sábado, 14 de junho de 2014

A afetação pudica seletiva da esquerda com o xingamento à Dilma






A marca registrada da esquerda é sua hipocrisia, seu duplo padrão de julgamento moral, aprendido desde os ensinamentos de Lênin. Ela veste a máscara do conservadorismo apenas quando lhe interessa, resgata valores morais que costuma massacrar com seu relativismo somente quando é conveniente. 


Foi exatamente o que aconteceu em relação às vaias e aos xingamentos direcionados à Dilma na abertura da Copa.


Escrevi sobre isso aqui, com base no comentário de Kennedy Alencar na CBN hoje, e muitos sequer compreenderam que em momento algum eu aplaudi os xingamentos e o uso de palavras de baixo calão. Apenas argumentei que isso tudo era um reflexo do país que o próprio PT vem “construindo”, ou melhor, destruindo. E refutei algumas bobagens ditas pelo comentarista “moderado” e “imparcial”. Não entrei no mérito da questão.


Mas não deixa de ser irônico, e um tanto asqueroso também, ver a esquerda se fazendo de pudica, de chocada com a “agressividade” e a “falta de respeito” dessas “elites”, que não respeitam nem as crianças no estádio. Ó, céus! Essa gente não tem limite para tanta cara de pau? 


Flávio Morgenstern fez um pedido lógico a essa turma em sua página do Facebook:


[...] reclamem que vaiaram (eu vaiei do meu sofá), digam que não gostaram e façam o mingau de mimimi de sempre, estamos acostumados. Mas não digam que não pode, que tem uma norma oculta que diz que se manifestar contra a Rainha da Nação é prova de fascismo, que está nas leis, que é tradição da sociedade para proteger a família e a propriedade ou outras desculpas mais amarelas que o cartão que a Dilma tomou. 


A mesma esquerda que faz um ensurdecedor silêncio quando Joaquim Barbosa é xingado de tudo que é coisa, retratado como escravo açoitado em blog que usa o nome da presidente, e até ameaçado de morte; que enaltece bailes funks cuja espantosa baixaria ocorre diante da presença de adolescentes, como se não houvesse problema algum; que aplaude vândalos mascarados que não respeitam a ordem ou a polícia; que justifica os crimes de invasão do MST com base na “justiça social”; que jamais cobrou investigação maior sobre a morte de Celso Daniel; que vibra com as paradas gays que praticam crimes de atentado ao pudor só porque é coisa de “minorias”; etc.; 


essa esquerda vem agora simular uma indignação moral com um palavrão em um estádio de futebol?


Essa turma cobra dos demais um padrão de comportamento que ela mesma ignora, não segue, rejeita. Isso é falsidade, hipocrisia, autoritarismo. O canalha que é acusado de ser canalha não se importa, mas ele mesmo pode acusar o outro, honesto, de ser canalha no menor deslize ético, como se fosse o bastião da moralidade. Haja canalhice em tal comportamento!


Portanto, ilustres esquerdistas que demonstram uma afetação pudica seletiva agora: saibam que nós podemos condenar o excesso, a escolha dos termos, a falta de sensibilidade para com as crianças presentes no local. Não vocês! Vindo de vocês, os mesmos que nunca se importaram com os piores xingamentos direcionados a FHC, isso é tão verdadeiro quanto uma nota de três reais. Não cola! É como ver o Dirceu clamando por respeito às leis, ou o Lula ressaltando a importância da linguagem. Simplesmente não cola!


PS: Apenas para constar, sim, eu acharia melhor se tivessem usado um termo mais civilizado, que mandaria a mesma mensagem, o mesmo recado, de forma mais educada. Não é preciso baixar o nível, descer ao padrão petista de ser…


Rodrigo Constantino

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