Por Nilson Borges Filho (*)
A
presidente Dilma Rousseff, que a cada pesquisa de opinião desce morro
abaixo na avaliação dos eleitores, optou pelo descaramento explícito na
tentativa de estancar a sangria. Autoridades públicas podem – no estrito
cumprimento do papel que exercem – utilizar-se dos meios de comunicação
para pronunciamentos à sociedade, sobre assuntos de interesse da
população, como, por exemplo, comemorações de datas festivas.
O
dia do trabalhador é uma dessas datas em que o presidente da República
se dirige ao público, através das redes de tevê e radiodifusão, para
saudar a todos aqueles que contribuem ou contribuíram para a riqueza do
país. É em toda as medidas um pronunciamento oficial da presidente da
República que de atingir os brasileiros, independentemente opção
partidária, ideológica, gênero, cor, raça e credo religioso.
Dizendo
melhor, a autoridade republicana não pode usar de um espaço oficial
como palanque, para se oferecer como candidata de uma determinada facção
à reeleição. Na verdade, Dilma está sem discurso e o seu governo é um
total desastre: inflação alta com os preços nas alturas, desempenho
pífio no setor produtivo e juros escorchantes aliados a uma carga
tributária obscena. Dia sim, outro também, surge um novo foco de
corrupção de políticos do seu próprio partido (PT) e de auxiliares
próximos.
O
deputado André Vargas, petista desde criancinha, atolado em bandalheiras
com um doleiro de péssima reputação, encontra-se em lugar desconhecido e
não sabido. Abandonou (ou foi abandonado) o PT, mas deixou um mau
cheiro horrível nos gabinetes que frequentou, inclusive nos de ministros
que posam de candidatos a governos estaduais.
Vargas
colocou sob suspeição as candidaturas do PT em São Paulo e no Paraná,
dois trunfos de Dilma para alavancar votos em redutos tucanos. Parece
que Alexandre Padilha não faz outra coisa do que se defender de matérias
publicadas em jornais e revistas, principalmente sobre a sua
aproximação com o doleiro Alberto Yussef. Vargas é uma bomba ambulante
que, se explodir, pode abalar a reputação de gente graúda.
Na
cúpula petista o desconforto é visível, pois toda ela sabe dos bons
serviços prestados por Vargas ao partido, que poderão vir à tona se o
deputado abrir o bico. Todo esse imbróglio é mortal para a candidatura
de Dilma. O caso Pasadena, envolvendo as falcatruas na Petrobras quando a
presidente ocupava o conselho da estatal, mostra-se a cada volta mais
indecoroso, e traz Dilma para o olho do furacão.
A
tendência é de que Dilma continue caindo nas pesquisas. O que é ruim.
Mas o pior de tudo está no fato de que Aécio Neves e Eduardo Campos
começam a agregar os votos dos descontentes com os desvarios da
administração petista.
A
base alugada, um consórcio de partidos fisiológicos e desprovidos de
interesse público, ameaçam abandonar o barco dilmista. No próprio
partido da presidente, o movimento “volta, Lula” encontra-se a pleno
vapor. Lula, o maior interessado nessa questão, se faz de desentendido,
mas em privado está adorando essa movimentação a seu favor.
O
espectro político é desfavorável à Dilma. Por isso o discurso
panfletário da presidente, nesta quarta-feira, Dia do Trabalho, em
horário nobre na tevê. A falta de compostura de uma autoridade
republicana foi flagrante e ficou demonstrado que Dilma está a procura
de um discurso. Aumentar em dez por cento o programa bolsa família e
mexer na tabela do IR não colam mais. Deu, Dilma.
(*)Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em Direito e articulista colaborador deste blog
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