Brasilienses se dizem acostumados com essas e outras condutas.
Escândalos de corrupção ganham as páginas dos jornais com frequência. Chamam atenção principalmente quando envolvem políticos do alto escalão, que desviam verbas públicas para benefício próprio. Mas se engana quem pensa que esse problema se restringe à política. Pelo contrário: é um mal que está no dia a dia da população. Pequenos atos, chamados algumas vezes de “jeitinho brasileiro”, são nada menos que corrupção. ...
Quando se trata de tirar vantagem em situações do cotidiano, não
existe só um tipo de corrupção. Aceitar troco errado, bater ponto pelo
colega de trabalho, fazer “gato” de TV a cabo e vender voto são ações
corruptivas incentivadas por terceiros, que também devem ser
combatidas. O alerta é da Controladoria Geral da União (CGU), órgão do
Poder Executivo que tem entre suas funções prevenir e combater a
corrupção. Para sensibilizar a população, a CGU faz uma campanha na
internet, chamando atenção para o problema presente no dia a dia das
pessoas.
Ponto
O JBr. foi às ruas saber se os brasilienses admitem praticar esse tipo
de ato. “Em empresas onde o ponto é eletrônico, é comum registrar a
entrada ou saída pelo colega. Sou bancária e já fiz isso várias vezes.
Não precisa assinar e às vezes a pessoa vai se atrasar só 20 minutos,
não vejo problema”, confessa a gerente de pessoa jurídica Dhébora
Santos, de 45 anos.
Assinar folhas de ponto ou chamada por terceiros, porém, pode
acarretar implicações penais graves para quem “quebra o galho”. Se a
pessoa que pediu o favor - e teoricamente está no local de trabalho ou
na aula - comete um crime nesse intervalo de tempo, o colega corrompido
acaba de lhe fornecer um álibi e pode responder como cúmplice pela
camaradagem.
Existem tipos de corrupção, que, de tão comuns, quase não são vistos
mais por algumas pessoas como antiéticos. É o caso de furar fila. Embora
admita que a atitude é irritante, muita gente diz que não faz nada
para impedir o “corrupto”.
“Isso se tornou uma coisa corriqueira, e pior, nós nos acostumamos com
isso. Já fui vítima e vi acontecendo inúmeras vezes. Só não discuto
porque nunca sabemos com quem estamos lidando, então evito confusão”,
comenta o vendedor João Alberto, 30 anos.
Dinheiro
Mas há quem presencie atitudes honestas com frequência. Maria Romão, de
45 anos, é encarregada de uma loja na Rodoviária do Plano Piloto.
Segundo ela, a maioria das pessoas costuma ser sincera quando troco a
mais é devolvido.
“O fluxo de pessoas aqui é intenso, além de ser muito barulhento. Isso
ajuda a confundir. Quando dou troco a mais, as pessoas normalmente
devolvem. Mas se alguém diz que está errado, corto logo. Sei quanto dei
e quanto recebi, não dou margem para corrupção”, afirma.
Definição e pena
Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, corrupção é “ação
ou efeito de corromper, de fazer degenerar; depravação. Ação de seduzir
por dinheiro, presentes etc., levando alguém a afastar-se da retidão;
suborno”.
De acordo com o Artigo 333 do Código Penal Brasileiro, a corrupção
ativa consiste em "oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício", cuja pena é de reclusão, de um a oito anos, e multa.
A corrupção passiva, por sua vez, está prevista no Artigo 317.
“Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi- la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem". Neste caso, a
pena prevista é de reclusão, de um a oito anos, e multa.
Fonte: LUDMILA ROCHA - Jornal de Brasília - 19/05/2014 - - 08:45:23 BLOG do SOMBRA
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