segunda-feira, 19 de maio de 2014

Todos são corruptos?: Você fura fila? Aceita troco errado?



Brasilienses se dizem acostumados com essas e outras condutas.




Escândalos de corrupção ganham as páginas dos jornais com frequência. Chamam atenção principalmente quando envolvem políticos do alto escalão, que desviam verbas públicas para benefício próprio. Mas se engana quem pensa que esse problema   se restringe à política. Pelo contrário: é um mal que está no dia a dia da população. Pequenos atos, chamados algumas vezes   de “jeitinho brasileiro”, são nada menos que corrupção. ...
 
Quando se trata de tirar vantagem em situações do cotidiano,   não existe só um tipo de corrupção. Aceitar troco errado, bater ponto pelo colega de trabalho, fazer “gato” de TV a cabo  e vender voto   são ações corruptivas incentivadas por terceiros, que também devem ser combatidas. O alerta é da  Controladoria Geral da União (CGU), órgão do Poder Executivo que tem entre suas funções prevenir e combater a corrupção. Para sensibilizar a população, a CGU faz uma campanha na internet, chamando atenção para o problema presente no dia a dia das pessoas.
 
Ponto
 
O JBr. foi às ruas saber se os brasilienses admitem praticar esse tipo de ato. “Em empresas onde o ponto é eletrônico, é comum registrar  a entrada ou saída pelo colega. Sou bancária e já fiz isso várias vezes. Não precisa assinar e às vezes a pessoa vai se atrasar só 20 minutos, não vejo problema”, confessa a gerente de pessoa jurídica  Dhébora Santos, de 45 anos. 
 
 Assinar folhas de ponto ou chamada por terceiros, porém, pode acarretar implicações penais graves para quem “quebra o galho”. Se a pessoa que pediu o favor - e teoricamente está no local de trabalho ou na aula - comete um crime nesse intervalo de tempo, o colega corrompido  acaba de lhe fornecer um álibi e pode  responder como cúmplice  pela camaradagem.        
 
Existem   tipos de corrupção, que, de tão comuns, quase não são vistos mais por algumas pessoas como antiéticos. É o caso de furar fila. Embora admita  que a atitude é irritante, muita gente diz que não faz nada para impedir o “corrupto”. 
 
 “Isso se tornou uma coisa corriqueira, e pior, nós nos acostumamos com isso. Já fui vítima e vi acontecendo inúmeras vezes. Só não discuto porque nunca sabemos com quem estamos lidando, então evito confusão”, comenta o vendedor João Alberto, 30 anos. 
 
Dinheiro
 
Mas há quem presencie atitudes honestas com frequência. Maria Romão, de 45 anos, é encarregada de uma loja na Rodoviária do Plano Piloto. Segundo ela, a maioria das pessoas costuma ser sincera quando troco a mais é devolvido. 
 
“O fluxo de pessoas aqui é intenso, além de ser muito barulhento. Isso ajuda a confundir. Quando dou troco a mais, as pessoas normalmente devolvem. Mas se alguém diz que  está errado, corto logo. Sei quanto dei e quanto recebi, não dou margem para corrupção”, afirma. 
 
Definição e pena
 
Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, corrupção é  “ação ou efeito de corromper, de fazer degenerar; depravação. Ação de seduzir por dinheiro, presentes etc., levando alguém a afastar-se da retidão; suborno”. 
 
De acordo com o Artigo 333  do Código Penal Brasileiro, a corrupção ativa consiste em "oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício", cuja pena é de reclusão, de um a oito anos, e multa.
 
A corrupção passiva, por sua vez, está prevista no Artigo 317. “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi- la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem". Neste caso, a  pena prevista é de reclusão, de um a oito anos, e multa. 


Fonte: LUDMILA ROCHA - Jornal de Brasília - 19/05/2014 - - 08:45:23  BLOG do SOMBRA

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