticos
tradicionais.
Esse foi um pontos mais importantes para a tomada de decisão no sentido da
aceitação. Afinal, vivemos uma triste quadra de enorme deterioração dos costumes
políticos e sucessão de todos os tipos possíveis e imagináveis de escândalos de
corrupção. Uma das vertentes mais lamentáveis desse cenário consiste no
protagonismo desses episódios por conhecidos personagens que num passado recente
assumiram compromissos de lutar por uma sociedade mais justa e
igualitária.
Nessa seara, não é exagero afirmar que a honestidade, retidão de caráter e vivência efetiva de um padrão moral elevado no trato da coisa pública assumem uma perspectiva revolucionária (profunda e paradigmática transformação de modelos político-sociais de atuação). Assim, a sociedade reclama, com justa razão, a apresentação de candidaturas e projetos políticos fortemente comprometidos com esses valores.
Importa afirmar e reafirmar que honestidade no campo da política não basta.
Em outras palavras, a honestidade é necessária mas não é suficiente. É
preciso mais, muito mais. As abissais desigualdades observadas na sociedade
brasileira, definidoras de um quadro de gravíssima injustiça social, são
resultados de mecanismos socioeconômicos bem definidos e cuidadosamente
construídos no plano institucional.
As principais características do modelo implementado, algumas delas
profundamente articuladas, são as seguintes:
câmbio flutuante;
metas de superávit primário e de inflação;
intenso endividamento do Estado;
juros altíssimos;
desnacionalização do parque produtivo;
enorme concentração da propriedade rural;
financiamento externo baseado na exportação de minerais e produtos agrícolas;
atração de recursos financeiros oriundos da especulação internacional;
sistema tributário profundamente injusto;
concentração e elitização da grande mídia;
elevada distorção e deterioração da estrutura político-partidária;
considerável descaso com a necessidade de uma profunda e abrangente revolução educacional; degradação crescente do espaço urbano;
baixíssima atenção para com os mecanismos de planejamento e gestão eficiente das ações do Poder Público, notadamente em setores estratégicos como energia, comunicação, tecnologia, agricultura familiar, transporte, saúde e saneamento;
significativo desprezo pelo meio ambiente e o cultivo de uma “cultura” baseada em valores extremamente deletérios, tais como o consumismo, a ditadura da aparência e das mais mais variadas formas de futilidade e superficialidade e um considerável incentivo à violência física e simbólica.
câmbio flutuante;
metas de superávit primário e de inflação;
intenso endividamento do Estado;
juros altíssimos;
desnacionalização do parque produtivo;
enorme concentração da propriedade rural;
financiamento externo baseado na exportação de minerais e produtos agrícolas;
atração de recursos financeiros oriundos da especulação internacional;
sistema tributário profundamente injusto;
concentração e elitização da grande mídia;
elevada distorção e deterioração da estrutura político-partidária;
considerável descaso com a necessidade de uma profunda e abrangente revolução educacional; degradação crescente do espaço urbano;
baixíssima atenção para com os mecanismos de planejamento e gestão eficiente das ações do Poder Público, notadamente em setores estratégicos como energia, comunicação, tecnologia, agricultura familiar, transporte, saúde e saneamento;
significativo desprezo pelo meio ambiente e o cultivo de uma “cultura” baseada em valores extremamente deletérios, tais como o consumismo, a ditadura da aparência e das mais mais variadas formas de futilidade e superficialidade e um considerável incentivo à violência física e simbólica.
O Brasil figura como a sétima economia do mundo e um dos líderes
globais no quesito da exploração da maioria de sua população (estudantes,
trabalhadores, juventude e classes médias).
Essa triste contradição somente começará a ser superar quando realmente desmontar os vários e sofisticados mecanismos institucionais de reprodução das desigualdades. Não deve ser esquecida a necessidade estratégica de superação do capitalismo financeiro como modelo de sociedade fundado na mercantilização da vida social com todas as nefastas consequências daí decorrentes.
Essa triste contradição somente começará a ser superar quando realmente desmontar os vários e sofisticados mecanismos institucionais de reprodução das desigualdades. Não deve ser esquecida a necessidade estratégica de superação do capitalismo financeiro como modelo de sociedade fundado na mercantilização da vida social com todas as nefastas consequências daí decorrentes.
Esse é o segundo e nobre motivo para a aceitação do desafio relacionado com
a candidatura ao Senado Federal. Afinal, a tribuna da Câmara alta do Parlamento
brasileiro pode ser convertida num importante e privilegiado espaço de denúncia
e tentativa de modificação, com os seus naturais limites, desses mecanismos e
instrumentos de criação e reprodução de desigualdades, discriminações e
explorações.
Existe ainda um terceiro motivo básico para a aceitação do convite. É
justamente aquele que articula as duas razões anteriores. É possível construir
um conjunto de propostas que materializem as preocupações anteriores já na
campanha e no curso do exercício de um eventual mandato parlamentar. Destaco,
nessa linha, um conjunto preliminar de ideias a serem devidamente
trabalhadas, ampliadas e consolidadas em três perspectivas distintas:
I. CAMPANHA
a) total ausência de financiamento por parte de pessoas jurídicas
(empresas, incluídos bancos) (2);
b) contribuições financeiras somente de pessoas físicas no limite da
legislação eleitoral em vigor;
c) divulgação eletrônica (na internet) em tempo real das finanças da
campanha (contribuições e gastos);
d) campanha eleitoral baseada na cidadania ativa (onde cada
eleitor-apoiador busca influenciar, num debate político de qualidade, o maior
número possível de pessoas acerca da justeza da candidatura);
e) atenção direta, física e eletrônica, para cada eleitor ou conjunto de
eleitores (com resposta efetiva a questionamentos e promoção de um debate
político profundo e de qualidade, inclusive na forma de reuniões com qualquer
número de interessados);
f) completo repúdio a todas as formas tradicionais e deletérias de fazer
campanha eleitoral, notadamente aquelas fundadas no uso indiscriminado de
recursos financeiros suspeitos para “compra” de cabos eleitorais, votos e
espaços de influência dos eleitores.
II. ATUAÇÃO PARLAMENTAR
a) não-utilização de nenhuma “mordomia” relacionada com o exercício do
mandato, especialmente carro oficial (substituído pela utilização de meu veículo
particular e pelos meios públicos de transporte) e viagens em aviões da Força
Aérea Brasileira (substituídos pela utilização de aviões comerciais
comuns);
b) permanente prestação de contas do exercício do mandato, inclusive com a
manutenção de uma estrutura de apoio que possa efetivamente responder aos
questionamentos e sugestões dos cidadãos, viabilizando um constante debate
político com o conjunto da sociedade;
c) utilização da tribuna do Senado para dar voz diretamente ao cidadão com
a leitura de pronunciamentos elaborados pelos eleitores (que poderão registrar
para o mundo político, imprensa e sociedade suas ideias, inquietações e
protestos);
d) constituição de um comitê de apoio e fiscalização do exercício da
atuação político-parlamentar composto por representantes de eleitores e
segmentos organizados da sociedade civil buscando a construção de um mandato
popular e coletivo, inclusive com a realização de assembleias periódicas;
e) utilização do mandato para dar visibilidade e consequência institucional
às reivindicações dos vários segmentos sociais organizados, notadamente por
intermédio de audiências públicas e instrumentos congêneres.
III. PROPOSTAS PROGRAMÁTICAS
a) atuação em defesa da implementação de uma reforma política de cunho
democrático e popular (2);
b) implementação de medidas específicas de combate à corrupção nas suas
várias formas e vertentes (3);
c) combate aos vários e sofisticados mecanismos institucionalizados de
subtração de recursos financeiros das políticas públicas e áreas sociais
(educação, saúde, transporte, lazer, cultura, esportes, entre outros) com
transferência desses valores para segmentos socioeconômicos privilegiados da
sociedade brasileira, notadamente o sistema de geração e pagamento da dívida
pública (4);
d) luta pela realização da auditoria da dívida pública brasileira, prevista
no art. 26 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, cujo serviço tem
consumido mais de 40% (quarenta por cento) dos recursos do orçamento federal a
cada ano, a fim de que se constate qual é a contrapartida dessa dívida para a
sociedade que arca com o seu pagamento (4);
e) defesa de uma reforma tributária pautada na realização da justiça fiscal
(eliminando privilégios e equalizando a carga tributária em função da capacidade
contributiva de cada segmento social) e no fortalecimento da Administração
Tributária (5);
f) participação ativa na luta contra às várias e inaceitáveis modalidades
de discriminações, preconceitos e opressões que tristemente são verificadas na
sociedade brasileira (em razão da cor, classe, origem social, gênero, orientação
sexual, opção religiosa, etc);
g) defesa de uma real transformação da segurança pública no Brasil para seu
necessário alinhamento com a noção constitucional de Estado Democrático de
Direito, que rejeita a militarização da polícia e da política, a criminalização
da pobreza e busca um debate sério, consequente e construtivo acerca do uso e
comercialização de todos os tipos de “drogas” (tabaco, álcool, maconha,
etc);
h) inserção ativa no debate acerca da redução da maioridade penal,
esclarecendo que tal medida não produz resultados efetivos no recuo dos níveis
de criminalidade e mascara o verdadeiro problema de fundo representado por um
modelo socioeconômico perverso e excludente;
i) questionamento da política econômica atual, que adota os dogmas ditados
pelo sistema financeiro internacional, propondo medidas que direcionem a outro
modelo no sentido da promoção do efetivo desenvolvimento socioeconômico do país
e a garantia dos direitos humanos fundamentais.
O desafio foi aceito. Sou pré-candidato a Senador da República pelo PSOL/DF. Se a convenção do partido chancelar a postulação, o cenário político-eleitoral de outubro contará com uma candidatura radical.
Resgata-se, assim, o nobre, utópico e libertário sentido da palavra
radical, cuidadosamente distorcido ao longo do tempo para dificultar a
denúncia e a crítica que vai a raiz e a essência de uma realidade social
radicalmente desigual, injusta e
discriminatória.
Em suma, será uma candidatura radicalmente orientada pela
honestidade e por forte conteúdo popular e democrático comprometido com
profundas transformações no sentido da construção de uma sociedade livre, justa
e igualitária.
NOTAS:
(1) PSOL – Partido Socialismo e Liberdade (http://www.psol50.org.br)/.
(2) Por uma reforma político-eleitoral popular e democrática (http://www.aldemario.adv.br/refpolpopdem.pdf).
(3) O combate efetivo à corrupção exige propostas específicas (http://www.aldemario.adv.br/corrupcaopropostas.pdf).
(5) Quanto custa o Brasil pra você? Parte I – Os números (http://www.aldemario.adv.br/quantoparte1numeros.pdf). Parte II
– Reforma Tributária (http://www.aldemario.adv.br/quantoparte2reforma.pdf).
Convidado por Luciana Genro, pré-candidata a vice-presidente da República, o conceituado procurador da Fazenda Nacional Aldemario Araújo Castro decidiu disputar convenção do PSOL a fim de sair candidato ao Senado no Distrito Federal.
O procurador, que integra o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, quer colocar em prática uma campanha radical, com total ausência de financiamento por parte de pessoas jurídicas (empresas, incluídos bancos), contribuições financeiras somente de pessoas físicas, no limite da legislação, e divulgação online, em tempo real, das finanças da campanha.
Além da campanha diferenciada, Aldemario promete abrir mão de qualquer “mordomia” relacionada com o mandato, especialmente carro oficial e viagens em aviões da Força Aérea Brasileira, bem como uma ampla atuação em defesa de reforma política e tributária, do combate à corrupção e pela realização de auditoria da dívida pública brasileira.
Pegando a onda das manifestações no ano passado, o procurador afirma que “a sociedade reclama, com justa razão, a apresentação de candidaturas e projetos políticos fortemente comprometidos com esses valores” de honestidade, retidão de caráter e vivência efetiva de um padrão moral elevado no trato da coisa pública.
Campanha radical
Procurador quer disputar Senado pelo PSOL-DF sem dinheiro de empresas
Aldemario Araújo Castro também promete um mandato radical, sem “mordomias”
Publicado: 21 de abril de 2014 às 20:01Diario do Poder
Convidado por Luciana Genro, pré-candidata a vice-presidente da República, o conceituado procurador da Fazenda Nacional Aldemario Araújo Castro decidiu disputar convenção do PSOL a fim de sair candidato ao Senado no Distrito Federal.
O procurador, que integra o Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, quer colocar em prática uma campanha radical, com total ausência de financiamento por parte de pessoas jurídicas (empresas, incluídos bancos), contribuições financeiras somente de pessoas físicas, no limite da legislação, e divulgação online, em tempo real, das finanças da campanha.
Além da campanha diferenciada, Aldemario promete abrir mão de qualquer “mordomia” relacionada com o mandato, especialmente carro oficial e viagens em aviões da Força Aérea Brasileira, bem como uma ampla atuação em defesa de reforma política e tributária, do combate à corrupção e pela realização de auditoria da dívida pública brasileira.
Pegando a onda das manifestações no ano passado, o procurador afirma que “a sociedade reclama, com justa razão, a apresentação de candidaturas e projetos políticos fortemente comprometidos com esses valores” de honestidade, retidão de caráter e vivência efetiva de um padrão moral elevado no trato da coisa pública.
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