REINALDO AZEVEDO
COLUNISTA DA FOLHA
A presidente Dilma passa a mão na cabeça de "Black Blocs" e de "Red
Blocs", que não respeitam nem a propriedade privada nem a propriedade
coletiva, e se abespinha porque os "Green and Yellow Blocs" resolvem
expressar a sua indignação?
Palavrão em estádio? É uma luta com
palavras, como outra qualquer.
Quanto tempo vai demorar para que governantes comecem a sonhar com
governados à altura de sua elegância? Os Cavalcantes só se incomodam com
os Cavalgados quando estes apelam ao palavrão. Já lhes ocorreu que
também há regras de decoro, além da lei, para o aplauso?
Quando plateias controladas saúdam a presidente em solenidades oficiais,
defendendo a sua reeleição --ou quando ela carrega candidatos a
tiracolo--, não se ouve nem muxoxo. Entre a ilegalidade de exaltação e a
esculhambação dentro das regras do jogo, escolho a segunda.
A primeira
se inscreve nos crimes impunes do poder. A outra é catarse. É preferível
mandar um poderoso tomar no monossílabo tônico em "u" a sair quebrando
tudo.
Dilma apelou a seu passado de torturada e disse já ter suportado coisas
piores. É um mau pensamento. Tenta transformar os que a hostilizaram em
cúmplices de seu sofrimento. Tudo errado! Trata-se apenas de pessoas que
não gostam do seu governo.
Feio e autoritário é apelar à Rede Nacional
para fazer proselitismo com a Copa. O Itaquerão só provou, presidente,
que a senhora governa os vivos, não os mortos. A democracia existe
também para quem não faz "mu".
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